Capítulo 05

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Jungkookie 🐰

Hey, você está aí? Já deve estar dormindo. Eu queria te contar... Nós conversamos, está tudo bem, vamos ficar juntos e felizes agora. Obrigado hyung! Boa noite!

∆∆∆

Era uma hora da manhã, eu estava acordado e sem qualquer mínima quantidade de sono. Já havia feito o caminho do meu quarto até a cozinha uma dezena de vezes e a cada hora aumentava a quantidade de louças sujas em cima da minha mesa de estudos.

Inquieto e sem saber o porquê, ou melhor, inquieto e tentando ignorar o motivo da minha inquietude.

Eu queria saber como Jungkook estava, queria saber como havia sido a conversa, queria saber se o namorado dele havia sido sincero. Eu apenas queria saber de algo, qualquer notícia, um sinal de fumaça, um sinalizador, um painel em neon, uma placa tão gigante quanto a rosquinha em Springfield, qualquer sinal de que algo estava acontecendo.

Há algo sobre mim que denuncia meu extremismo e minha impulsividade. Eu funciono de duas formas apenas, cem por cento  nem aí  ou cem por cento obcecado. Quando estou nem aí, as coisas não me afetam, eu simplesmente começo a agir como se fossem inexistentes e irrelevantes. Porém, quando estou obcecado elas tomam conta de mim, me sufocam e me deixam com picos violentos de ansiedade. Eu sequer tenho poder sobre isso para entender o momento em que estou hiper focado em algo a ponto de me tirar o sono. Quando percebo já é tarde demais, quando percebo já estou me afogando e fissurado por algo específico.


Eu estava obcecado, fissurado por Jungkook.

E ainda que não fosse algo doentio, havia a possibilidade de se tornar. Perceber isso fazia com que eu precisasse recuar, me conter e talvez mudar algumas poucas coisas.

Eu não tive muito afeto durante a minha insignificante vida. Meu avô e minha avó morreram quando eu ainda era um menino, tia Areum não vivia por perto e só apareceu após o acidente. Naturalmente, eu cresci sem afeto e este fato fazia com que eu me tornasse um pouco apreensivo, ansioso e animado demais quando alguém me tratava com carinho, quando alguém demonstrava se importar. Eu me apegava tão rápido quanto voltava à estaca zero, me apegava de maneira não saudável. A verdade é que eu sequer sabia lidar com isso, não sabia lidar com o amor, com o carinho, com a compreensão e o afeto. Eu aprendi a lidar com o desprezo, o amor me assustava e me tornava alguém inquieto e tóxico. E o momento em que tudo se tornava insuportável demais, era o momento em que eu fazia alguma merda e ia embora.

Antes mesmo de sair da sala de aula para esperar Jimin ao lado da porta, eu já havia decidido que ia frear meus sentimentos, minhas ações e qualquer vestígio de sentimentos além de um leve "gostar".
Essa era a solução, eu deveria não gostar muito de Jungkook, não me apegar muito a Jungkook, seríamos colegas e não íamos ultrapassar a linha para nos tornarmos melhores amigos, ou amigos próximos, era a única maneira de fazer com que nosso relacionamento não fizesse mal a ele.

ㅡ Tae-ssi! - Os cabelos alaranjados e bagunçados surgem em meu campo de visão e eu furtivamente balanço a cabeça para espantar meus devaneios.

ㅡ Jimin-ssi, podemos ir? - O sorriso dele aparece e eu sinto meu coração quentinho, como sempre. Eu simplesmente amo ver seu sorriso.

ㅡ Sim, aliás, vamos almoçar. O Yoon vai vir, tem algum problema? - Nego com a cabeça. ㅡ Então, vamos!

Nós saímos do colégio e encontramos Yoongi em um restaurante japonês não muito longe dali. Os dois se sentam de frente para mim e eu levo um tempo observando ambos conversando perdidos no próprio mundinho.

SINGULARIDADE - TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora