Capítulo 15

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Aviso de gatilhos no capítulo!!!!



O mundo é um lugar frio e perturbador, onde a solidão te esmaga todos os dias e você não pode fugir disso porque é assim que a vida sempre vai funcionar, era o que a minha mãe dizia. Ela não foi a melhor mãe, a verdade é que ela não chegou nem perto do que possa se chamar de uma boa mãe, mas ela me amava. 

Por algum motivo, eu sei que amava.

Depois de vovó, ela era a única pessoa que já chegou a me amar, a única pessoa que, de certa forma, fez com que eu me sentisse querido, apesar de o sentimento ser tão doloroso quanto seria se ela realmente me odiasse como dizia odiar . 

Vovó se foi há muito tempo e depois a mamãe também me deixou e depois disso não sobrou mais ninguém. 

Em alguns dias do ano, como se o restante já não fosse ruim o bastante, eu me sentia no fundo do poço, deixava de existir e apenas não sentia absolutamente nada. Apesar de a minha mente parecer uma corrida de fórmula um, me impedindo de dormir, comer e até mesmo tomar banho era um desafio porque o meu cérebro não permitia qualquer outro pensamento além de todo o passado, das minhas dores e todas as sombras das quais eu vinha fugindo desde que era um garotinho. 

Eu estou passando por estes dias. 

A última vez que pisei fora do quarto foi há seis semanas, quando cheguei da viagem e desmoronei tudo o que segurei por Jungkook enquanto estávamos juntos. Eu perdi toda e qualquer vontade de existir como Kim Taehyung ou qualquer outro ser humano, e o que sinto é que o meu corpo não passa de fragmentos do que eu fui enquanto acreditei que tudo ficaria bem. 

Olhar para Park Bogum me lembrou de algo que os olhos brilhantes de Jungkook me faziam esquecer, me lembrou do sentimento angustiante de entender que eu nunca fui melhor do que Bogum, eu nunca fui bom o bastante e toda a podridão que eu passei a enxergar em suas atitudes, existia em mim também, só que pior do que ele, eu fui hipócrita e escondi, pelo menos tentei, até ser exposto e ter tudo sobre a superfície novamente. 

Eu estou em um ciclo de desânimo, vontade de morrer e dor. E a pior parte disso tudo é que eu não sei como sair. Eu quero encontrar a saída e correr até Jungkook, mas eu sequer consigo sair do lugar. 

As paredes do meu quarto parecem se aproximar mais a cada dia e o ar parece ainda mais pesado, o teto de gesso branco parece girar cada vez que meus olhos estão sobre ele, momentos que acontecem durante a maior parte do dia, porque é tudo o que sinto vontade de fazer. 

As mensagens de Jungkook chegam o tempo inteiro, ele já até mesmo veio, mas eu não sinto vontade nem mesmo de vê-lo, sinto que vou desmoronar se olhar em seus olhos. 

Secretamente, com toda a minha sinceridade e agonia por simplesmente respirar, eu desejo não viver mais. 

[...] 

Como acontece diariamente, a porta do meu quarto é aberta logo pela manhã e eu cubro o rosto, me virando para o outro lado e ignorando a existência de Seojoon, que tem sido a pessoa que está cuidando para que eu não morra desidratado. 

ㅡ Tae? - A voz mansa de Seojoon soa pelo lugar, de forma que há alguns dias eu jamais imaginaria ouvir. ㅡ Hey! Acorda! - Suspiro. 

ㅡ Eu não vou hoje. - É ele quem suspira. 

ㅡ Tae, você não pode continuar faltando assim, os seus dias de atestado acabaram na segunda feira e já é quarta, por favor, vá se arrumar. - Me sento na cama, chorando, como acontece toda manhã ao sentir o pânico me invadir por imaginar olhar para todos, por me imaginar saindo desse quarto. 

SINGULARIDADE - TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora