POV AINÊ
Que raiva, que raiva, que raiva! Eu gritava por dentro. Já tinha rodado aquele estacionamento de fora a fora achando que eu pudesse ser a lesada da história, mas não, Philippe realmente não estava lá.
E aquele papo de "me espere, nada de metrô"? O fato maravilhoso que serviu para fechar o pacote completo de descasos do dia, foi meu celular descarregado, não conseguia ligar para Thais, ou para a casa deles, tinha apenas que esperar um sinal divino, que lógico, quando se trata de Ainê Maria, ele não chega.Já estava tudo escuro, afinal o Sol se põe aqui na Califórnia antes mesmo das 18:00, preferi ficar aguardando em frente a Universidade, mas quando deu 18:45 acabei desistindo, estava começando a esfriar, tudo escuro, além do medo de ser assaltada, vai saber.
Andei algumas quadras que reconheci por passar pela frente outras vezes, até que encontrei uma moça muito educada, que também me reconheceu.
Ainê: Olá, com licença - falei meio atrapalhada - vocês podem me informar onde fica o metrô?
Xxx: Oi, fica a uns 10 minutos daqui - falou de costas.
Ainê: é que eu não sou daqui, então fico meio perdida - respondi, afinal aquela informação parecia ter sido dita em grego.
Ela se virou e fez uma leve expressão de surpresa.
Xxx: você é a intercambista que está na casa dos Coutinho's, certo? - não acredito que ela me reconheceu. Dei um sorriso meio murcho e afirmei com a cabeça - Thais fala muito de você! Mas por que o metrô? Achei que era o Philippe quem lhe buscava.
Ainê: eu também - não disse mais alto que um sussurro - creio que houveram alguns imprevistos, já estou esperando a um tempo e ele não aparece, preciso realmente ir para casa.
Xxx: tudo bem, vamos, eu te levo até o metrô.
Ela foi super gentil, fomos conversando pelo caminho até chegarmos na estação, onde fui instruída a descer três estações depois daquela.
Ainê: muito obrigada mesmo... - dei uma pausa, não acredito que havia esquecido de perguntar seu nome.
Xxx: Natália - ela sorriu.
Ainê: muito obrigada mesmo, Natália! Não sei o que seria de mim se você não tivesse me ajudado.
Natália: está tudo bem, agora quando Philippe lhe deixar na mão, já sabe o caminho - piscou - foi um prazer de te conhecer, qualquer hora marcamos com a Thais para nós três sairmos!
Ainê: fechado - sorri - até qualquer hora.
Nos despedimos e eu entrei no metrô, chegamos na primeira estação, uma boa quantia de pessoas subiu enquanto uma quantia parecida havia descido. Eu só não contava que junto dessas pessoas que subiram, estavam os famosos amigos de Philippe. Sim, Max, Kaio e Juan.
Kaio: mas olha só se não é a morena baixinha metida a durona - chegou perto enquanto eu fingia não ouvir.
Como seria ótimo ter uma bateria portátil nessas horas.
Kaio: quer dizer que além de metida é mal educada? - disse se sentando ao meu lado - geralmente não gostamos de pessoas mal educadas - disse mais baixo, quase colando sua boca em minha orelha.
O olhei, sem falar nada, seus olhos meio avermelhados entregavam que ele não estava em seu melhor momento, mas não chegava a estar caindo por aí, só meio alterado.
Os outros meninos sentaram-se ao lado dele, a todo momento falando coisas sem sentido.Kaio: falamos durante a tarde para Philippe que ele deveria levar você para conversar com a gente, antes de sair querendo entregar Deus e o mundo para a polícia - disse a última frase mais baixo.
Ainê: então o Philippe estava com vocês? - disse como em um sussurro, que na verdade não queria nem que passasse de um só pensamento.
Max: é o que parece, não é mocinha? - fiquei quieta - sabe, lá no Brasil você ameaçava todo mundo que via pela frente também? Pelo que sei, a situação de lá é muito pior que a daqui - riu, cutucando um outro rapaz que estava com eles, o qual parecia mais são.
Não respondi, meu corpo não respondia, eu poderia me levantar e me sentar perto de alguém, mas eu não conseguia.
Max: você precisa aprender como a banda toca por aqui, garota! Não é uma menina mimada do caralho que vai... - foi interrompido pelo terceiro garoto, Juan, que lhe cutucou sugerindo não prolongar o assunto - está de caô, Juan? Vai defender a brasileira que esses tempos estava ameaçando a gente?
Juan ficou quieto, apenas me olhou, parecendo entender o que eu estava sentindo. Por uma fração de segundos ele conseguiu me passar segurança, mesmo sendo do grupinhos dos "drogados".
Max: você não tem noção de onde se meteu, não é? Fica esperta, não é qualquer um, ou uma nesse caso - ele riu sozinho - que vai ficar de chantagem com a gente. Você é uma só. - se aproximou e disse, num sussurro - o recado está dado, não pense que terá o Philippe sempre para te esconder embaixo das asas dele.
Meu corpo gritava silenciosamente por socorro. Que merda!
Os meninos continuaram ali, Kaio e Max falavam e riam de nada, Juan estava quieto, me olhava de relance, não tinha seus olhos avermelhados.
Chegar na estação que eu precisava nunca pareceu tão impossível. Aqueles minutos se tornaram horas. Eu me sentia suja pelo simples fato de estar ao lado daqueles homens.
Quando ameacei levantar, Kaio me impediu.Kaio: pensa que vai aonde, garota? - disse com a mão sobre minhas pernas.
Senti meus olhos marejarem. Deus, cadê você para me ajudar agora?
Kaio: vamos com a gente conhecer uns lugares bons, para você ir aprendendo a se virar por aqui - piscou e ouvi a risada pesada de Max.
Juan: por que não deixam a garota em paz? - ele falou, pela primeira vez naquele minutos.
Max: vai ficar de palhaçada também, Juan? Sabe que meu acerto de contas é diferente - alterou levemente o tom de voz.
Queria entender, como eles mesmo estando bêbados, drogados ou o que for, não alteram o tom de voz o suficiente para as pessoas notarem?
O metrô parou, as portas se abriram, e em uma rapidez e agilidade enorme, Juan se levantou, pegou meu braço e saiu me puxando em meio a multidão.
Quando olhei para trás, os meninos estavam nos olhando da janela, com feições indecifráveis.Eu desabei. Nunca passei por nada parecido, nem um pouco. Ser praticamente ameaçada por homens fora de si, loucos. E agora eu estou aqui, na escadaria da estação, chorando, enquanto Juan está em pé, na minha frente.
POV PHILIPPE
Eu ainda estava em pânico, andando de um lado para o outro enquanto Thais não voltava da estação. Me sentei perto da entrada e fiquei esperando, nunca tive tanta vontade de ver Ainê na vida, bem.
Pensar nela sozinha, sabendo o que eu havia dito logo cedo para ela.
Avisto Thais saindo da estação com Natália, sua amiga.Thais: ela já embarcou - falou quase sem ar por ter vindo correndo - vai descer na estação perto de casa, vamos esperá-la em casa.
Não me senti menos aliviado por aquilo, e se ela se perdesse e acabasse descendo na estação errada?
Deixamos Natália novamente em casa e fomos para nossa, minhas mãos tremiam, eu suava.
Cerca de 20 minutos depois, eu e Thais estávamos no portão de casa, avistei de longe Ainê chegando... junto de Juan.
Meu sangue ferveu, saí correndo logo empurrando Juan, apenas ouvindo Ainê e Thais gritarem.
<Foto da Natália na capa do capítulo>
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Aceito críticas construtivas, se puderem me ajudar divulgando eu ficarei muito grata! Espero que gostem e soltem a imaginação enquanto lêem 💗
Deixe sua estrelinha ⭐IC: "O Intercâmbio"
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A Estranha Perfeita - Philnê
Любовные романыDe um lado, uma jovem garota sonhadora, moradora do Rio de Janeiro, que finalmente realiza seu intercâmbio, partindo diretamente para a casa de pessoas completamente desconhecidas. De outro lado, um homem frio, que anda com pessoas erradas, apenas...