Twenty one

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Seus cabelos negros cobriam parcialmente seu rosto, ela estava sentada em sua cama, com os braços "abraçando" os joelhos e sua cabeça para baixo.
Logo levantou a cabeça para me ver entrar, seu rosto estava absurdamente vermelho, seus olhos, bochechas, nariz, tudo!
Lágrimas escorriam involuntariamente enquanto ela tentava secá-las.
Seu estado entregava o quanto ela teve o emocional abalado hoje.

Philippe: por favor - disse quase sussurrando - me deixa entender o que aconteceu contigo hoje.

Ainê: eu preciso ficar um pouco sozinha, Philippe. Por favor - dessa vez ela quase suplicou.

Saí de seu quarto e fui até a quadrado tênis, onde tivemos maior contato pela primeira vez. Um tempo depois vi uma movimentação próximo a piscina, fui até lá encontrando ela.
Ainê.

Philippe: será que podemos conversar agora? - perguntei sentando ao seu lado.

Ela só chacoalhou a cabeça, afirmando.

Philippe: preciso que me conte tudo o que aconteceu hoje, sem omissões.

Ainê: fiquei te esperando em frente a Universidade, já estava lá a mais de uma hora e meia e você não aparecia - engoli seco, eu a deixei sozinha lá - decidi ir andando até encontrar alguém que me informasse sobre o metrô.

Ela ia me explicando passo a passo, quase como um gps, por quais ruas passou, de onde ela lembrava.

Ainê: levei sorte em encontrar Natália na lanchonete, ela que me levou até a estação, me ensinou onde descer e disse que mandaria mensagem para Thais assim que chegasse na lanchonete, para que ela me esperasse lá por perto - suspirou - eu segui certinho, até que na primeira parada seus amigos entraram no metrô.

Senti meu coração se apertar com suas palavras.

Ainê: não achei que eles me reconheceriam, mas acabaram me identificando. Kaio e Max sentaram ao meu lado, falaram coisas para mim, e ainda chamaram atenção de Juan quando ele foi tentar me defender - a essas alturas eu já me segurava para não levantar dali e ir atrás dos meninos.

Ainê: paramos pela segunda vez, eles não desceram...

Philippe: por que você não tentou pedir ajuda? - falei devagar.

Ainê: eu não conseguia, não falava nada, não me mexia. Estava em pânico. Perto da terceira parada tentei me levantar para descer, mas eles me seguraram, disseram que eu deveria conhecer alguns lugares - cerrei meus punhos.

Ainê: foi em um momento de distração que Juan conseguiu me pegar pelo braço e praticamente me arrancou do metrô, já nos levando em meio a multidão. Kaio e Max seguiram viagem. Aí chegamos aqui e deu em toda a confusão.

Philippe: me desculpe por hoje, por ter te deixado esperando, por ter batido em Juan na sua frente, por tudo... - fui interrompido.

Ainê: você deve se desculpar com Juan, você não deu ao menos um tempo para que ele se explicasse. Juan merece suas desculpas. Juan não merece que eu ou Thais nos desculpemos por você.

Ainê terminou de falar, suspirou me olhando nos olhos e se levantou.

Ainê: a - voltou a falar antes de entrar em casa - não faça nenhuma besteira, agora tudo já passou, não quero ver você brigando com alguém novamente - finalizou adentrando pela cozinha.

Eu não posso deixar isso assim, como se nada tivesse acontecido. Preciso fazer algo, por Ainê e por Juan.

Esperei que todos fossem dormir e então saí com meu carro, indo até a boate onde sempre me encontro com os meninos.

Kaio: olha lá, ele veio - falou para outros homens que estavam em sua volta - achei que a garotinha não te deixaria vir para cá.

Ele ria. Sozinho. Irônico.

Philippe: estou aqui justamente pela garotinha - sorri sarcástico - preciso bater um papo contigo, vamos lá para fora, mais calmo.

Kaio concordou e me seguiu até os fundos do local.

Philippe: o que foi que eu disse sobre não mexer com Ainê? - me alterei - você não sabe a merda que fez hoje, seu canalha!

Kaio: só dei um sustinho na princesa, porra, não da para deixar barato né amigão.

Philippe: realmente, nada se deixa barato - finalizei partindo para cima dele.

Trocamos alguns socos e chutes, o fato de eu estar sóbrio e ele não culminou para que eu tivesse mais vantagem do que ele.

Kaio: você me paga, Coutinho - falou enquanto limpava seu rosto, ainda deitado no chão.

Philippe: não pense em tocar mais um dedo na Ainê, ou o papo vai ser diferente - virei para sair dali, trombando com Max.

Max: isso foi uma ameaça, Coutinho? - me empurrou - que merda você fez com Kaio?

Philippe: a mesma que farei com você.

Sim. Mas uma vez naquela noite eu briguei com alguém. Dessa vez foi mais difícil, Max estava mais sóbrio, e por ser maior que eu acabou tendo suas vantagens, mas no fim deixei tanto Kaio quanto Max caídos no chão, cheios de sangue. Entrei no carro e voltei para casa, a fim de limpar todos os machucados que eu havia conseguido naquela noite.

POV AINÊ
Acordei assustada. Desde que deitei pra dormir dou apenas cochilos curtos e acordo com medo. Me sinto observada e insegura.
Escutei o barulho da porta de entrada e me encolhi na cama, rezando para que fosse alguém da própria casa.
Até que escutei o molho de chaves ser colocado em cima de algo, reconheci aquele barulho pelas incontáveis vezes que Philippe chegou bêbado largando as chaves em cima do balcão da sala.

Desci e o encontrei mancando, com pequenos cortes no rosto e um roxo no ombro.

Ainê: o que fizeram com você? - questionei descendo as escadas.

Philippe: fale baixo, por favor - fez sinal de silêncio - só fui resolver algumas coisas.

Ainê: o que eu te falei sobre não fazer nada? Pelo amor de Deus, Philippe! E se fizessem algo com você?

Ele não respondeu. Como sempre. Foi andando em direção a cozinha, atrás de remédios.
Lembrei de onde havia guardado a caixa de primeiros socorros que usei com Juan mais cedo, pedi para Philippe se sentar e fui "cuidando" dele.

Philippe: ai - disse pela sei lá qual vez enquanto eu limpava sua testa.

Ainê: se eu não o fizer, piora - garanti.

Philippe: obrigado por estar me ajudando, mesmo depois de tudo... - segurou uma de minhas mãos.

Ainê: é o mínimo que faço - sorri - agora me deixe terminar.

Finalizei os curativos e guardei tudo novamente dentro do armário, quando me virei Philippe estava em pé, me encarando.

Ainê: o que foi? - questionei tentando passar por ele.

Philippe não respondeu nada, não colocou feição nenhuma em seu rosto, apenas segurou meu maxilar e foi se aproximando, lentamente, de forma que eu sentia o calor de seus lábios chegando junto ao meu, ao mesmo tempo em que um de seus braços descia até minha cintura, agarrando-a.

Por Deus, o que é isso?

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IC: "O Intercâmbio"
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A Estranha Perfeita - PhilnêOnde histórias criam vida. Descubra agora