Thirty

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Philippe: se alguém mais souber eu te mato, Thais! - falei sentindo o olhar pesado de Ainê sobre mim.

Thais: meio impossível alguém não saber, até porque vocês dois somem do nada ou se não ficam fazendo perguntas super interessados um no outro quando não estão juntos - suspirou.

Ainê se mantinha quieta.

Thais: fiquei tranquilos quanto a isso, assim como nossa avó, também faço gosto do namoro de vocês - sorriu.

Ainê: a gente não namora - finalmente falou, interrompendo Thais.

Thais: estão juntos, independente de qualquer coisa. Já conversei com Philippe sobre isso, se é o que vocês querem, por mim está beleza - sorriu - tenho certeza que meus pais aceitarão na maior tranquilidade vocês dois juntos.

Ainê: eles não vão e nem devem aceitar nada - suspirou, nervosa - eles não têm absolutamente nada para aceitar!

Philippe: Ainê - chamei sua atenção - calma!

Ainê: estou bem, preciso ir ao banheiro - disse já se distanciando de nós.

Thais me olhou como se não entendesse o mini surto de Ainê, só que ela não sabe de todo o rolo envolvendo as benditas regrinhas do intercâmbio que com certeza todos os alunos quebram.

Esmeraldina: está tudo bem com Ainê? Encontramos ela no caminho meio aflita.

Philippe: é... sim, está tudo bem - falei.

Thais: dias de menina, mãe - piscou - agora vão indo, vou ver se Ainê precisa... bem, de alguma ajuda.

E foi, enquanto eu e meus pais entrávamos dentro daquela estrutura enorme.
Thais não tinha uma desculpa melhor para inventar não?

POV AINÊ
Sim, pois é, o temível aconteceu. Uma pessoa da família sabe das escapadas com o Philippe.

Não, não precisa dizer "eu avisei", eu tenho a noção da merda toda que vai acontecer quando todos descobrirem.
Não que eu e Philippe estejamos cometendo e pelo menos seis dos sete pecados capitais, mas já é alguma coisa.

Thais: está tudo bem? - identifiquei aquela conhecida voz adentrar o banheiro.

Não respondi.

Thais: sei que está aí, Ainê.

Ainê: ela não está - falei em vão.

Thais: deixa de bobeira, garota - riu - está tudo bem aí dentro dessa cabine?

Ainê: sim?

Thais: então sai para nós conversamos.

Com relutância saí de dentro de minha cabine, encontrando Thais quase finalizando sua bebida.

Ela realmente falou sério ao dizer que estava morrendo de sede.

Thais: por que se chatear tanto com esse rolo todo? - questionou quando já havíamos saído do banheiro.

Ainê: porque eu me importo, não só comigo, mas com as pessoas e a situação que ficaria se tudo fosse exposto.

Thais: exatamente tudo o que? - facilita para mim, Thaisinha!

Ainê: eu e seu irmão darmos alguns pegas - joguei na roda.

Thais: olha só, eu já sabia disso. Desde quando minha mãe chegou avisando que iríamos ficar com você, já imaginei que poderia rolar algo entre ti e meu irmão, e para falar a verdade eu estou adorando.

Ela falava calma. Ela estava calma. A tranquilidade dela estava me dando nervos.

Thais: você está conseguindo parcialmente consertá-lo, coisa que eu, como irmã, nunca consegui fazer.

Ainê: Tha, não tem absolutamente nada para contar, eu e seu irmão não...

Thais: não é o que seu olhar diz - me interrompeu - eu só não quero que você sofra com tudo isso. Conheço meu irmão, conheço você, suas formas de ver e viver relacionamentos são completamente distintas, mas torço para que dê certo, e quando precisar de conselhos, já sabe quem chamar - piscou, convencida.

Ainê: o que você vê em meus olhos, hum... exatamente?

Thais: uma menina que sonha em ser amada da mesma forma que está amando alguém todo errado - sorriu - vejo a forma como olha para Philippe e vice-versa, vocês falam que não há nada mas a boca de vocês dizia outra coisa minutos atrás.

Ainê: tenho medo de me apaixonar, saber que daqui seis meses terei que deixá-lo, sem saber quando irei vê-lo novamente, medo de que isso afete minha viagem de alguma forma negativa. No geral, medo de arriscar e me machucar depois - fui sincera.

Thais: sabemos que isso é complicado, mas não acha que se ficar evitando tudo isso pode se arrepender do futuro? Arrepender de não ter aproveitado, se jogado o suficiente? Aí sim você ficaria muito mais machucada - pausou - faz o que você acha que tem que ser feito, só se vive uma vez, aproveita gata!

As suas palavras martelavam minha mente. Encontramos o restante da família já contemplando alguns peixes, e nitidamente o clima ali mudou. Philippe e eu evitávamos olhares, Thais parecia nos vigiar a cada passo.

Aquilo sim era um ambiente constrangedor.

Esmeraldina: o que acham de irmos indo para casa - perguntou ao entardecer - estou morrendo de cansaço.

Thais: nem me fala mãe, preciso trocar essa roupa - se sentou em um banquinho que tinha em uma das saídas.

Esmeraldina: então vamos - pausou - Ainê, querida, está tudo bem? Você ficou calada de repente.

Olhei para Thais que deu um jeito de mexer em seu celular para disfarçar. Está me ajudando uma ova.

Ainê: está tudo bem sim, dona Dina, só saudades da minha mãe - forcei um sorriso.

Esmeraldina: a sim, entendo você... vamos para casa então, chegando lá você liga para ela, tudo bem? - sorriu pegando minha mão.

Ainê: claro.

O caminho pareceu ser uma eternidade, ainda mais estando ao meio de Thais e Philippe nos bancos traseiros.

Qual é, universo? Não cansa de brincar comigo não?

O clima na estrada estava gostoso, como o parque ficava um pouco mais retirado do centro, acabamos demorando para voltar. Eu estava satisfeita em como havia ocorrido o dia, sei que eles fizeram o possível para me distrair e me fazer aproveitar aquele aniversário, mesmo não curtindo festanças e estando longe da família.

Chegamos no condomínio e avistei um movimento estranho de carros, mas pensei que pudesse ser em algum local da vizinhança, já que em frente a casa dos Coutinho's não havia carro nenhum.

Saímos do carro, Esmeraldina e Zé entraram dentro de casa enquanto eu, Philippe e Thais os seguíamos atrás, respectivamente nessa ordem.

Estava tão aérea que me assustei quando um couro gritou "surpresa".

Com o susto acabei voltando um pouco para trás, trombando com Philippe. Só aí observei que algumas pessoas da família - que estavam na festa de Thais - estavam aqui também.

Sorri indo ao encontro de todos, adentrando a casa, vendo toda a decoração.

Eles fizeram uma festa para mim!

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IC: "O Intercâmbio"
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A Estranha Perfeita - PhilnêOnde histórias criam vida. Descubra agora