Twelve

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Sim.. ele vai para uma festa!

Ainda anestesiada com toda a situação, permaneci sentada na cama, enquanto meus neurônios quase se explodiam, eu sentia raiva por me deixar levar tão fácil, ódio por saber que não passaria de um beijo, ranço de mim mesma por já saber que seria útil apenas naquele momentos, mas no fundo, bem no fundo, quase chegando no núcleo da Terra, eu não me arrependi. Fiz o que deu na telha, se isso terá consequências? Só o futuro dirá! Vim até aqui para aprender e ter uma certa liberdade.. talvez eu tenha começado tudo pelo avesso, mas comecei.
Alguns minutos depois ele passou pelo meu quarto, apesar de senti-lo olhando para mim, não me virei.. Eu me frustrei por ser um brinquedinho pré festa.
Então ele saiu, pela janela eu pude acompanhar o carro se distanciando, fiquei alguns minutos debruçada na sacada, até que o barulho estridente do meu celular me tirou daquele mundo da lua.

- amigaaaaaa! - Bruna e Larissa gritaram em coro

Larissa: meu Deus que saudade de você

Bruna: como está aí meu bem?

- Eu quem diga, não vejo a hora de reencontrá-las novamente, mas enfim, tá tudo indo bem.. por enquanto

Bruna: conheço essa carinha aí

- Que carinha? - desconversei - como estão as coisas no Brasil?

Larissa: estão bem, mas sem você não tem mais a mesma graça

Bruna: obrigada pela indiretinha, Larissa.

Que saudade de ver essas duas loqueando e me deixando louca!

Bruna: mas realmente não tem a mesma graça, você era a doida do bonde que animava todo mundo

- Loucas são vocês - respondi e nós caímos na risada.

Passamos um longo tempo conversando, Bruna está começando um rolo com um garoto, e Larissa, bom, a Larissa está saudável..
Conversamos por cerca de duas horas, foi como um alívio para mim. Contei sobre tudo, menos o que acabara de acontecer, elas ficariam histéricas com o fato de eu ter beijado o Philippe.

Era por volta das 2:20 da manhã, eu não tinha sono, estava preocupada com absolutamente nada, e então ele chegou, é.. talvez eu estivesse preocupada com ele. Dessa vez Philippe voltou cedo, comparado à antes, quando voltava perto das 4 ou 5 horas da manhã.
Eu não ia ajudá-lo, eu ainda estava brava, por mais que eu soubesse que aquele beijo poderia ser só mais um para ele, eu pensei que pudesse significar pelo menos alguma coisa.
Estava com dó de Esmeraldina e Thaís, pude ouvir ambas conversando no corredor e em seguida descendo as escadas. Elas não tinham culpa do filho e nem do irmão que tinham. Em pouco tempo pude conhecer os modos da família, e fico sem entender como Philippe se perdeu tanto deles..
Levantei-me, fui até elas e, sem proferir palavra alguma, as ajudei a colocá-lo em sua cama. Esmeraldina pediu para que eu pegasse um copo de água enquanto a mesma buscava o remédio.. sério, o estado de Coutinho era deprimente. Sua camisa estava abotoada toda errada, suas roupas já não tinham o cheiro daquele perfume que passou pelas minhas narinas mais cedo, ele cheirava à álcool, seus cabelos estavam bagunçados, e o pouco tempo em que vi seus olhos abertos, estavam totalmente avermelhados.
Meio dormindo, Philippe tomou o remédio e então saímos do quarto, sem dar uma palavra, e nos acomodamos em nossos quartos.

POV PHILIPPE

Não me lembro exatamente o que houve na festa, e minha cabeça dói ao tentar lembrar. Acordei com a luz do Sol adentrando meu quarto, peguei meu celular que marcava exatas 13:48 da tarde, mais um dia o qual eu levantava sem memórias da noite anterior, com uma dor de cabeça que me impossibilitava de olhar para cima, um enjôo horrível e um gosto amargo na boca.
Com muito sacrifício tomei um banho rápido, coloquei uma roupa fresca, penteei os cabelos e fui pegar meu desodorante. Sob ele havia um papel, um papel que não estava ali antes..

"É, essa madrugada foi tensa, prometi à mim mesma que não iria ajudá-lo, qual é, acredito que você já tem idade suficiente para saber se virar, para aproveitar com moderação e não correr o risco de capotar o carro ao dormir no volante. Seus pais e sua irmã não merecem isso, estou aqui a tão pouco tempo, mas é um tempo suficiente para saber que Dona Esmeraldina não lhe educou assim, sei que ela é uma mãe ótima, que com certeza não quer que o filho se perca.. porém, creio que você já está se perdendo, se perdendo cada vez mais. Você já deixou muito mais que claro que eu não devo me meter em sua vida, e de fato, eu não mando em você, não me responsabilizo pelos seus atos, não escolho o que você deve ou não fazer, onde você deve frequentar e muito menos como deve viver sua vida, eu só peço, encarecidamente, pensa na tua família, no tanto de noites que sua mãe não dorme, preocupada se o filho vai voltar sem saber o próprio nome ou pior, sem saber se o filho vai realmente voltar. Pensa na Thaís, a irmã que tanto te ajuda e sua retribuição é com mais e mais preocupações.. Talvez você não saiba, mas você sempre foi um exemplo para Tha, um irmão protetor, que ria, brincava, e que agora mal olha na cara. Possivelmente você não lembra, mas ontem você chegou sem aguentar com o peso das chaves nas mãos, e eu me pergunto: não pensa no risco que outras pessoas correm pela sua condição? Se Deus o livre você perde o controle do carro devido ao álcool, atropela alguém, bate em outro carro, já pensou nessas pessoas? Já pensou que elas vão pagar mesmo sendo inocentes? Eu sei, se livrar de vícios como álcool e drogas não é fácil, eu venho de um lugar onde muitas pessoas lutam diariamente com isso, mas eu estou disposta a te ajudar.. não é preciso contar para ninguém de suas terapias, mas se você não tentar, vai só piorar, você vai se afundar cada vez mais, e em certo ponto, não terá mais a opção de voltar atrás. Se cuide enquanto há tempo, por favor! Ah, e outra coisa, não joga essa carta, deu trabalho pegar uma caneta de Thaís sem que ela percebesse".

Bom, foi assim que eu decidi procurá-la, não exatamente para pedir ajuda.
Passei em seu quarto e não havia ninguém, sua cama estava arrumada, as almofadas milimetricamente alinhadas e sem nenhuma roupa jogada no chão. Como ela consegue?
Passei no quarto e Thaís e também não obtive sucesso.
Desci na esperança de encontrá-las no andar de baixo..

Carlos: finalmente acordou - meu pai falou ao me ver chegando na sala.

Esmeraldina: como está, meu filho? - minha mãe perguntou, complementando.

- Normal, como nos outros dias..

Eu não podia deixar na cara que queria falar com Ainê, então preferi ir procurá-la pela casa. Passei pela piscina, quadra de tênis, basquete, academia, jardim.. revirei o local sem sucesso algum.

- Sabe de Thaís e Ainê? - questionei voltando para a sala.

Esmeraldina: foram ver alguns cursos que Ainê estava interessada, saíram a pouco tempo, coisa de 20 minutos.

- Valeu

Esmeraldina: não vai comer?

- Estou sem fome.

Estou apenas procurando Ainê - respondi mentalmente.

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IC: "O Intercâmbio"
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A Estranha Perfeita - PhilnêOnde histórias criam vida. Descubra agora