Twenty nine

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Tecnicamente não estávamos a vista da família, eles haviam ido mais à frente comprar ingressos para podermos entrar no aquário, enquanto eu e Ainê ainda estávamos na sessão de estátuas ao ar livre.

Fui conduzindo-a até mais perto de uma árvore, saindo do caminho de quem estava passando por ali. Posso fazer inúmeras coisas mais "nojentas" com alguém, mas algo que eu não curto muito é beijar em meio a muitas pessoas, sendo festas uma gigante exceção a regra.

Nosso beijo, como sempre, era calmo. Suas mãos faziam um leve carinho em minha nuca, enquanto as minhas acariciavam suas costas, definiria aquele beijo como "o beijo da saudade", fico impressionado com tamanha necessidade que sinto em beijá-lá, ainda mais quando estamos afastados a um tempo relativamente grande. Aparentemente estou bem, cem por cento, mas quando minha boca encontra a sua, parece que algo que estava incompleto acaba de ficar por inteiro, a forma como seu corpo pequeno se encaixa no meu, seu toque, nosso movimento.
Por Deus, quando foi que eu virei esse homem que está emocionado com um simples beijo, quando?

Eu sei que estou errado em todo o lance com a minha família, e ignorar a Ainê foi pura birra, até porque a mesma não fez nada para me atingir negativamente ou me criticou. Assim como também tenho consciência que piso muito na bola, sei que a deixo na mão muitas vezes, mas eu não quero prometer algo a ela que sei que não irei cumprir.
Não quero chegar falando que desejo ir mais afundo conosco quando, na primeira oportunidade, eu me jogo de cabeça em um festa cheia de mulheres.
Ainê não é alguém que eu quero como um pit stop, não é isso que ela merece ser, mas parece que é só isso que eu sei fazer com ela.

Ficamos naquele encaixe perfeito até que o ar nos faltasse, forçando-nos a interromper o beijo com alguns selinhos demorados

Ainê: não podemos ficar dando bandeira assim, Philippe! - a abracei, tentando passar calma a ela perante a situação - é sério - nos separamos.

Philippe: por Deus, Ainê, não tem ninguém perto - afirmei olhando ao nosso redor para confirmar - e ninguém pode fazer nada também.

Ainê: aaa, mas é claro que podem - falou como se fosse óbvio - você não estudou as regras básicas de intercâmbio, meu querido.

Philippe: então me ensine.

Ainê: aqui não, vim para me divertir e não lhe ensinar, mas uma delas é fácil: "não duvide, provoque ou faça algo para quem lhe conceder moradia, a pessoa facilmente pode te enxotar de casa e você ficará sem lar e sustento pelo restante do período de intercâmbio".

Philippe: muita burocracia - ri.

Ainê: o que acha de irmos encontrar o pessoal e evitar mais burocracia? - me imitou em sua forma de falar - porque se os seus pais nos virem aqui, podem seguir a regrinha básica do intercâmbio, e aí já era.

Philippe: e se eu negar e querer ficar aqui, com você, criando burocracias? - sorri, sugestivo.

Ainê: você me desculpe, mas ficará aqui, sozinho - piscou - vamos de uma vez - começou a andar mais à frente.

Durante o mini trajeto até o aquário fui observando ao redor, Ainê está conseguindo me deixar paranóico com essa coisa da família por perto e tudo mais. Por sorte não vi nada de suspeito, mas não nego que encontrei no caminho algumas muitas pessoas que já conheci e fiquei em festas.

Chegamos na fila do aquário já encontrando Thais com seu ingresso. Parecia impaciente.

Thais: se perderam no meio do parque, foi? - perguntou apertando os olhos.

Ainê: onde estão Esmeraldina e Zé? - questionou claramente tentando fugir do assunto.

Thais: foram buscar refrigerante para nós, estou morrendo de sede mas fiquei aqui para guardar a fila - suspirou - mas e aí meu casal, quando vão assumir isso, tipo real oficial?

Fuzilei-a com o olhar, eu não havia contado para Ainê que Thais tinha nos visto dormir juntos, da mesma forma que nunca assumi para Thais que eu e Ainê tivéssemos algo!
A não ser que... bom, Ainê não contaria todo o nosso rolo para Thais, ela mesma evita todo o transtorno de alguém descobrir.

Ainê: está doida, garota? - falou a medida que suas bochechas iam avermelhando - não tem nada para assumir não!

Thais: primeiramente que eu nem citei o que vocês deveriam assumir ou não - sorriu - dizem que mentiras se revelam com grandes explicações - sugeriu.

Philippe: nós entendemos perfeitamente o que você quis dizer, Thais querida, agora pode parar de cansar nossa beleza? - falei olhando em seus olhos, implorando mentalmente para que ela saísse daquele assunto.

Thais: olhem bem para a minha cara, minha identidade está nessa bolsa aqui e com ela eu provo que não nasci ontem, meus amados, que beijão foi aquele no centro de exposições? - jogou na roda, sem papas na língua.

Ainê e eu nos olhamos, nitidamente com uma cara de: ok, nossa casa acabou de cair, desmoronar, desbarrancar e provavelmente vai até incendiar.

Philippe: já tomou seu remedinho hoje, Thais? Achei que só pessoas mais velhas viam ou imaginavam coisas - disse passando a mão por trás da cabeça.

Thais: eu juro que não estou brava com vocês, mas eu tive que distrair nossos pais para que eles não fossem procurar vocês e dessem de cara com os dois juntos, escondidos - falou sincera - agora podem me explicar o que está havendo? Não é a primeira vez que vejo vocês dois juntos!

Ainê: a gente não têm nada - falou, intercalando seu olhar a mim e Thais.

Thais: é, nesse caso eu sou um papagaio então - ironizou.

Philippe: ...

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<Segura Berenice que a casa tá caindo>

<Acham que é uma boa Thais saber do nosso casal não casal do ano?>
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Aceito críticas construtivas, se puderem me ajudar divulgando eu ficarei muito grata! Espero que gostem e soltem a imaginação enquanto lêem 💗
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IC: "O Intercâmbio"
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A Estranha Perfeita - PhilnêOnde histórias criam vida. Descubra agora