Lídia

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As mãos dela tremiam, seus cachos foram desmanchados pela água e suas roupas brancas estavam pingando. Para alguém que passou quase quatro anos presa, Danielle Alfred estava muito bem. Magnólia a manteve saudável e em boas condições, para uma prisioneira. Como uma boneca que a velha tirou de Tyr para puni-lo e colocou no alto de uma prateleira que ele não alcança.

Ela não estava subnutrida nem mesmo pálida, como se fosse uma paciente de hospital. Magnólia chamou Lídia porque Danielle se recusou a comer e isso a fez passar mal, ela ficou assim quando parou de receber notícias do Tyr.

Outro médico cuidava dela, mas a cunhada de Lídia cravou uma caneta no olho dele. Danielle não queria cuidados, queria ver a família. Ela não mostrava nenhum sinal de transtorno mental, estava apenas com raiva.
Isso piorou quando ela ouviu Éden chamá-la e viu os filhos a uma porta de distância.

Danielle tentou ir até eles, quebrou o nariz de um soldado que Lídia não fez questão de ajudar, mas tinham outros cinco que ela não consegui acertar. Agora ela está sentada em um banco, com as mãos tentando segurar o cobertor que a aquecia. Os soldados ficaram nos outros dois vagões, as únicas saídas para Danielle.

- Eles estão bem, Dani.- Lídia diz com a voz mais tranquilizadora que conseguia. - Só estão dormindo.

- Machucaram meus bebês. - Sua cunhada esbraveja, olhando para a porta como se pudesse queimá-la com os olhos.

- Não, eles estão bem.- Lídia assegura sem mencionar os treinos que os sobrinhos passam, mas Cori e Éden não se machucam tanto já que tiveram mais treino que as primas.- Só não posso deixar você vê-los.

Danielle assente com os olhos fechados, uma lágrima solitária escapa e Lídia a limpa com o polegar.

- Cadê o Tyr?- Ela pergunta apertando o pulso de Lídia e olhando nos olhos dela.- O que aquela desgraçada fez com ele?

A Zander cobre a mão de sua cunhada com a sua.

- O Urano pegou ele, mas Miriam o deixou ir.- Lídia conta.- Tyr está em Denver agora, ele e a minha filha devem estar indo para o mesmo lugar que nós estamos indo.

- A Sophie? Aquela cabra velha está obrigando os netos a fazerem o trabalho sujo por ela também?- Danielle pergunta assustada e furiosa.

- Só a Sophie.- Lídia responde com um gosto amargo na boca.

Danielle tenta regular a respiração, ela fecha os olhos e enche o peito de ar. Depois solta por alguns segundos, ela repete esses exercícios até sua respiração se estabilizar.

- Ele tentou, Lídia.- Ela diz com a voz mais calma, mas ainda com dor.- Ele tentou convencer ela a parar.

Lídia não precisava pensar muito para saber de quem ela estava falando.

- Eu disse mil vezes para o Tyr que a mãe dele precisava de... medidas mais severas, até a Imperatriz avisou que ela estava se tornando perigosa demais. Não eram só reclamações de gente velha sobre o mundo atual, ela estava mesmo planejando um golpe.- Dani sussurra sem olhar nos olhos da Zander. - Tyr não queria ver a mãe presa ou morta, ele disse que tentaria falar com ela para convencê-la a desistir, mas aquela toupeira não quis ouvir.

Lídia escutou a história com atenção, desejou que Magnólia estivesse ali agora para esfolar o rosto dela.

"Tyr, finalmente, percebeu que aquele monstro não iria parar por nada e prometeu para a Imperatriz que ela não seria problema. Ele pediu um estoque de Metal Surdo para prender ela, manter contida até decidir o que fazer, e disse para mim e para a Cori que não era para nós duas entrarmos em casa até que ele desse o sinal de tudo bem, o Éden não estava na cidade. Isso ia acontecer em uma sexta feira, mas na quinta, aquela velha me atacou quando eu estava sozinha em casa. Ela sabia do Metal Surdo e agiu antes, não vi o Tyr por um mês depois daquilo."

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