Hank

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- Como você permitiu isso? - Urano pergunta furioso.

Hank estava de pé com os pés fincados no chão e as mãos atrás do corpo, ele teve que voltar para Gedeon depois do fiasco que foi interagir com a filha da Lídia Zander. Ela sumiu por seis meses e Hank revirou a Ilha de Maya a procurando, mas nenhum sinal, a garota desapareceu. Hank estava agora no escritório do general Urano, no QG da força de Íris, tinha o piso branco, paredes azuis cor de céu e janelas com vista para o Palácio da Imperatriz e, atrás da mesa dele, prateleiras preenchidas com fichários enormes. O general estava com o terno azul escuro habitual, algumas medalhas e botas engraxadas.

- Eu tentei ir atrás dela. - Hank tenta se justificar. - Procurei ela no dormitório, mas a garota não estava mais lá. Ninguém a viu, ela sumiu.

Urano passa a mão pelo cabelo, está solto hoje, e o afasta do rosto.

- Como ninguém a viu sair? - Ele pergunta incrédulo. - Aquele lugar não tem câmeras? Seguranças?

Hank engole em seco, o general não é de ficar irritado com qualquer coisa, Hank só o viu furioso assim duas vezes. E nas duas, parecia até o fim do mundo, cada trovão fazia os soldados pularem de susto.

- Provavelmente deve ter sido a família dela que foi atrás... - Hank murmura. - Devem ter contatos que ajudam eles a andarem por aí sem que ninguém nos avise.

- Então, os Zander entraram no Campo, encontraram a garota, a levaram, e você não viu nada? - Urano pergunta. - Viu no que deu você entrar em contato com a garota sozinho? Como pôde ir sem uma equipe?

- Era só uma conversa. - Hank gagueja. - Não pensei que precisasse...

- Não foi por isso que você quis ir lá sozinho. - Urano vira para ele, o olhando com acusação. - De novo, você se deixa levar pelo orgulho e faz as coisas sem pensar.

Hank recua como se Urano tivesse lhe dado um soco, depois pisca rápido e se recompõe.

- Eu só...

- Eu sei. - Urano diz, voltando a calma habitual. - Mas lembre - se que não se trata só de você. O império inteiro quer pegar os Zander.

Os dois ficam em silêncio, Hank olha para a janela, para além do palácio. Urano cruza os braços e se apoia na mesa, solta um suspiro pesado.

- O seu plano de usar ela para espionar a família Zander foi para o buraco. - Ele diz como se pedisse desculpas. - Agora é mais uma para nos preocuparmos. Sem contar que temos que verificar esses corruptos que os ajudam daqui.

- Sim, senhor. - Hank diz com a voz baixa. - Vou dar o meu melhor.

- Não, você não vai mais trabalhar nessa missão. - Urano diz ajeitando uma medalha do seu terno.

Hank arregala os olhos, furioso. Urano estava com a expressão rígida, sem brechas para uma discussão.

- Como assim? - Ele levanta o tom de voz. - Não pode fazer isso! Eu estou sob o comando da imperatriz.

- Estava. Agora está sob o meu. - Urano corrige. - Agora sou eu quem comanda a operação, eu decido quem trabalha nela ou não. E eu decidi que você não vai mais. Aliás, a própria imperatriz reconheceu que foi um erro te colocar nisso.

- NÃO FOI! - Hank protesta. - Eu sou capaz de estar nessa missão!

Urano não muda de expressão, continua com os braços cruzados, olhando para Hank como se ele fosse uma criança birrenta. O calor aumenta na sala de um jeito avassalador.

- Acabou de mostrar que não é. - O general diz e gesticula para a porta, dispensando Hank.

Hank tenta mostrar um pouco mais de autocontrole, mas bate a porta com tanta força que as pessoas no corredor olham em sua direção. Ele vai rápido até o elevador e aperta o botão várias vezes para as portas abrirem logo, e só para quando percebe que o botão começou a ficar quente. O elevador finalmente abre e Hank entra nele e aperta o botão para fechar e depois aperta o que leva ao último andar.

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