Coroas de Aço

Hank

Aconteceu muita coisa desde que Hank entrou naquela floresta, quase foi jogado em um rio, foi engolido por um javali gigante e arrastado por sabe-se lá quanto tempo e teve que rever o cenário onde a nave caiu. Os destroços foram engolidos pelo tempo, mas as lembranças estavam ali.

Hank lembrava bem daquele dia como se fosse ontem. Ele era o capitão, tinha sido nomeado para liderar a escolta de Vitor para Solarian, foi o dia mais feliz da vida dele. O primeiro passo para alcançar seu grande sonho. Hank realizou tudo com perfeição, sempre pensando no que seu pa- no que o General Urano faria. 

Tudo estava perfeito, ele até conseguiu tempo para conversar com Vitor a respeito do que houve entre ele e uma das princesas de Solarian, Hank não lembra qual. Até que Vitor teve um daqueles momentos de sexto sentido, ele levantou da cadeira e saiu da cabine, momentos depois voltou e disse que eles tinham que ir para Denver.

Hank negou dizendo que recebeu ordens diretas da Imperatriz de levar ele para Gedeon, mas Vitor estava estranho, estava ficando furioso e usou um tom de autoridade que Hank nunca viu o amigo usar. Ele nunca tinha se parecido tanto com a mãe quanto naquele momento.

Hank comandou a mudança de rota e avisou aos denverianos que seu rei estava chegando. 

Horas depois, sentiu a nave balançar, Vitor também sentiu. 

Uma asa foi simplesmente arrancada em pleno voo, a nave começou a rodar em queda livre, Hank entrou em pânico. Não era para aquilo acontecer. 

A nave não teve uma aterrissagem suave, Hank ficou desorientado, mas percebeu que seus braços estavam rodeados por uma aura verde clara cintilante, a proteção do Vitor. Não só Hank, mas todos que estavam na nave foram protegidos e sobreviveram. 

Vitor foi o único que aguentou levantar, ele disse algo, mas Hank não conseguiu ouvir. 

O príncipe de Íris olhou em volta e depois se levantou, Hank viu uma silhueta surgir do lado de fora da nave. Lídia Zander. Ela encarava Vitor e todos os soldados que ainda tinham algum resquício da proteção dele. 

A Zander jogou algo no interior da nave que soltou uma fumaça cinza escura que fez a magia desaparecer e Vitor cambalear, ele lança uma onda de energia verde que lança Lídia Zander para longe e se arrasta para fora da nave. Hank tentou levantar, mas suas pernas estavam doendo, seu corpo inteiro estava doendo. 

Vitor já estava do lado de fora quando Hank decidiu chamá-lo.

- Príncipe Vitor!- Ele gritou. Vitor estava olhando para onde provavelmente Lídia Zander tinha caído.- Rei Vitor! - Hank gritou de novo. 

Vitor deu alguns passos para trás, para o interior da Floresta.

- Vitor, não faça isso!- Hank gritou, percebendo o que o amigo iria fazer.- Fique aqui! 

O amigo de Hank olhou para ele, sorriu e correu. Lídia Zander o seguiu. Hank tinha tentado levantar de novo, mas foi tomado por uma onda de dor. 

- SEU IDIOTA!- Hank gritou antes de desmaiar.

Ele acordou no hospital com seu pai adotivo sentado em uma cadeira ao lado, tentou levantar pois ainda pensava que podia salvar a vida do amigo. Urano segurou seus ombros, o mantendo deitado e contando o que aconteceu. 

Vitor estava morto. 

Não enterraram porque a floresta o absorveu, como diz a tradição de Denver. 

Hank teve que responder a Imperatriz o motivo dele ter mudado a rota, seu olhar tinha o poder de fazer o rapaz desejar ter virado pó. 

Depois do julgamento, Hank foi rebaixado, de volta a um simples soldado. No Campo, percebeu a raiva nos olhos das pessoas, a raiva pelo seu fracasso. " Eu que devia ter protegido ele, não o contrário. Que grande decepção." Hank pensava nisso toda hora. Fez de tudo para ajudar na caça aos traidores, mas não conseguiu nada até encontrar Sophie Zander no seu carro. Hank agora tem a oportunidade de se redimir pelo seu erro. Atraindo todos os Zander para uma armadilha e levando Vitor para Gedeon, de onde esse idiota nunca deveria ter saído.