Hank lembra daquele dia como se fosse ontem, a sala do trono estava uma bagunça, todos tentando erguer a voz acima de outra pessoa, da conversa civilizada até um completo caos. Ele ficou quieto no seu canto, esperando que decidissem qual seria seu futuro, por causa do seu grande fracasso. Hank tinha direito a defesa, mas parecia que o resto queria apenas descontar sua frustração nele, podia ver a decepção nos olhos de algumas pessoas. O pior foi estar na presença dela.
A imperatriz estava lá também, parecia que poderia transformá-lo em cinzas apenas com o olhar, apenas com a presença dela ele quis desaparecer totalmente, mas Hank conseguiu uma chance de se redimir, por muito pouco, mas conseguiu. Até hoje lembra do que o levou até aquela sala.
Agora, Hank tinha que compensar por esse erro.
A Ilha de Maya é mais quente do que ele lembrava, seus pontos turísticos são todos focados no quesito "praia", por isso o centro das cidades não são tão lotados em certas temporadas. Mas isso não faz a menor diferença, porque Hank não veio fazer turismo, mas sim atrás de algo que pode ajudá-lo. Ele está em um prédio da força do Império Íris, com dez andares com janelas panorâmicas e vista para o mar, em uma sala para entrar em contato com o general Urano para explicar o porquê dele vir.
Ele insistiu que Hank explicasse, mesmo que ele não fosse encarregado de nada naquela missão.
A seu próprio pedido, Hank ligou para ele, direto para a sala de comunicação. A sala escurece automaticamente e um holograma do general aparece a sua frente. Ele estava de pé, usando um terno azul marinho e algumas medalhas, o terno combinava com sua pele que era de um azul claro, a maioria das pessoas do país onde ele vive são azuis, mas seu cabelo era branco e sedoso e seus olhos eram azuis como o céu.
- Boa tarde, general Urano.- Hank cumprimenta com um aceno.
- Boa tarde, Hank. - Ele responde aborrecido, não deve estar em um bom dia.
- O senhor pediu que eu entrasse em contato. - Hank relembra mantendo a expressão neutra, não mostrando sua irritação com isso.
- Sim. Quero saber porquê você foi até a Ilha de Maya e o que pretende aí. - Ele diz.
Hank se esforçou para não revirar os olhos, não precisa explicar o motivo, em teoria. Sem contar que ele recebeu ordens da imperatriz, que estava acima de Urano. Comparado a autoridade dela, ele não passava de uma placa escrito "Jogue o lixo no lixo" em uma rua suja.
- Recebi ordens da imperatriz de vir aqui atrás de uma pessoa que pode ajudar com o caso. - Hank responde em tom burocrático.
- Eu sei. Ela me mandou entrar em contato com você. - Urano diz no mesmo tom e com autoridade.- A partir de agora, você deve relatar o seu progresso para mim. Eu estou no comando agora.
- Claro. - Hank diz, cerrando o punho. - Recebi informações sobre uma pessoa que mora aqui. Ela pode estar relacionada com os traidores e nos levar até eles.
Era muito difícil para ele esconder sua raiva com isso, agora o general Urano o vigiaria durante toda a missão e continuaria insistindo para ele esquecer isso. "Diz isso porque você não estava lá." Hank pensou na primeira vez em que eles conversaram sobre o que aconteceu.
- Quem é essa pessoa? - Urano pergunta erguendo as sobrancelhas.
- O nome dela é Sophie Hauser. - Hank responde, mas Urano logo o interrompe.
- "Hauser"? - Ele questiona. - Como essa garota pode ter alguma relação com os traidores? Já investigamos e ela não sabe de nada. A menos que os policiais da ilha fossem idiotas ao ponto de mandar relatórios errados.
Hank começa a mexer no monitor mais uma vez e entre eles a foto de uma garota aparece. Ela tem o cabelo grisalho, olhos pretos e estreitos, a pele rosada e o nariz pequeno e fino.
- Embora não pareça. - Ele diz enquanto aparece uma ficha sobre a garota ao lado da foto. - Sophie Hauser é filha da mulher que matou o rei de Denver, já mostrou saber sobre o próprio poder e é um verdadeiro prodígio em engenharia, mas ainda está no Campo da Ilha de Maya estudando.
Urano acena para que ele continue.
- Acredito que podem vir atrás dela agora. - Hank acrescenta.
- Com base em quê? - Urano pergunta curioso. - E por que agora?
- Durante as minhas investigações sobre ela, percebi que vários dados a respeito dela estavam sendo completamente deletados da rede, como se tentassem apagar a existência dela. - Hank explica. - Acho que eles estavam esperando a poeira abaixar, porque depois do assassinato, a polícia passou um tempo a investigando e interrogando até ver que ela não servia para nada.
- E quais são as chances dela se juntar a família Zander de bom grado? - Urano pergunta, apontando as possíveis falhas nesse plano.
Hank sente desgosto ao responder.
- Mínimas. Pelo histórico, a Sophie tem... ela é... naturalmente rebelde. - Ele explica com dificuldade. - Não gosta de ninguém dizendo à ela o que fazer e muito menos tentando controlar suas ações. Pelo pouco que consegui sobre ela antes de se mudar para Ilha de Maya, ela não tem respeito a ninguém. Provavelmente não foi presa até agora porque nunca teve que interagir com qualquer autoridade.
Urano torce o nariz em desgosto, também enojado com o histórico da garota, mas por algum motivo, ele mostra um meio sorriso depois.
- Entendi. Qual é o seu plano?
- Assim como a Hauser pode ser um grande problema para a missão, também pode ser uma oportunidade de ouro. - Hank diz, mostrando total confiança do que dizia.- Tudo indica que a mãe dela vai tentar falar com ela cedo ou tarde, podemos usá - la para espionar a família dela e descobrir o que- como eles pretendem atacar. - Hank se corrige rápido. - Só preciso convencê - la
O que eles querem é óbvio. Tomar o trono e dizimar a família real. Hank já viu do que eles são capazes para conseguir isso. Viu com os próprios olhos.
- Vou entrar em contato com ela hoje e conseguir a colaboração dela. - Hank continua, esperando a resposta de Urano.
- Certo, Hank. - Urano diz finalmente. - É uma boa idéia.
Ele luta contra a vontade de sorrir, mas ficou feliz com a aprovação de Urano. Mesmo ele sendo irritante as vezes, Hank queria a aprovação e o orgulho do general.
- Mais uma coisa. - Urano diz rápido e desencosta da mesa. - Eu entendo o porquê, mas peço que tome cuidado, não como general nem como seu superior. Não quero você se envolvendo em outra encrenca por causa disso.
E, da mesma maneira que veio, a alegria de Hank vai embora e dá lugar a frustração de sempre. Mais uma vez aquela conversa insuportável.
- Certo. Certo. - Hank assente rápido já se virando para o monitor de novo. - Estou dispensado?
- Sim. - Urano responde de volta ao tom autoritário que todos os seus soldados conheciam. - Não faça nada sozinho.
- Sim, senhor. - Hank diz já encerrando a chamada.
Hank sai rápido da sala e bate a porta com violência. Ele entendeu o que Urano quis dizer. Ele não ficou encarregado de supervisionar a missão porque a imperatriz ficou cansada, impossível. O general provavelmente pediu e ela aceitou. Hank não sabia o argumento dele, mas deve ter sido um bem convincente. Mesmo que Urano não seja só encarregado de comandar todas as forças militares do Oeste, como também é o aliado mais próximo e fervoroso da imperatriz, Hank não acha que ela cederia tão fácil a função de liderar e supervisionar o progresso dessa missão. O rapaz se sentiu insultado e subestimado, acham que ele não sabe lidar com isso.
"Eu posso lidar com isso. Posso consertar as coisas. Finalmente, posso consertar as coisas." Hank pensa determinado.
- Tudo culpa daquele idiota. - Hank resmunga. - Idiota! Burro! Não era para...
Hank sai, pega o elevador e vai até o estacionamento, entrando no carro e fechando a porta com força. Quando o carro liga, Hank inspira e solta o ar devagar, tentando se acalmar. O próximo passo dessa missão seria muito estressante.
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Coroas de Aço
General FictionUma família que pretende tomar um trono, um rei morto e uma imperatriz furiosa. Essas são coisas que Sophie nunca imaginou ter que aguentar, mas com o desaparecimento de sua mãe, ela vai ter uma grande participação em alguns desses eventos.