Seis meses depois

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A sala de reuniões estava vazia por enquanto. O general conferia as fichas dos soldados que foram escalados para a escolta da Nave Um, todos jovens e inexperientes para tal tarefa.

Os outros integrantes da reunião chegaram quase que em uma fila organizada e se sentaram em seus devidos lugares, cada um de um lado da mesa retangular. Toda a segurança, proteção e defesa do Império Íris representada por aqueles homens e mulheres sentados naquela mesa.

- Foi uma perda trágica para todos nós.- O general diz fechando a pasta do garoto colocado como capitão. Ele ainda estava no hospital, mas teria que enfrentar um interrogatório e um julgamento ao sair.

- De fato, senhor general. - Uma mulher diz, sua pele era azul compacta e seu cabelo era vermelho escuro, realmente parecia se sentir culpada pelo o que houve ou apenas fingia muito bem esperando agradar o General Supremo.

- E é claro que vai haver mudanças depois desse crime terrível.- Ele continua se ajeitando na cadeira e organiza algumas pastas dos soldados. - Para começar, a mais importante delas. Senhor Oswald?

Um homem sem cabelos no topo da cabeça, e o que sobrou nas laterais eram alguns cachos castanhos, pigarreia e se colocou um pouco mais na beira da cadeira.

- Sim, senhor? - Anthony Oswald diz com a voz um pouco contida.

- Você já organizou ou participou de uma escolta?- O general pergunta com uma voz calma.

- Sim, senhor.- Ele responde sem coragem de olhar nos olhos do general, que eram como um céu carregado por uma tempestade devastadora.

- Ótimo, então o senhor pode me tirar uma dúvida.- O general pega a última pasta onde tinha a foto do jovem capitão.- Você sempre foi muito eficiente no seu trabalho de proteger a família real a todo custo, soube o que fazer, como fazer para que eles viajem em segurança para qualquer parte do mundo.

- Obrigado, senhor.- Oswald diz um pouco grato pelo elogio. O general contorceu a boca em desgosto.- Para mim é uma honra servir-

- E por isso, eu fiquei muito curioso em saber o que você estava pensando quando colocou na escolta do rei de Denver - O General Supremo repousa o queixo sobre a mão.- um bando de crianças.

Oswald arregala os olhos e engasga com a própria saliva, tenta parecer um pouco mais decente ao cobrir a boca com a mão, mas não adianta muito.

- Senhor, eles eram-

- São.- O general o interrompe mais uma vez.- Para a sua sorte, ou azar, teve apenas um morto.

- São jovens talentosos, os melhores relatórios de desempenho.- Oswald tenta argumentar.

- Mal completaram o treinamento e você os encarregou de proteger um rei?- O homem com olhos de céu pergunta com um sorriso falso no rosto.

- Achei que aprovaria...- O homem humilhado encolhe os ombros, parecia perceber o que tinha feito.- Coloquei seu filho...

Alguns presentes na reunião olham para Oswald incrédulos.

- Quer que eu agradeça por quase ter perdido ele?- O general provoca.

- General Supremo, estamos em paz, finalmente.

Todos na sala estão tensos, o General Supremo fica em silêncio unindo as duas mãos sobre a mesa.

- Vou lhe dar a chance de explicar essa frase.- O tom do general se torna pior, mais ameaçador. - E espero que explique muito bem.

- Não estamos em guerra há vinte anos, não há ameaças iminentes, nunca imaginei que haveria um ataque no nosso território.- Oswald explica, sua voz quase um sussurro.- Ninguém seria idiota em atacar o Império Íris.

"O mundo está cheio de idiotas". O general pensou.

Ele finge meditar um pouco sobre isso, chega até a fechar os olhos por alguns segundos e depois assentiu.

- Está demitido. - O homem de cabelo branco diz sem rodeios.

Oswald arregala os olhos, sem acreditar no que ouviu.

- Perdão, senhor. O senhor disse que eu...- Ele começa, mas é interrompido mais uma vez.

- Está demitido.- O general diz, arrumando as pastas dos soldados da Nave Um uma em cima da outra.- Esse seu tipo de pensamento não é sequer tolerável na Força de Íris. Quero todas as suas licenças retiradas, está proibido de entrar sequer em uma delegacia a não ser que seja para fazer uma denúncia. Qualquer benefício que tenha graças ao seu cargo serão retirados.

- O SENHOR NÃO PODE FAZER ISSO!! - Oswald diz batendo na mesa com os punhos, a expressão do general não muda.

- Caso pense assim, pode falar com a minha superior.- Ele diz com desdém, Oswald sai com os olhos baixos e a derrota no rosto.

- Que isso sirva de exemplo à todos vocês.- O general diz depois que a porta é fechada. - E eu quero que todos esses aqui sejam rebaixados às patentes de antes daquele idiota promovê-los. - Diz levantando as pastas que tinha nas mãos.

Nos corredores do Palácio Rubro, ele seguia para a saída acompanhado de outros soldados, estava furioso com o golpe e com o que tudo isso causaria no império e na sua vida pessoal. Sentia a dor da perda também, além da própria culpa, pensando em como tudo isso poderia ser evitado, mas não foi, por mero capricho. Por puro orgulho e excesso de confiança, mas ele não podia culpar muita gente. O que ele poderia fazer era não deixar isso passar em branco. Era um de seus deveres principais, afinal. Proteger o império e quem o governa. Sem contar que isso com certeza é um ato de guerra imperdoável. Ele tinha que punir os responsáveis por isso.

- Vasculhem cada centímetro do continente atrás desses traidores. Invadam todas as propriedades que estão no nome deles nem que seja uma mesa reservada em restaurante, vão até lá - Ele diz enquanto anda. - Não peguem leve com eles, pois eles não farão o mesmo com vocês. São traidores do império e devem ser levados à julgamento vivos, pois o que virá depois será pior. Mandem tropas para a mansão Bracken e as propriedades dos arredores e não deixem nada lá.

Os soldados saem para cumprir suas ordens, o homem parou e olhou para os próprios pés, com as mãos na cintura, contendo sua fúria dentro de si. Ele nem podia imaginar a dor que ela sentia, deve ser mil vezes pior, mas não ficaria por isso. Os Zander não iriam escapar impunes disso. Não mesmo.

Coroas de AçoOnde histórias criam vida. Descubra agora