Sophie

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Sophie nunca tinha ido para Denver, sua mãe disse que já foi várias vezes, mas nunca disse o que fazia ali. A única vez em que a menina soube o que a mãe veio fazer naquele lugar foi quando toda essa situação começou. Para um reino que perdeu o seu rei, as pessoas dali pareciam bem.

A capital era uma coisa fofa, as casas eram de um tom claro com telhas marrons com as varandas repletas de flores com cores vivas, com dois ou três andares; para qualquer lugar que olhava, tinha uma bancada com frutas e verduras a venda que pareciam ser feitas de plástico de tão perfeitas. As ruas eram pavimentadas com tijolos cinzas perfeitos e eram largas o suficiente para dois carros passarem lado a lado.

O que não faltava lá também eram becos e passagens estreitas entre as casas, mas diferente de outras cidades, as passagens eram iluminadas pelo sol e os becos eram usados para construir tendas coloridas de comerciantes. Denver era famosa mundialmente por manter o equilíbrio perfeito e inimaginável entre natureza e cidade.

Sophie estava em uma lanchonete que não servia nada de origem animal, imaginando como seriam os Campos dali, quando Hank apareceu. Ela ficou irritada pelo general não ter vindo e mandado aquele metido no lugar, só agradaria o plano adicional que Magnólia também teve: chamar para o lado deles a maior autoridade militar do império e maior aliado da Imperatriz.
Não era essencial, mas seria conveniente para a causa da família se ele se juntasse aos Zander. Isso seria trabalho do tio Tyr porque Sophie não tinha poder, experiência, habilidade nem coragem de falar com aquele cara. Urano Febe era conhecido pelo mundo todo por causa do que fez na Guerra do Alvorecer.

"Cada um trabalha com o que tem." A garota pensou, frustrada. Tomou um gole de chá gelado, colocou o copo na mesa e fez questão de mexer no canudo para fazer barulho com o gelo.

- Oi, Hank, tudo bom?- Ela cumprimenta com um sorriso sonso. Seu maior entretenimento agora seria irritar o Fowller o máximo que ele aguentasse. Era muito fácil.

Hank contorce o canto da boca e apenas assente com a cabeça.

- O que sua família mandou você fazer aqui?- Ele pergunta de um jeito grosso.

Sophie manteve a expressão desinteressada, mas arrogante como seu tio Oni ensinou, como se estivesse mostrando uma máquina que construiu que não era nada demais, mas que ela apreciava a atenção.

- Isso é conversa que se tenha em um lugar fofo que nem esse?- Ela pergunta mostrando a lanchonete com mais pessoas que imaginou ser possível em uma lugar que não servia carne. - Minha querida avózinha quer que eu conheça esse país lindo, principalmente a...- Sophie levanta o dedo indicador pedindo um momento e pega um papel no bolso da calça. Ela o desdobra e estreita os olhos para entender a letra. Tudo não passava de um teatro para que Hank ficasse de cabeça quente. - Floresta Sagrada de Cecília.

"Querem descobrir de onde vem o poder da extinta família Veeren para tomar para si e governar Denver e que tenham capacidade de desafiar Escarion." Sophie lembrou, sua avó disse aquilo no café da manhã, mas ela não diria para Hank. Também tinha que fazer o papel da tola ignorante para enganar ele e o general.

"Fazer alguém pensar que está um passo à frente deixa ele dois passos atrás." Sua tia Héstia disse uma vez.

Hank não parecia surpreso, apenas assentiu.

- Então vai ser lá que você vai enganar sua família inteira?- Ele pergunta.

"Não, seu idiota, é você que estou enganando." Sophie se segurou para não rir, só conseguia mentir até certo nível, mas se o ultrapassasse ela poderia entregar apenas com o olhar.

- Vai ser lá onde o exército do seu general vai chegar por pura coincidência e prender todos eles para a sua venerada imperatriz.- A garota corrige irritada, revirando os olhos.- Ou seja lá como vocês fazem as coisas.

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