Ela repetia as cinco posições básicas de balé todas as noites, não tinha barras de treino em seu novo quarto, mas Cori usava a cômoda abaixo do espelho. Sua música estava em sua cabeça, não queria ninguém reclamando de suas músicas para dançar. De vez em quando, olhava seu reflexo, seu cabelo estava preso em um coque com algumas mechas já escapando. 

Cori vestia uma saia plissada longa, uma blusa regata branca e meias. Usava roupas leves já que suas roupas de balé foram deixadas na mansão Bracken, na capital imperial.

Ela manteve essa distração até ouvir passos perto de sua porta.

Éden saiu para os corredores de novo. Às vezes, ele age como uma criança. Uma criança burra, muito burra. Ele descia as escadas devagar, usando meias amarelas com listras azuis. Seu pijama era de cor grafite com botões de prata, seu cabelo estava para cima e ele tinha baba no canto da boca.

- Éden, o que você está fazendo?- Cori sussurra, irritada. 

- O q-q-quê você acha que estou fazendo?- Éden questiona virando para ela inclinando a cabeça. - Tem uma p-p-p-p-porta aqui que vai para o porão, talvez a mamãe esteja lá.- Ele diz ainda seguindo em frente.

"Não é só a mamãe que impede o papai de agir, seu idiota."  

Éden não sabe a verdade, nenhum dos primos de Cori sabe. Seu pai não contou sobre as coleiras, Magnólia não deixou. Mesmo que contasse, não ajudaria muito o Éden. Ele é impulsivo e rebelde. Se soubesse que tanto a mãe quanto o pai estavam ameaçados de morte, atacaria Magnólia sem pensar duas vezes. 

- Éden, com certeza a mamãe não estaria tão perto. O papai já teria ido atrás dela.- Cori diz segurando o braço do irmão.

- C-C-C-C-C-C - Éden começou a perder o controle e Cori segura seus ombros.

Ele é gago, demorou muito para aprender a falar. Suas primeiras palavras saíram quando Éden veio correndo até os pais, assustado com alguma coisa que tinha visto no porão da mansão Bracken, demorou um tempo para ele terminar a frase, mas falou. 

Os pais deles ajudaram Éden a controlar desde então com a ajuda de especialistas, ele sabia controlar na maior parte do tempo e gaguejava pouco quando falava sem pensar na frase. Éden só não consegue falar quando está assustado, não importa o quanto ele negue. 

- Eu sei, Edie.- Cori fala com a voz gentil, seu irmão desiste de falar.- Mas não podemos fazer nada agora, nosso pai não está aqui para nos ajudar. Se vamos fazer algo para salvar nossa mãe, faremos os três.

Éden fez sua clássica cara fechada e assentiu, como se dissesse "você está certa, mas não vai ouvir isso de mim." 

- O que vocês dois estão aprontando?- Alguém diz atrás deles. Héstia estava com uma camisola de seda curta, seu cabelo estava alcançando seu queixo e seu rosto estava limpo. A coleira deslizou para debaixo do tecido, Magnólia não deixava que ninguém visse.

- Nada, tia.- Cori responde mantendo a calma. 

- Magnólia é bem rigorosa sobre a hora de dormir.- Héstia diz cruzando os braços e mostrando um sorriso travesso. 

- Não somos crianças, tia.- Cori relembra aborrecida. 

- Eu sei, só não quero ser obrigada a ouvir a falsidade daquela velha caso ela encontre vocês.- Sua tia diz dando de ombros.- Vamos para o meu quarto, vocês não são forçados a ficarem nos quartos de vocês e eu não sou obrigada a ficar sozinha. 

O quarto da tia Héstia era uma bagunça e tinha cheiro de aromatizante e fritura, pelo menos ainda não fede a fumo. Éden fica andando de um lado para o outro e Cori senta na cama da tia, sentada nas próprias mãos.

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