Lídia

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Onúris tinha entrado desesperado no quarto da irmã contando o que aconteceu, contou o que Magnólia fez, o que aconteceu com Tyr, sobre Urano em Denver, o país bloqueado e Sophie não ter encontrado nada na Floresta de Cecília. A filha de Lídia ainda não voltou, Héstia está uma fera, Oni não está melhor que ela e os mais novos estão descontando sua raiva nos treinos.

Magnólia demonstrou tranquilidade enquanto isso, mesmo com Tyr preso no Palácio Rubro tendo apenas a Imperatriz Miriam Minori como companhia. Como antiga amiga dela, Lidia sabe muito bem o que ela é capaz de fazer para conseguir a verdade de alguém.

Essa parte não chega a ser ruim, a questão é o que Miriam vai fazer com esse segredo quando souber.
Se é que já não sabe.
Essa ideia pairou em sua cabeça: Miriam faria algo para salvar a família de Lídia ou iria ignorar e continuar a caçada?

"Não seja ridícula, a Miriam nunca faria isso. Ou faria? Não é a primeira vez que eu traio ela e digo que é por causa da minha mãe."

A primeira foi quando a Imperatriz ainda era uma princesa e se casou com o rei de Denver, Lídia se ofereceu para viver com ela no Wildknight. Os recém-casados estavam indo bem, mas não durou, o rei vendeu Miriam para o antigo rei de Solarian para que ela fosse executada em troca dele não ser forçado a levantar do trono e fazer alguma coisa. Lídia vivia com Miriam na época, mas fugiu antes do rei de Solarian chegar para pegar seu prêmio, deixando a amiga para trás.

"Sempre fui uma covarde. Acho que estou pagando por viver fugindo dos meus problemas. Justo."

Lídia nem teve muito tempo de pensar nisso, porque sua mãe teve a ideia genial de tomar uma cidade. Não era uma cidade qualquer, era uma onde era concentrada uma parte do arsenal nuclear do Império Íris. A cidade ficava a poucos quilômetros da cidade natal onde Lídia morava com a filha, poderia ir até lá de trem se sua mãe não fosse tão obcecada em manter os filhos por perto.

Therese era "sem graça" comparado aos outros países, Sophie sempre dizia que aquele era o lugar mais chato do mundo, não tinha muito destaque pela criatividade. "Caretalândia" foi como Héstia chamou, Lídia percebeu que não era exagero quando Tyr concordou que o país era chato.

Todos os prédios eram blocos cinzentos de vários tamanhos, alguns com grandes relógios no topo. Tem parques por lá, mas todos têm um padrão: passagem de tijolos vermelhos com algumas árvores e uma fonte no centro. Lídia até entendia porque Sophie queria tanto ir para Escarion, ela também queria voltar para casa.

" E quanto tempo iria demorar para Magnólia saber que eu estava lá e tinha trazido mais uma herdeira da família?"

Insistiu que sua filha escolhesse outro lugar, mas não adiantou de nada. Magnólia a encontrou na Ilha de Maya e a tirou de lá. Agora Sophie está presa em Denver, seria só uma questão de tempo até que Urano a pegasse também. Lídia torcia para que o General não fosse tão bruto com Sophie como foi com Tyr.

A cidade não foi devidamente tomada, mas Magnólia estava confiante de que iria cair em breve. Já que Denver parecia estar fora do alcance, a antiga Chefe da Família Zander direcionou seu foco nas cidades que tinham algo que poderia ser usado contra Miriam.
Lídia estava com Oni, os dois iriam conversar com representantes de Therese para negociar. É o que eles querem.

- Nessas horas, Tyr faz tanta falta.- Onúris comenta enquanto os dois esperam o helicóptero aterrissar no navio onde a reunião foi marcada.

- Por quê? - Lídia pergunta.- Voar comigo é tão ruim assim?

- Não. Porque ele atura essas pessoas melhor do que eu.- Seu irmão resmunga. O helicóptero aterrissa em um navio onde a reunião seria.

Era um homem e uma mulher, ambos com o símbolo do moinho de vento de Therese e o de Escarion presos em broches dourados. O homem vestia um terno rosa choque compactado, uma gravata fina preta e sapatos de bico fino, sua pele era bronzeada pelo sol e seu cabelo castanho estava em um elegante topete.

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