CAPÍTULO 30

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POV Manuella

Assim que chegamos em casa meu avô me manda tomar banho para depois jantar e assim fiz, já sentada na mesa de jantar só espero ele vir para começar a me servir. Observo minhas mãos em meu colo e ouço seus passos, assim que ele se acomoda na cadeira, a empregada se aproxima com uma bandeja de prata com a jarra de vidro com o sangue e uma taça de cristal. Vejo ela o servir com o líquido viscoso e vermelho, antes do meu avô degustar seu alimento, ele me permite comer. Me sirvo com a comida e hoje é macarrão ao molho de tomate e tem alguns bifes grelhados, começo a comer com calma e estava com fome.

Após terminar minha refeição, me sinto satisfeita e ele me manda ir para o quarto. Ele como de costume me diz que não tenho permissão para sair e apenas assinto sem questionar, é o melhor a se fazer. Sigo para o meu quarto ansiosa e daqui a pouco vou falar com o Matt, todo dia trocamos mensagem às 20h da noite e já deixo o celular ligado debaixo do meu travesseiro. Abro a porta do meu quarto e entro antes de fechá-la, sigo até a minha cômoda e resolvo organizar minhas coisas para passar o tempo. Separo um pijama e o coloco sobre a minha cama, organizo minhas sapatilhas e calçados. Arrumo também a minha penteadeira e aproveito para pentear meus cabelos, eles estão grandes e sei que em breve meu avô vai trazer alguém para aparar as pontas deles.

Deixo um suspiro escapar e deixo a escova de lado, me levanto da cadeira e sigo até o banheiro com meu pijama. Entro no banheiro, faço minha higiene, lavo minhas mãos e aproveito para escovar meus dentes. Pego uma liga para prender meus cabelos em um rabo de cavalo baixo e escovo meus dentes, lavo meu rosto e o seco com a toalha. Saio do banheiro e vou até a porta do meu quarto, abro a mesma e sentindo meu coração bater acelerado, coloco minha cabeça para fora e não vejo ninguém no corredor. As luzes estão apagadas e não ouço nada, antes de fechar a porta novamente, ouço o barulho de um carro sair da garagem que fica perto do meu quarto, afinal moro no andar de baixo.

Achando particularmente estranho meu avô sair a noite, entro no meu quarto e fecho a porta. Sigo para a minha cômoda e pego o celular, ligo o aparelho e desligo a luz do quarto, sigo para a minha cama, me deito e me cubro com edredom fino. Assim que a tela brilha vejo que já são quase 20h da noite e conto os minutos até ele me mandar mensagem. 

30 minutos...

Volto a olhar a tela e já se passa das 20h da noite e não tem nenhuma mensagem, olho o celular e nada. Suspiro me sentindo estranha e ele ainda não visualizou a minha última mensagem que mandei de tarde. Me sentindo triste, deixo o celular debaixo do edredom e me levanto da cama. Caminho até a janela e gosto de ver as estrelas no céu, com as grades fica um pouco difícil e tenho vontade de sair do quarto para ir ao jardim, mesmo que seja por alguns minutos. Apoio minha mão direita na grade e olho para cima, a única luz que ilumina o quarto vem da lua e observo o céu enquanto penso se existe algo a mais, se existe algo lá fora que seja tão lindo quanto a lua e as estrelas a noite.

Observo a lua cheia e me lembro dos seus olhos grandes e azuis, azuis como uma foto que vi do mar em um livro escolar. Lembro que a foto era linda e devo ter ela guardada em algum lugar por aqui, pois lembro de ter pedido para meu avô me levar quando criança, mas tudo que recebi foi uma risada sarcástica e um olhar de desprezo em resposta ao meu pedido de conhecer o mar. Fecho os olhos e só queria que as coisas fossem diferentes, queria minha mãe aqui do meu lado e se não fosse pedir muito, queria meu pai também. Abro os olhos me sentindo vazia e nem consegui perguntar nada sobre ele, as únicas coisas que acho que sei sobre ele é que tenho seus olhos, seus olhos verdes. Isso é apenas uma dedução da minha parte, pois meu avô e minha mãe tem olhos azuis e eu verdes, isso quer dizer que o meu pai talvez tinha também e puxei isso dele. 

Balanço minha cabeça para afastar esses pensamentos e não quero me sentir assim, tão triste e sozinha, só quero focar no agora e na mínima chance de ter uma vida diferente, se Matthew estiver falando a verdade, posso sair daqui e só preciso contar o que vivo na casa do meu avô, só preciso falar sobre minha rotina e achar um jeito de provar. Pisco algumas vezes e resolvo me deitar para dormir, volto para a cama percebo que a tela do celular brilha e o pego rapidamente.

OS HERDEIROS DO CLÃ ©Onde histórias criam vida. Descubra agora