CAPÍTULO 45

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POV Manuella

Três dias antes...

— Hoje receberemos um membro importante do Clã, você vai se arrumar com as coisas que a empregada deixar em seu quarto. Agora pode se retirar e você não tem permissão para sair. — Ouço meu avô falar e apenas concordo com um aceno, peço licença e me retiro da sala de jantar.

Acredito que ficarei a tarde inteira trancada em meu quarto, caminho até o mesmo e entro nele. Tudo está perfeitamente organizado e me sinto entediada, os treinamentos com o Matt acabaram e com isso estou passando mais tempo na mansão do meu avô. Durante o período das aulas, ele não encostou a mão em mim para me agredir, mas as ameaças e a tortura psicológica aumentaram consideravelmente. Na verdade, nem sabia que vivia em um lugar tóxico e abusivo, Matt que mencionou isso uma vez e lhe perguntei o que seria isso. 

Matthew é um bom amigo e sei que amigos não devem ficar se beijando como em nosso caso. Acredito que somos quase namorados e ele não sente vergonha de mim, de estar comigo e me beijar. Deixo um suspiro escapar enquanto tiro minhas sapatilhas para me deitar na cama, olho para o teto do quarto e coloco minhas mãos sobre minha barriga. Sei que ele está bem ocupado nas buscas do seu irmão e resolvi deixar ele um pouco em paz, a família em primeiro lugar. Fecho meus olhos brevemente e minha mente projeta imagens suas, sinto sua falta e quero sair da tutela do meu avô para assumirmos um relacionamento.

Quando Matt disse estar disposto a isso, meu coração até se acelerou assim que escutei. Praticamente, é uma declaração e se ele está disposto a me assumir, então estaremos namorando. De amigos a namorados, parece como nos livros de romance que tive oportunidade de ler quando meu avô permitia minha ida à biblioteca. Passo a maior parte da tarde deitada e só me levantei assim que uma empregada entrou no meu quarto com outra mulher que nunca vi na vida.

— O senhor Schmidt solicitou os serviços da senhora Cory para lhe ajudar a se arrumar para o jantar. — A empregada explica brevemente ao depositar uma caixa de tamanho mediano sobre minha cama.   — Qualquer inconveniente com a senhorita Schmidt, pode avisar os seguranças que estão no corredor. Bom trabalho, senhora Cory.

Observo a empregada falar e se retirar do quarto me deixando sozinha com a mulher que me olha de cima a baixo, parecendo me avaliar. A mulher aparenta ter em torno de uns quarenta e cinco anos, tem cabelos e olhos castanhos, é bem alta e tem uma expressão fechada ao me olhar em repreensão. Engulo seco assim que ela deixa uma maleta grande sobre o aparador e caminha até mim com uma fita.

— O senhor Schmidt me disse que passou anos fazendo aulas de etiqueta e parece que não aprendeu o básico, arrume essa postura! — A mulher me repreendeu e ajeitei minha postura. Ombros para trás, barriga para dentro e cabeça levemente levantada. 

Observo ela medir meu quadril, ombros e busto, além de anotar todas as medidas em um bloco de notas. Permaneço em silêncio e ela me entrega uma toalha e um roupão antes de me mandar para o banho, fecho a porta do banheiro e ela fica dentro do meu quarto mexendo em sua maleta. Tiro meu vestido e minha roupa íntima, ligo o chuveiro e tomo um banho. Não sei o porquê do meu avô ter mandado ela e ainda querer minha presença neste jantar, já que sempre que ele recebe amigos e membros do Clã fico trancada no quarto.

Lavo meus cabelos loiros e finalizo meu banho assim que a mulher bate na porta pela minha demora. Visto o roupão e saio do banheiro secando meus cabelos com a toalha. A senhora Cory me entrega alguns cremes hidratantes, uma lingerie diferente das que tenho e aponta para o vestido. O conjunto é pequeno, tem pouco tecido e parece com as da Kathe, ela me mostrou quando estávamos nos vestindo para ir na boate escondido. 

— Hidrate sua pele e vista essa roupa rapidamente, preciso fazer seu cabelo ainda. — A mulher me apressa e fico parada apenas observando ela ainda no quarto. Não quero me vestir com ela aqui, me olhando.   — Volto em cinco minutos.

OS HERDEIROS DO CLÃ ©Onde histórias criam vida. Descubra agora