CAPÍTULO 49

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POV Victória 

Caminho por uma trilha na mata, repleta de flores e rosas de diversas cores, tamanhos e formatos. A brisa suave e o sol quente aparentam combinar bem com o verão quente. Continuo caminhando pela trilha sem saber muito bem onde estou e percebo que estou usando um vestido amarelo, meus cabelos estão trançados e caminho sendo atraída para frente.

— Vicky? É você, minha princesinha?

Paro no lugar ao ouvir a voz calma e doce bem perto de mim. A voz é muito familiar e sinto tanta falta dela, sinto vontade de chorar e não consigo seguir adiante. O canto dos pássaros é lindo, pareço que estou chegando em um bosque de flores, ouço também a água correndo e posso estar próximo de um riacho ou de uma nascente de água. Não escuto mais a voz e quero vê-la, crio coragem para dar mais um passo à frente e, finalmente, saio da trilha encontrando um vasto gramado e flores ainda mais belas.

Caminho em direção à única árvore que tem no local. A sua copa é extensa, os galhos grandes e as folhas verdes, um tom de verde vibrante e vivo. A árvore é grande e a sombra debaixo das folhas me parece convidativa, caminho mais um pouco e percebo que não estou sozinha. Apresso meus passos ao notar uma mulher sentada sobre um pano na sombra da árvore e, mais a frente, uma menina pequena vestida de branco correndo atrás de algumas borboletas enquanto ouço suas gargalhadas.

Meus olhos se fixam na criança, mas não consigo ver seu rosto ou me lembrar de quem ela seja. Caminho com pressa ainda observando a menina correr de um lado para o outro atrás das borboletas e seus cabelos são pretos como a escuridão, eles também estão trançados e a sua pele é branca como a neve branca, quero ver seu rosto e quero saber quem ela é. Finalmente, chego na árvore sendo agraciada pela sombra e o ar fresco, estou ofegante  e levanto meu olhar em direção a mulher que permanece sentada de costas para mim para observar a criança ainda brincando em meio a grama, as flores e com as borboletas.

— Que bom que você chegou, meu amor. Eu estava com saudades. — A mulher diz e me seguro para não chorar, seus cabelos são iguais aos meus e abro um sorriso ao caminhar em sua direção.

Ela bate algumas vezes em um lugar vazio ao seu lado e me sento ali observando ela. Seus cabelos castanhos longos estão soltos e alguns fios voam por causa do vento suave, sinto minhas mãos tremerem e tenho vontade de chorar. Aos poucos, vou criando coragem para falar, preciso ouvir sua voz novamente, preciso que ela olhe para mim.

— M-mãe? 

— Diga, minha princesinha. — Meu coração bate forte assim que ela se vira para mim e não tenho dúvidas, me aproximo do seu corpo e a abraço forte. Sinto ela retribuir e fecho os olhos deixando algumas lágrimas caírem. Venho há muitos anos desejando um último abraço seu e nem acredito que estou fazendo isso agora, nem acredito que seus braços estão envolta de mim e apoio minha cabeça em seu ombro sentindo seu cheiro doce e floral.

— E-eu senti tanto a sua falta, mamãe… Eu… — Confesso com a voz embargada pelo choro e sinto sua mão acariciar minhas costas enquanto a outra faz o mesmo em meu cabelo.

— Ei, meu amor, está tudo bem… Estou aqui, agora. — Ela diz desfazendo o abraço e quero continuar abraçada a ela.    — Olhe para mim, Victória.

Faço como ela pede e sinto suas mãos macias tocarem meu rosto carinhosamente. Mamãe observa cada traço meu parecendo curiosa e acabo abrindo um sorriso por sentir seu toque quente e acolhedor. Seus olhos são iguais aos meus e o seu cabelo também é. 

— Como? Onde estamos? — Pergunto ao ver ela abrir um sorriso lindo.

— Sempre estive aqui… — Ela aponta para o meu coração.   — … Sempre estive em seu coração.

OS HERDEIROS DO CLÃ ©Onde histórias criam vida. Descubra agora