Encontro minha irmã gêmea

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Aí você me pergunta: "América, existe algum feitiço para amortecer uma queda livre?" E eu te respondo: é claro que existe.

Mas eu me lembrei de usar algum?

É claro que não.

Quando pulei da árvore, eu já estava muito longe do tronco, eu estava emaranhada entre os galhos da copa e simplesmente saltei.

Ok. Talvez eu devesse ter pensado melhor num plano, mas, e daí? Eu vou morrer um dia de qualquer jeito.

É claro que eu não pensei que além da dor da queda, os galhos da árvore também me arranhariam. Então, em questão de segundos eu estava caída na grama com uma dor imensa na coluna e sentindo vários pequenos arranhões pelo meu corpo e meu rosto.

Além disso, senti uma pontada fina na perna, no local da ferida. Acho que ela voltou a sangrar.

O minotauro estava parado de frente a árvore e de costas para mim, não parecendo ter me ouvido cair. Aquele seria o momento perfeito para ataca-lo, mas não o fiz.

Não se ataca ninguém de costas.

— EI SEU GADO!— Gritei com toda a força que ainda restava em meus pulmões, a criatura se virou, com sangue nos olhos. — EU SOU AMIGA DO PERCY JACKSON SABIA? AQUELE QUE ARRANCOU SEU LINDO E PRECIOSO CHIFRE! — O homem touro cerrou os punhos e escavou o chão com a pata, então, urrou. Muito alto.

Esse metido a corno tá querendo me deixar surda.

O Minotauro nem se quer hesitou, ele avançou para cima de mim e tudo que eu fiz foi levantar o braço e apontar um dedo para ele.

Petrificus Totalus.

Num segundo, o monstro empalideceu e congelou. Como estava em posição de corrida, seu próprio corpo não se equilibrou em pé e ele caiu. Esse feitiço é conhecido como o "feitiço do corpo preso", a vítima não é transformada em pedra mas ela congela. Ela não consegue se mexer mas consegue respirar e, acima de tudo, consegue perceber tudo ao seu redor.

Escutei um barulho alto de uma das portas se abrindo. Quando olhei ao redor, a passagem que se abrira era a qual o minotauro havia saído de dentro.

Eu poderia ir embora agora, mas tinha que fazer uma coisa primeiro.

Caminhei em direção ao homem-touro caído. Parecia até loucura imaginar que aquele monstro enorme agora estava deitado na grama, imóvel e completamente a mercê de mim.

É por isso que eu amo magia.

Mas eu não iria usar ela agora, peguei minha adaga do coldre e a usei para cortar os dois chifres.

Agora vou combinar com Percy, quem sabe eu dê um pra Annabeth também.

Dei as costas ao minotauro e sai daquele salão sem olhar pra trás.

~~~

Não sei por quanto tempo andei por aqueles túneis escuros, mas encontrei uma porta.

Ela era grande, feita de carvalho e poderia ser facilmente de uma mansão mal assombrada de filmes de terror. Eu não fazia a menor ideia de quantos dias ao todo tinha ficado no labirinto, mas eu nunca vi uma porta naquele lugar, tirando a da Oficina de Hefesto.

Aquela porta era mágica, havia algo especial nela. Por um momento, hesitei, eu deveria abri-la?

Que escolha eu tenho, afinal? É tentar a sorte na porta ou continuar zanzando pelo labirinto torcendo para encontrar uma saída ou algo que me ajude. Não. Talvez essa porta seja a resposta.

Levei a mão a maçaneta fria como gelo, revestida por uma fina camada de ouro e a girei para a esquerda. A porta rangeu e uma luz intensa branca atingiu meu rosto, quase como se o cômodo que estava por trás da porta fosse completamente iluminado por luzes de led no máximo.

When Worlds CollideOnde histórias criam vida. Descubra agora