É Meri. Não América.

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Tivemos muitas mortes horríveis, mas, para mim, a pior foi a de Lee.

Eu ainda me recuso a acreditar que ele se foi. Estou triste, estou decepcionada e estou com raiva. Não quero viver num mundo sem Lee Fletcher, agora que o perdi, entendo que meu melhor amigo não era e nunca foi Percy, sempre foi Lee.

E agora ele se foi e eu não tinha ninguém.

Todos conheciam Lee. Um raio de sol andando pelo Acampamento, forte, instintivo e gentil. Definitivamente vai ser recordado como um dos melhores Conselheiros-Chefes do chalé de Apolo.

Não sei dizer quantos campistas perdemos com a invasão, mas com certeza foi um número grande. Pensávamos que estávamos preparados, era pura ilusão.

Algumas armadilhas não funcionaram, os campistas começaram a correr desesperados sem saber onde se esconder, dríades começaram a atacar para todos os lados sem conseguir distinguir amigos de inimigos.

Era de madrugada, minha penúltima noite no Acampamento. O ano letivo em Hogwarts já havia começado faziam alguns dias mas eu não podia ir embora ainda, precisava ajudar a reconstruir a floresta, a cuidar dos feridos e, honrar os mortos.

Queimaríamos as mortalhas amanhã de manhã.

Tive um pesadelo e não estava a fim de tentar dormir novamente, então fui até a floresta, uma parte que fica perto dos chalés e não foi muito afetada pela invasão e fiquei lá sentada, olhando as estrelas, tentando recuperar as energias e limpar a mente.

Cronos havia tomado o corpo de Luke. Eu não consegui impedir isso. O Acampamento foi invadido. Eu não consegui impedir isso também.

Escuto barulhos de passos atrás de mim e me levanto num pulo, virando-me para trás.

Relaxo na hora, quando percebo que eram Michael e Adrien.

— O que estão fazendo aqui? — Perguntei franzindo a testa. — Está tarde.

—Você deveria estar descansando, América. — Disse Adrien cruzando os braços.

— É Meri, na verdade. — Corrigi com a voz firme. — Eu não quero mais ser América.

E a razão por trás disso, veio para mim em um sonho.

O filho de Ares revirou os olhos. Ato que eu só consegui observar por causa da minha ótima visão no escuro, se fosse qualquer outro semideus, mal conseguiria identificar quem são as pessoas a frente.

— América, Meri, Mercado, tanto faz! A questão é que você trabalhou demais e precisa descansar.

— Eu estou bem — resmunguei. — Quando eu quiser dormir eu vou e vocês ainda não me disseram o por quê de estarem aqui!

— Nós viemos te procurar, na verdade. — Disse Michael Yew, dando um passo a frente. Eu não havia percebido antes, mas ele estava segurando um pequeno pacote embrulhado em papel marrom em suas mãos.

Alternei o olhar entre o filho de Apolo e o de Ares.

— Por que?

Michael suspirou e trocou um olhar com Adrien que assentiu, como se estivesse incentivando algo.

— Por duas razões. — Disse ele. — A primeira é para te dar isso.

Michael entregou o embrulho em minhas mãos e percebi que eu tremia enquanto retirava o papel e o jogava no chão (depois eu limpo isso). Até que consegui identificar o que eu estava segurando.

Era a arma.

A pistola que Lee estava usando para atirar e chamar a atenção do gigante.

Fiquei com vontade de vomitar. Agradeci por estar escuro, assim eles não conseguiriam me ver empalidecer.

When Worlds CollideOnde histórias criam vida. Descubra agora