When Worlds Collide

Verdade

Hoje o dia não estava quente, mas também não estava frio, o clima estava agradável, estamos no outono, as folhas estão caindo, tudo está em tons de marrom e vermelho, uma vibe bem pinterest sabe? Bom se vocês forem trouxas vocês devem saber.

Pensei muito se deveria ou não contar a verdade para Harry, Rony e Hermione. Por um lado, eles são meus amigos e tem me ajudado com tudo aqui em Hogwarts, além de que por seres bruxos eles não duvidariam de mim nem por um segundo, por outro lado, contar para eles pode ser perigoso pelo fato de que eu não faço a menor ideia de como eles reagiriam. 

Eles sabem melhor do que ninguém que monstros existem, já passaram por aventuras tão perigosas quanto as minhas, então eles vão acreditar em mim. A questão é que tenho medo do que eles vão achar do mundo grego, obviamente vão achar perigoso, mas e se acharem interessante? E se espalharem para mais gente?

Não, eles não fariam isso.

Marcamos de nos encontrar as 3 da tarde no três vassouras. Eles foram indo na frente, acredito que para conversar um pouco antes de falar comigo, eu entendo o lado deles, sou uma intrusa em seu trio. Entrei esse ano, eles já se conhecem a anos. Já passaram por tanta coisa juntos, eu cheguei do nada, simplesmente atrapalhando a dinâmica antiga do grupo.

Estou chegando em Hogsmead, passei pela dedos de mel, Zonko's e outras lojas até chegar no três vassouras. Entrei e senti um clima quente, e um cheiro delicioso de cerveja amanteigada, observei o lugar e avistei meus amigos sentados numa mesa no canto um pouco afastada das outras, um bom lugar para conversas que não querem ser ouvidas por outros, eles me viram e sorriram fazendo um sinal para eu me juntar a eles, me sentei ao lado da Hermione, de frente para Harry, e Rony se sentava ao seu lado.

— Então, Meri... — Hermione começou a falar, nenhum dos outros dois pareciam muito confortáveis para falar no lugar dela— É óbvio que você quer nos contar alguma coisa...

— E antes disso... — Harry interrompeu— Você realmente se sente confortável em contar para nós o que quer que esteja acontecendo? Sabe, você não precisa nos contar se não quiser...

Fiquei surpresa com a preocupação de Harry e dei um sorriso genuíno. Acredito que ele melhor do que ninguém sabe como é a sensação do mundo todo saber sua história e comentarem sobre, acho que ele não quer que eu passe pela mesma coisa.

—Fico feliz que esteja preocupado com isso, Harry. —Declarei baixinho e o moreno assentiu.—Mas eu não me importo de contar para vocês, juro. É até bom, tira um peso das minhas costas, não gosto de guardar segredo de pessoas importantes.

Ele sorriu e fez um sinal positivo para Rony, que estava sentado do seu lado. O ruivo respirou fundo e me encarou, perguntando, com a voz neutra.

— Você realmente estudava em Ilvermorny?

— Não. - Respondi, sincera como havia prometido.

— Imaginamos- Harry  proclamou dando de ombros e soltei uma risada.

— Mas eu sou sim dos Estados Unidos, acho que dá para perceber pelo meu sotaque.

— Se não é de Ilvermorny mas é dos Estados Unidos... então onde aprendeu magia? — Rony questionou, coçando a cabeça.

Suspirei, agora era a hora.

— Sou apenas metade bruxa. — Expliquei e percebi os olhos deles se cruzarem, Hermione arqueou uma sobrancelha.

— Como assim? É mestiça? Ou algo a mais?

— Podemos dizer que algo a mais. — Digo em tom de brincadeira e me encosto na cadeira. 

— Algo perigoso?

— Talvez...

— Independente do que for, estamos aqui. — Rony disse, segurando nas minhas mãos por cima da mesa. — Somos mais toleráveis do que você pensa.

— Obrigada! —Agradeci com um sorriso e me senti mais leve, Rony fazia questão de estar constantemente me tranquilizando e eu era muito grata a isso. — Bem, minha mãe é bruxa e meu pai é hum... mortal, ele é um trouxa.

—Mortal? —Harry reparou e eu assenti.

— Vocês vão entender o porquê desse termo. Meu pai é mortal porque minha mãe não é.

E foi aí que eles surtaram, arregalaram os olhos e Hermione quase cospe a cerveja amanteigada.

— Quê?!

— Ela tem a pedra filosofal? Ou usa algum objeto mágico?

Neguei com a cabeça.

— Não tem nada a ver com magia, ela é mortal porque... é uma deusa.

Eles se calaram e entendi como uma deixa para continuar falando, é melhor explicar logo de uma vez antes que eles se confundam e entendam algo errado.

— Os deuses gregos são reais. Conhecem Zeus, Poseidon, Athena... eles existem e não só eles como todos os elementos mitológicos que os trouxas de hoje em dia acreditam serem só lendas. Os deuses gostam de se relacionar com mortais, sempre gostaram, e dessas relações nascem... nós! Semideuses, filhos de mortais com deuses antigos.

— E sua mãe é um deles? — Hermione questionou. 

— Minha mãe é Hécate, a deusa da magia. 

Rony piscou os olhos duas vezes.

— Faz sentido. Deusa da magia, escola de magia...

— Sou mágica porque minha mãe é mágica, sou uma semideusa porque minha mãe é uma deusa. Pertenço a dois mundos paralelos e igualmente perigosos.

— Que tipo de perigos?

— Perigos tão terríveis quanto o basilisco, Harry. — Expliquei, cruzando os braços. — Temos nossa própria guerra. 

— E você está metida nessa guerra? — Harry continuou a questionar, parecia realmente interessado no assunto e eu estava incerta se era medo ou admiração.

— Os semideuses lutam pelos deuses, nossos pais nos mandam em missões para vinga-los ou buscar algo para eles. E, consequentemente, quando eles estão em guerra, nós também estamos. Eu vivo num lugar chamado Acampamento Meio-Sangue, o único lugar no mundo seguro para semideuses. Lá cada um dorme no próprio chalé, existem doze deles.

— Mas existem muito mais que doze deuses. — Hermione apontou e eu assenti.

—Os doze chalés representam os doze Olimpianos, todos os outros deuses são considerados deuses menores e não tem o próprio chalé. — Continuei. — Eu sou uma das semideusas que não tem o próprio chalé, eu e todos os outros na minha situação dormimos no chalé de Hermes, o deus dos viajantes. 

— E os deuses menores estão de boa com os filhos não tendo um chalé?

— Harry você tocou exatamente no ponto! — Exclamo e ele sorri assentindo. — Os deuses menores não estão nada tranquilos pelo fato de serem ridicularizados e muitas vezes antagonizam guerras contra os maiores. Estamos prestes a entrar em uma delas.

— É por isso que está aqui e não no Acampamento? — Rony questiona. — Para fugir da guerra?

Suspiro. 

— Estou aqui porque não sou levada a sério lá, mesmo minha mãe sendo tão importante quanto os outros deuses. Não tenho um chalé e meus irmãos se sentem excluídos, ridicularizados e ludribriados.

— Quantos irmãos você tem?

Sorrio.

— Alguns. O que sou mais próxima é Alabaster, mas agora estamos um pouco distantes, ele não quer saber de Hogwarts e acha que estou fugindo de meu destino como semideusa filha de Hécate.

— E que destino seria esse?

Encaro Hermione, incerta sobre como falaria aquilo.

Esse seria um longo dia.