When Worlds Collide

Ethan Nakamura

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Não importa quantas vezes eu aparate de um continente para o outro, acho que nunca vou me acostumar totalmente.

Cambaleio para o lado enquanto minha mão procura por alguma parede para que eu apoie o peso do meu corpo.

Fecho os olhos com força enquanto tento me acostumar com as sensações novas, o caos em que eu havia me inserido de uma hora para a outra.

Sai de Hogwarts, uma escola escondida em meio a uma floresta densa da Escócia e vim parar em Manhattan, no coração de Nova York.

O barulho dos carros é alto e constante, um ruído que demora para seus ouvidos se acostumarem a escutar. Além disso, também há o cheiro de fumaça e a atmosfera diferente da Britânica, eu não diria que é suja e sim que é carregada, como se fosse um ambiente mais pesado.

Eu poderia ter ido para o Acampamento mas...precisava de uma bebida.

Depois de ter certeza que eu não desmaiaria no meio da rua, abri os olhos e respirei fundo. Olhei de um lado para o outro, percebendo que estava em um beco e caminhei para a única saída que ele possuía.

Fui brevemente cegada pela luz do sol que irradiava através do asfalto quente e vidros das vitrines.

Estreitei as sobrancelhas e estudei o ambiente, tentando me situar. Eu reconhecia aquela rua e sabia que não muito longe dali havia um starbucks.

Segui meu caminho caminhando tranquilamente na direção da cafeteria. Eu não tinha pressa alguma, já havia mandado minha coruja, Ártemis, levar minha mala de volta para o Acampamento.

Aproveitei esse breve momento de paz para respirar e apreciar a vista.

Vi ratos correndo de um bueiro para o outro, latinhas de refrigerante pelo chão e mais bitucas de cigarro jogadas do que eu podia contar.

Mas também vi lojas com vitrines de tirar o fôlego, vi uma mãe tirando uma selfie com sua filha e um homem comprando uma rosa de uma vendedora ambulante.

Ao meu redor, pessoas caminhavam apressadas falando em seis telefones ou segurando sacolas entre os braços.

Aquela realidade, a visão de um centro comercial era tão comum que se tornava feia para as pessoas que dela participavam.

Afinal, que beleza tinha uma rua lotada de gente suada, cheia de lixo e pichada dos pés à cabeça?

Toda.

Para mim, aquele era o tipo de visão que eu queria ter durante a minha vida toda. Porque era algo normal.

Aquelas pessoas não precisavam correr de monstros, aprender a lutar com armas desde criança ou servir de peões num jogo interminável dos deuses.

A maior preocupação delas era relativa a dinheiro, estudos, trabalhos, relacionamentos.

Nem os deuses sabem o quando eu queria essa vida.

Mas há algo errado.

Eu o alcanço e o observo, sabendo que ele não pode me ver por estar de costas.

Reconheci-o pela espada. Bronze celestial. Usava apenas o peitoral de uma armadura de couro marrom e parecia ter minha idade.

E,de alguma forma, eu sabia que ele mão estava do lado dos Olimpianos.

Murmurei um feitiço simples e, num instante, os pés e as mãos do garoto estavam amarrados por cordas mágicas.

Ele deu um pulo surpreso mas não conseguiu sair do lugar. Caminhei até o semideus e, quando finalmente cheguei em sua frente e vi seu rosto, me surpreendi.