Sonhos (pesadelos)

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Ontem havia sido um dia e tanto. Descobrimos na fogueira que Suzi é filha de Deméter e num instante Katie Gardner já havia a levado até o chalé 4. Geralmente Deméter não era uma deusa que costumava ter muitos filhos, então qualquer novo semideus que se mostrava ser filho dela era uma surpresa genuína por parte de todos.

Também compareci ao Conselho dos Anciãos do Casco Fendido e, graças aos deuses, eles não tiraram a licença de Grover de buscador, mas tirariam em uma semana caso ele não conseguisse provar as alegações de que Pã havia o chamado.

Além disso, Percy chegou ao Acampamento após um encontro que nem chegou a acontecer com Annabeth. Eles acabaram se metendo em alguma confusão na escola e não conseguiram ir ao cinema, vieram direto para a Colina Meio-Sangue.

Quando finalmente chegou aqui, Annabeth contou a ele sobre o labirinto e sobre sua teoria de que Pã está escondido nele, discutimos isso durante todo o jantar e então finalmente fomos dormir. 

Quando cheguei no chalé de Hermes minha cabeça martelava, pensando na série de eventos que vinham acontecendo, não poderia ser só coincidência. O labirinto, Chris Rodrigues, Cronos,Pã... era óbvio que tudo estava ligado.

Por que Cronos queria tanto o labirinto? Não era para uma invasão ao Acampamento, Clarisse garantiu que a entrada mais próxima fica em Manhattan. Poderia ser para tentar se locomover por aí sem levantar suspeitas mas o labirinto é enorme e mesmo com o fio de ariadne para guiar, ele continua sendo perigoso.

Os planos do Titã estavam bem disfarçados e isso me incomodava profundamente.

E ainda havia meu sonho com Luke. O garoto me dissera que Cronos estava planejando fazer algo com ele, ele parecia desesperado, com medo. Obviamente se questionava se não tinha ido longe demais.

O livro escondido debaixo de minha cama chegava a me chamar, me atraia tão fortemente que em alguns momentos parecia estar chamando meu nome.

"América..." O livro sussurrava num tom arrastado como o falar de uma cobra "América..." ele me chamava tão alto que tive medo dos outros campistas no chalé conseguirem ouvir. Mas não. Só eu conseguia escutar a voz infernal, ou melhor, as vozes.

Eu estava deitada na minha cama, apertando o travesseiro fortemente contra o rosto e tentando ignorar a voz, o barulho de algo se quebrando debaixo de minha cama e dos vento passando pelas janelas. Não consegui dormir, não consegui nem desviar os pensamentos, tudo que eu conseguia prestar atenção era no livro me chamando.

Ele queria que eu o abrisse novamente, afinal de contas, era um objeto mágico. Mesmo sem conseguir falar ele tinha certa autonomia, entendia algumas coisas e naquele momento, estava louco para que eu entendesse seu conteúdo, para que eu buscasse pela magia dentro dele.

Quanto mais tempo foi se passando, mais fui percebendo que a voz não era só uma, mas uma junção de várias vozes que pareciam sussurros distantes e se juntavam para formar uma só voz potente o suficiente para me manter acordada.

As vozes pareciam de espíritos, fantasmas aprisionados implorando por algo, implorando por mim.

Calem a boca! Gritei dentro de minha própria cabeça. É claro que elas não ouviram.

Um arrepio percorreu por meu corpo e o vento que entrava pela janela foi tão forte que o lençol que estava por cima de meu corpo voou para o lado da parede me deixando parcialmente descoberta.

"Seu pai te chama, América." As vozes falaram.

E eu apaguei.

~~

Eu nasci num país distante dos Estados Unidos.

Um país com praias, comida boa, dança e esportes. Isso é claro, para os trouxas e mortais normais.

When Worlds CollideOnde histórias criam vida. Descubra agora