"Eu fumei algo que vai me nocautear, de alguma forma esse corpo não fica apenas para baixo, para baixo"
Labrinth– when i r.i.pAnne
Vestida apenas com roupas íntimas, sentada na cadeira, lá estava eu, encarando as coisas que Cristian havia me entregado– e a garrafa de Vodka que eu havia comprado horas atrás– que estavam sobre a superfície de madeira do criado mudo.
Eu vi que ontem você gostou bastante do que usou que eu achei que gostaria de experimentar de novo
A fala de Cristian ecoava pela minha cabeça, me lembrando de cada palavra que ele me disse e com base nisso, me deixava sem acreditar no que talvez tivesse acontecido naquela casa.
Pensei em jogar fora tudo isso que Cristian me dera, mas eu queria muito saber o que tinha naquelas simples coisas que me fez gostar tanto, apesar da resposta ser meio óbvia. Me aproximo com a cadeira que eu estava sentada até o criado mudo, determinada no que eu iria fazer, pego o saquinho transparente e despejo todo o conteúdo que estava dentro do mesmo na dimensão fria, não sabia realmente como se usava aquilo então decidi me guiar pelos filmes que eu havia assistido.
Alinho aquela cocaína e tapo um buraco do nariz concentrando toda a minha respiração do outro lado, inalando todo pó que estava em cima daquele pequeno móvel.
Aquilo me trouxe uma pequena tontura que se eu não estivesse sentada, seria uma queda certeira. Encho o pequeno copo com a vodka que eu havia comprado e logo após vira-lo de uma só vez, sinto o líquido descendo pela minha garganta e esquentando a mesma, trazendo mais efeito para a cocaína e me oferecendo mais alucinações e animações ao extremo.
Eu sentia meu sangue subir, meus olhos arregalarem, minha pupila dilatando e uma vontade imensa de correr por todo lugar, eu sentia que eu estava pronta pra, se possível, enfrentar dez mil batalhões de soldados bem armados. Meus batimentos cardíacos estavam mais acelerados que nunca, comparados com a minha primeira vez tomando as minhas pílulas que já me salvaram várias e várias vezes.
Mas pressinto que não irei precisar mas delas.
[...]
A aula já havia começado e eu só estava querendo que ela acabasse. Apesar da cocaína te trazer uma sensação maravilhosa, ela acaba, e no dia seguinte quem vai estar acabada é você, você vai sentir suas energias mais baixas e a vontade de fazer alguma coisa irá desaparecer, como se nunca estivesse existido um dia.
Mas apesar da sua sensação ser momentânea e só durar alguns minutos, você vai querer usar mais, mais e mais e logo vai estar se vendo em uma prisão desse vício duradouro, se perguntando o porquê de não ter parado na primeira vez que usou.
E é exatamente isso que está acontecendo comigo.
Eu sinto que meu corpo tá começando a ser depende dessa sensação e que mais cedo ou mais tarde, eu estarei submissa naquela droga.
Isso pode ser um grande problema que eu enfrentarei mais a frente, porém, estupidamente, decido não me preocupar com isso agora.
Apesar de nunca ter ninguém pra conversar ou desabafar sobre um determinado assunto– e de já estar acostumada com isso– a presença de Jacob estava me fazendo falta nesses últimos dias, nunca mais o vi na escola, com aquela "fantasia" de mulher, ou em qualquer lugar e eu estava com uma estranha saudade de conversar com ele.
A nossa conversa de dias atrás fez minha solidão diária diminuir um pouco, porque pela primeira vez, depois de anos e anos, eu me senti acolhida por alguém e era esse sentimento que eu estava me fazendo falta.
Eu precisava da companhia de Jacob pra preencher essa emoção.
A saudade de Jacob fez minha mão se mover, discretamente, até o meu celular que estava no meu bolso. Deslizo a tela inicial e vou até o Instagram me direcionando até o seu perfil e determinada a mandar a mensagem que ia exterminar a minha saudade.
Oi Jacob! A gente pode se ver hoje?
Preciso muito falar com você
Pode ser na pracinha se quiser
Dessa vez eu pago o sorvete :)– Senhorita Anne - fala a professora me dando um leve susto e fazendo eu acionar toda a minha velocidade para guardar o celular e retirar os olhares dos alunos que se direcionaram até mim, dentre eles, o de Jack – Celulares não são permitidos em sala de aula
– Desculpa professora, era urgente
– Dessa vez passará, mas na próxima...
– Não vai ter próxima
– Assim espero - fala firme e volta sua atenção para a sua explicação da aula– Então turma como eu estava dizendo...
Guardo meu celular, já na esperança que Jacob não demorasse tanto pra responder. Percebo o olhar sarcástico de Jack voltado para mim, sem entender, retribuo o olhar e o mesmo revira os olhos voltando sua atenção para a aula e pensamentos de, como ele atua com as suas ações e no dia seguinte, age como se nada tivesse acontecido, se despertam na minha cabeça, mas tento não manter esse pensamento por muito tempo.
Pensar de mais tem sido mais um vício pra mim.
[...]
Procurar o que meu corpo estava almejando era o meu único objetivo naquele meu quarto simples. Revirava cada canto dele, mas não encontrava nada, eu já estava sentindo meus braços começar um tremor e já previa meu desespero para os remédios.
Ao perceber que meu ambiente de descanso estava completamente desorganizado, me sento na cama, desistindo de procurar o que eu estava desejando. Já estava cansada o suficiente pra continuar aquela caça então a minha única opção em mente era desistir.
Mas a minha mente ainda me motivava a continuar procurando mas a minha estrutura física me impedia de transformar essa motivação em ação, então decido ficar sentada na cama, encarando um ponto fixo do chão e tentando relembrar o local que eu coloquei aquelas coisas.
Até inclinar meu olhar pra baixo do criado mudo.
O plástico refletindo o chão de madeira, chamou minha atenção. Me levanto e me agacho tendo um contato com o chão e sentindo a frieza do mesmo, ao identificar o plástico jogado pelo chão, inclino meu braço até a brecha entre o criado mudo e o chão. Sinto as pontas dos meus dedos alcançando o plástico e logo um sorriso surge em meu rosto.
Puxo o objeto deixando ele mais visível para mim destruindo o sorriso que antes estava estampado no meu rosto.
Vazio
– Merda - resmungo rapidamente ao perceber que o pequeno pacote plastificado que Cristian havia me dado, estava vazio e que todo conteúdo havia acabado.
Se você gostar e querer mais, é só me encontrar naquela casa que Jack te levou.
[...]
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My Angel | ⁰¹
Teen Fiction❝𝑂𝑏𝑟𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜 𝐽𝑎𝑐𝑘, 𝑒𝑢 𝑠𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑢 𝑎𝑛𝑗𝑜, 𝑣𝑜𝑐𝑒̂ 𝑚𝑒 𝑑𝑒𝑢 𝑎𝑠𝑎𝑠 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎 𝑒𝑢 𝑠𝑒𝑖 𝑣𝑜𝑎𝑟❞ Nunca subestime a capacidade de alguém entrar na sua mente e fazer de você o seu brinquedinho porque foi exatamente isso que aco...