𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑣𝑖𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑠𝑒𝑖𝑠

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"O que está tentando fazer comigo? Não conseguimos parar, nós somos inimigos mas nos damos bem na hora H. Você é como uma droga, está me matando"
Maroon5– Animals

Anne

Os sons da televisão do quarto do meu pai, preenchia todo o silêncio infinito que, antes, existia no local, as nossas risadas se misturavam e se espalhavam por nossos ouvidos enquanto, eu, meu pai e Janete, assistíamos a mais um filme de Charlie Chaplin, o ator favorito do meu pai.

Eu olhava para ele e sentia meu coração esquentar ouvindo a sua risada e o seu eu se esvair em felicidade. O seu riso, seguido de algumas tosses, era algo que me deixava triste e feliz ao mesmo tempo, eu sabia que a qualquer momento ele iria morrer, e que eu não teria mais ele por perto, teria apenas lembranças de sua feição cansada e de seu sorriso fraco.

– Acabou? - diz meu pai meio triste fazendo minha atenção voltar-se para televisão perto da janela que nos dava uma ampla vista para a noite que se formou lá fora.

– Se você quiser, eu posso colocar outro

– Não, não, não, já passou da hora de você ir dormir - diz Janete se levantando de onde estava sentada, olho para o meu pai que estava entediado escutando o breve sermão que Janete dizia para ele; Você tem que repousar, o repouso é ótimo para produzir células e proteínas para o sistema imunológico e blábláblá. Ela parecia até uma médica falando.

– Tá bom, tá bom, acho que o Senhor Sebastian já entendeu não é mesmo? - digo sorrindo e olhando para o meu pai,  levanto e dou um beijo na sua testa, apago a luz e saio do quarto juntamente com Janete que, ao me ver fechando a porta, pega no meu pulso, chamando a minha atenção.

– Anne, agora que estamos a sós, eu preciso contar uma coisa para você - diz me olhando preocupada– Os remédios não estão fazendo efeito, está se agravando cada vez mais, o médico disse que talvez medicações e tratamentos mais forte e mais constantes possa cura-lo

– Quanto isso tudo pode custar? - o seu gesto de se manter calada e abaixar a cabeça já me dizia tudo.

– Você sabe que essas coisas não são tão baratas como imagina - diz meio entristecida

– E o pior que ainda me despediram do trabalho que eu estava - digo em baixo tom, mas infelizmente, os ouvidos de Janete era tão apurado quanto os de qualquer outra pessoa.

– O que?! O seu chefe não sabia do que você está passando? Porque ele fez isso? - fala me olhando com raiva.

Eu queria muito dizer o que estava acontecendo, mas apesar de Janete ser como uma segunda mãe para mim, mentir era a melhor opção, e também, como que eu iria falar a verdade para ela?

Ah acontece né? Um hacker invade seu celular, te preciona psicologicamente e no final te põe em um beco sem saída.

Iria elevar a sua preocupação ou ela iria até mesmo achar que a gente estaria correndo perigo.

– Ele só pensa em si mesmo Janete, já era de se esperar isso

– Mas a gente vai conseguir, o seu pai vai melhorar - a sua mão se entrelaça na minha enquanto ela me olhava com um sorriso acolhedor no rosto.

Mas de repente um barulho estrondoso vindo do quarto do meu pai chama a nossa atenção e rapidamente faz com que as nossas mãos se desfazessem. Guio-me até a porta e abro-a rapidamente, arregalo os meus olhos e miro o meu olhar até a cama que meu pai estava deitado com seus lençóis que antes estavam brancos como a neve, mas agora, estavam manchados de um vermelho vibrante.

Olho para a janela e, com a luz da lua, consigo enxergar um homem com vestimentas pretas prestes a pular, mas antes, mira o seu olhar no meu e rapidamente consigo identificar o que estava em seu rosto e de quem se tratava aquelas roupas e toda aquela caracterização.

A máscara branca com um sorriso assustador e uma sobrancelha com o mesmo tom das suas roupas.

Era ele.

Minha respiração ficou ofegante enquanto eu olhava para ele e para o meu pai ensangüentado na cama, sem vida. Senti meu corpo mais leve, estava prestes a desmaiar ao encarar o que estava acontecendo, lágrimas e mais lágrimas se libertavam pelo meu rosto enquanto o meu corpo se mantinha paralisado, sem poder se mover, era como se o tempo parasse naquele exato momento, no mesmo instante que os meus olhos se encontraram com os dele.

Mas logo a realidade volta ao ver aquele homem sumindo do meu campo de visão, pulando a janela e fugindo do local, deixando apenas, eu e a minha vontade de acordar daquele pesadelo.

Mas não era um pesadelo, era a realidade.

Um grito desesperador proferir-se através da minha boca, corro até o meu pai e balanço o seu corpo, preciono o local exato do seu coração, na intenção de faze-lo voltar a vida, mas aquilo era apenas tentativas falhas, ele já estava morto.

– Pai... Por favor acorda, não me deixa - digo ainda precionando o seu coração, as minhas lágrimas caem sobre o seu corpo enquanto eu encarava a sua pele pálida e chorava sem cessar ainda não acreditando no que havia acabado de acontecer.

Meu mundo havia desabado naquele momento, ver o corpo do meu pai sangüentado na minha frente destruiu com a minha vontade de viver.

Abraço Janete que estava do meu lado, também incrédula do que aconteceu naquele momento, os gemidos do seu choro estava sendo abafado pela sua mão que se encontrava cobrindo a sua boca, mas agora estava entrelaçada nas minhas costas, tentando acalmar os meus ânimos de tristeza e desespero.

Porque ele estava fazendo aquilo justo comigo? Porque eu?!

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora