𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑡𝑟𝑖𝑛𝑡𝑎 𝑒 𝑠𝑒𝑖𝑠

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"O que começou com uma briga, transformou-se em uma situação complicada, só de pensar no momento que eu estou enfrentando me faz querer chorar [...] E eu peguei seu coração quando atirei com a arma [...] Homem morto!"
Rihanna- Man down

Narrador

Anne estava sem reação, não conseguia pensar em nada pois aquilo foi como empurra-la da beira de um abismo. Aos poucos ela se aproxima da gaveta só para ter certeza que aquilo era realmente verdade e que aqueles objetos não eram coisas que a sua cabeça inventou.

E realmente não era.

A arma de superfície gelada entrou em contato com a sua mão enquanto a outra pegava um envelope amarelo com a foto do seu pai na capa e a máscara. Anne entendeu tudo dessa vez, agora tudo faz sentido, agora ela terá mais motivos para ver o sangue de Jack escorrer pelo chão, agora o seu sentimento de tristeza não irá atrapalha-la na sua execução, por mais que os seus olhos estejam totalmente arregalados e cheio de lágrimas enquanto ela encarava aqueles objetos, vários sentimentos corriam apressadamente pela sua corrente sanguínea.

A verdade realmente dói, ainda mais quando ela vem de uma pessoa que você sempre quis ter pôr perto. Ela queria vingança de quem matou o seu pai, mas não imaginava que o cara que transformou a sua vida em um inferno, era o mesmo que ela havia entregado o seu corpo de bandeja.

Os passos da escada estavam audíveis para qualquer pessoa que estava na casa escutar, mas Anne, devido a paralisia, não estava conseguindo ouvir nada, todos os seus sentidos foram bloqueados, a sua visão estava fixada apenas naquelas coisas que estavam sobre as suas mãos que se mantinham completamente trêmulas e sem forças assim como todo resto do seu corpo.

- O único remédio para dor de cabeça que eu encontrei foi esse aqui, mas nao sei se você tem algum tipo de alergia - Anne levanta o seu rosto ao ouvir a voz de Jack se espalhar pelo quarto.

Aniquile a vida dele Anne

Anne tinha vozes na sua cabeça que não se calavam e só apareciam em horas indesejáveis e fazia com que ela executasse ações que ela jamais faria se estivesse em seu estado normal.

Ainda com as mãos trêmulas, Anne pega com firmeza aquela arma gelada e liberta a máscara e o envelope de suas mãos. A atenção de Jack focou-se naqueles objetos caindo no chão e de repente o seu sangue gelou ao ver que Anne havia descoberto tudo que estava acontecendo e mesmo que ele falasse qualquer coisa, não iria fazer com que Anne voltasse a ser como antes.

A sua raiva, que já estava grande, agora ficou maior ainda e na sua cabeça só haviam milhares de vozes que ela nao sabia controlar, todas elas diziam a mesma coisa, todas elas queriam Jack morto.

- Você matou o meu pai - diz Anne em um tom baixo enquanto Jack continuava com os olhos arregalados diante daquela situação.

- Sim - Jack se recompõe e retira a sua atenção para o que estava jogado no chão e apenas encara Anne que estava de costas ainda segurando a arma com mais firmeza depois que aquelas palavras saíram da boca de Jack- Eu matei seu pai - Jack não tinha mais o que fazer, qualquer desculpa que ele desse seria inválida, afinal, Anne estava com a prova do crime em suas mãos.

- VOCÊ MATOU MEU PAI - grita Anne que vira-se bruscamente e fica de frente com Jack com aquela arma que ele usou para matar o seu pai, mirada diretamente para o seu corpo- Você transformou a minha vida em um inferno e ainda teve coragem de fazer eu ficar apaixonada por um filho da puta que você é - Anne já não conseguia segurar, as lágrimas salgadas já estavam rolando pelo seu rosto salgado porém a sua feição de ódio permanecia intacta.

- Eu fiz da sua vida um inferno?- diz soltando o remédio é o copo com água, que já estava despedaçado pelo chão- Você deveria me agradecer por ter te tirado dessa rotina desgraçada que você tinha, sempre dopada de remédios e sendo escravizada em uma boate de merda para ganhar uns míseros trocados

- Voce quer que eu fale o que? Te agradeça? Você destruiu a minha vida Jack e agora eu vou destruir a sua - diz Anne mudando o tom de voz, segurando a arma estoicamente e pondo o dedo no gatilho.

Todo esse diálogo chamou atenção de alguns ouvidos.

Talvez fosse mais uma mentira de Jack ao dizer que eles estavam sozinhos em casa.

- Quer me matar? Vamos Anne! Me mate! - diz Jack se rendendo de uma forma fria enquanto Anne continuava a mira da arma no indivíduo que estava a sua frente.

As lágrimas continuavam caindo e a sua mão continuava trêmula, ela não imaginava que apertar um gatilho seria tão difícil assim, não imaginava que enfrentar toda essa situação seria como uma tortura.

- Tá vendo? Você não consegue, sem mim você não consegue nada, mesmo com tudo isso que eu fiz com você, você ainda continua sendo essa garotinha ingênua que entrega seu coração a qualquer garoto que lhe der três minutos de atenção - diz Jack com um sorriso no rosto, sabendo que Anne ainda estava lutando contra cada pensamento e cada voz da sua cabeça- Foi exatamente o que aconteceu com Jacob não é mesmo?

- ANNE! - Stéfany se retira de onde estava, ao ouvir todo o diálogo de dentro do banheiro. Ela sabia que a cada palavra que Jack falasse, iria apenas despertar mais fúria de Anne, que apesar da pequena coragem, ainda estava decidida de matar Jack.

- Você não consegue Anne, abaixa logo essa arma e continua a sua vidinha de merda normalmente - diz Jack sem desviar a sua atenção para Stéfany que permanecia do lado de Anne

- Anne, abaixa essa arma - diz Stéfany, porém nao importava o que eles diziam, as vozes na cabeça de Anne nao deixava ela escutar qualquer frase que falasse o contrário de matar Jack

- Você não merece viver - diz Anne permanecendo com a mira em Jack que solta uma gargalhada irônica

- Você é patética Anne, tenho muita pena de você, talvez você so esteja drogada e só tá fazendo esse teatrinho para me intimidar, mas saiba que ninguém me intimida

Talvez aquelas palavras não eram as melhores para se dizer para uma pessoa que está com uma arma carregada em suas mãos.

- Te encontro no inferno Jack - o estrondo da bala se retirando da arma se espalhou por toda a casa que antes permanecia em silêncio.

A bala ultrapassava o ar, indo de encontro a Jack que estava parado, surpreso pela ação de Anne, talvez ele nao imaginaria que ela era teria coragem de cometer tal ação, mas olha quem ele estava subestimando: o monstro que ele mesmo criou.

- JACK! - o grito do pai de Jack prevaleceu após o seu corpo ser inclinado para os lados e a bala que já estava a poucos centímetros de encontrar com Jack, ultrapassa o corpo do Senhor Pitter.

O corpo estava no chão e o vermelho vibrante se espalhava por aquele piso frio.

Não era o corpo de Jack que estava jorrando sangue.

A bala não acertou o alvo.

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora