𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒𝑧𝑒𝑛𝑜𝑣𝑒

1.4K 101 15
                                    


"Meu garoto não me ama como ele prometeu, meu garoto não é um homem e também não é honesto. Meu garoto está suspeito e ele também não sabe como xingar, ele apenas está tentando ser igual ao seu pai, meu garoto é feio quando chora mas ele mente tão lindamente"
Billie Eilish– My boy

Jack

Saio do escritório do meu pai indo em direção ao meu quarto, encarando aqueles papéis que estavam em minhas mãos que descreviam detalhadamente como era o meu alvo. Fico pensando se essa realmente foi uma decisão certa a ser tomada e que não iria me prejudicar no futuro, porque como meu pai, com o seu orgulho hereditário, me disse um dia: Se importe apenas com você, porque quando você precisar, será você por você mesmo.

Eu sempre levei essa sua frase na minha vida, por mais fria que ela seja, e a sigo como um mandamento a ser obedecido, aliás, desde quando eu obedeci essa simples frase, sempre me dei bem, tendo todas as coisas que eu queria em minhas mãos.

– Jack, preciso falar com você - ouço a voz de Stéfany interrompendo o meu trajeto até o meu quarto

– O que você tá fazendo aqui? Quem te deixou entrar? - digo surpreso com a sua visita inesperada

– Eu não sou nenhuma desconhecida na sua casa Jack

– Tanto faz - falo indo até o meu quarto e a mesma vem atrás de mim. Fecho a porta do mesmo assim que Stéfany adentra ao local, jogo os papéis em cima da cama e a olho entediado esperando ela falar alguma coisa– Vai falar logo ou só veio aqui pra ficar olhando pra minha cara?

– Jack, eu estou grávida - fala sorrindo enquanto eu a olho da mesma maneira de antes, sem expressões, apenas querendo que aquele assunto acabasse.

– Parabéns, quem é o pai? - digo me direcionando até o meu criado mudo, onde, sobre ele, estava uma bandeja prata, uma vodka e um copo de vidro. Tento me distrair colocando a bebida transparente no copo que estava ao lado enquanto Stéfany me olhava sem entender.

– Como assim quem é o pai? Eu só tranzei com você, você é o pai! - sua fala despertou em mim uma risada e um olhar confuso da garota loira que estava na minha frente.

– Você vai abortar então - digo calmamente, mesmo sabendo que o sonho dela era ser mãe, enquanto dava um gole na bebida que estava no copo

– O que?! Você tá louco? Eu não vou abortar essa criança, se você não quiser cuidar dela, eu cuido, eu tenho recursos suficiente para dar uma vida boa para ela e não se esqueça que eu ainda tenho o vídeo - diz retirando o celular do bolso do seu short jeans e me olhando com uma feição de satisfação seguido de um sorriso no canto da sua boca.

– Sério? Então me mostra de novo, acho que eu me esqueci o que eu fiz - falo sério e ela me olha sem entender, apenas me obedece enquanto eu esperava a reação que eu estava pressentindo que ela tivesse.

Os seus dedos se movimentavam para um lado e outro sobre a tela daquele celular, passando fotos e mais fotos da sua galeria, vídeos e mais vídeos, só que nenhum era o vídeo desejado para aquele momento.

– O q-que você fez? - ela me olha assustada enquanto tropeçava nas palavras.

– Nada demais, só não estou mais em suas mãos. Você se achou esperta demais não é mesmo? - falo dando uma breve risada enquanto olhava sua reação– Você achou mesmo que eu iria recusar a sua proposta de sexo todo dia? Como você é burra.

– Filho... da puta! - fala com ira após descobrir o que eu realmente havia feito

– Ah isso, me xinga eu não me importo assim como eu não me importo com essa criança, mas iai, que dia vai abortar?

– Eu não vou abortar, já disse!

– Ah sim, você vai sim - falo pondo o copo que estava em minhas mãos de volta no local que ele estava anteriomamente, cruzo os braços e me apoio no criado mudo determinado a continuar minha fala– Se eu conheço bem os seus pais, eles não estão querendo ser avós agora, eles iriam perceber que um filho iria atrapalhar o futuro brilhante que eles criaram para sua única filha. Melhor faculdade, melhor emprego e até mesmo toda a fortuna de sua herança. Mas com um filho? Você seria só mais uma filha abandonada pelos pais, sem ter onde morar, sem toda essa mordomia, sem faculdade, sem melhor emprego, sem herança... - dou uma pausa para encarar a sua reação desesperada enquanto o meu olhar sério se mantinha nela– E com um filho para dar de comer, e nem adiantaria pedir minha ajuda, eu posso muito bem fingir que não te conheço - termino a minha fala ainda com os olhos fixados em Stéfany que, facilmente, desabou-se no chão chorando, como um papel é solto ao vento.

– Porque você fez isso? - diz levantando a sua cabeça e me olhando com raiva enquanto várias lágrimas caiam dos seus olhos– VOCÊ É UM MONSTRO! - a sua voz foi alterada, mas aquilo não me incomodou, apenas me irritou pelo fato dela ter se achado mais esperta do que eu e ter tido certeza que iria sair como vencedora.

– Sim Stéfany! Eu sou um monstro, mas geralmente os monstros são mortos pelos príncipe nas histórias, não é mesmo? - digo me aproximando do seu corpo jogado no chão frio do meu quarto– Mas nessa história, eu que mato o príncipe - digo com uma voz grave enquanto olhava para ela que me jogava um olhar matador.

Sentia o seu ódio crescendo cada vez mais sobre mim, as suas energias negativas seguidas de uma vontade que, com certeza estava sendo controlada por ela, de pular no meu pescoço e ativar toda a sua capacidade de ferir alguém fisicamente, mas não deixo essas coisas me intimidarem, eu ainda continuava com o meu olhar firme sobre ela mantendo o meu ar de superioridade.

– Eu te odeio - ela diz entre lágrimas e ranger de dentes raivosos

– Me odeia? Porque? - digo desviando o meu olhar e sabendo a resposta para essa pergunta– Olha Stéfany, quem já está acostumado a viver na luz, não quer ir pras trevas, porque sabe que lá é um lugar ruim e todos nós somos desse jeito. Todos nós queremos conviver na luz, fazemos de tudo para estar nela e eu só estou fazendo o mesmo, estou continuando algo que todos nós fazemos. Então quer dizer que você me odeia por estar seguindo o exemplo de todos os seres humanos, inclusive o seu? - falo revirando os olhos– Você é patética - digo olhando para ela com nojo.

Ignoro a sua presença ali e pego meus papéis que estavam em cima da cama, vou em direção a porta e saio do meu quarto, deixando-a sozinha naquele compartimento, chorando e se lamentando do que havia feito – e talvez até me odiando ou pensando em algum jeito para se vingar do que eu havia feito com ela.

Mas foi merecido.

Ela se meteu com quem não devia e eu não iria deixar isso passar tão fácil.

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora