𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑜𝑛𝑧𝑒

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"Eu estou ficando louco até que eu morra, eu tenho anjos nos meus ombros com o diabo na minha cabeça"
Hippie Sabotage– Options

Anne

Passando pelos corredores de piso branco e prateleiras cheias do supermercado, continuava escolhendo algumas coisas que eu iria levar pra casa. Tive que ter uma grande força de vontade pra me levantar da cama e vim fazer as compras, eu estava exausta, mesmo descansando a tarde toda, eu sentia que pra ter os cem por cento das minhas forças, precisava mais que uma tarde de descanso.

Apesar de nunca ter os meus cem por cento de forças.

Eu ainda estava tentando me lembrar o que aconteceu depois que eu entrei naquela casa com o Jack, mas mesmo que eu me esforçasse pra lembrar de algo, eu não conseguia.

Foi como entrar numa máquina sulgadora de memórias – se é que isso existe.

Sugou as minhas memórias ruins que estavam me atormentando e levou embora as lembranças do que aconteceu naquela casa, só deixou dores por todo o meu corpo que não importava o tanto de remédios que eu ingeria, ela continuava ali.

Passo pela seção de bebidas alcoólicas e encaro todas aqueles vidros transparentes com rótulos sofisticados com os seus respectivos nomes naquelas prateleiras de textura de madeira queimada. Eu nunca fui de beber muito, bebia só as vezes mas parece que hoje despertou uma vontade muito grande de ingerir aquelas bebidas, parecia que o meu pequeno vício por bebida queria se alastrar e tomar conta de mim.

Cada rótulo com diversos líquidos  diferentes sobre aquelas prateleiras, minha mente fez meus conhecimentos sobre bebidas se manifestarem, me induzindo a escolher alguma Vodka e ir pra casa.

Imperia

Vou até o caixa e quando chega a minha vez, espero a moça passar tudo enquanto a senhora de cabelos brancos amarrados em um coque colocava os produtos no carrinho.

– Preciso da sua identidade - fala após pegar a vodka e me olhar desconfiada mas mesmo assim a obedeço. Ela analisa o papel que eu havia entregado em suas mãos e logo depois me devolve, me autorizando a levar a bebida. Guardo o mesmo no meu bolso e começo a ter a impressão que havia alguém me observando, percorro meu olhar ao redor do campo de visão que eu tinha sobre o supermercado, a procura da pessoa que estava me olhando mas não via ninguém, todos estavam focados nas suas compras ou na pequena máquina de refrigerante que tinha ali perto.

Olho para a saída do supermercado e vejo um garoto de cabelos loiros e uma jaqueta de couro preta com os olhos vidrados em mim, ao perceber meu olhar, o mesmo sorri de lado ja obtendo a atenção que ele queria após me encarar por segundos.

– Deu 60 reais moça - fala a garota sentada na cadeira rolante do caixa, conseguindo a minha atenção que antes estava voltada para aquele menino de jaqueta preta na saída do supermercado.

Dou o dinheiro pra ela e saio dali caminhando até a saída onde estava o garoto que eu queria passar despercebida mas pelo visto, seria impossível pois ele não parava de olhar pra mim. Me observava a cada passo que eu dava me deixando um pouco desconfortável, percebo que eu estava chegando mais perto da saída e do lugar que ele estava então resolvo abaixar a minha cabeça e não manter mais contado visual com aquele garoto.

– Oi, você é a Anne né? - fala me barrando no local onde estava parado

– Sim, nós nos conhecemos? - falo levantando a minha cabeça e o estranhando

– Claro! Nos conhecemos ontem na casa que Jack te levou, talvez você não se lembre de mim mas prazer, me chamo Cristian - fala levantando a mão

– Prazer Cristian - digo apertando a mesma, enquanto ele continuava me encarando– Eu adoraria conversar mais um pouco mas eu preciso ir, desculpa - falo empurrando o carrinho depois de sentir que aquele olhar do tal Cristian não estava me passando tanta confiança.

– Espera ai - a sua mão aperta levemente meu braço me fazendo parar– Eu não vou fazer nada com você - ele leva os seus dedos para algumas mechas do meu cabelo bagunçado, que estavam no meu rosto, movimentando-as delicadamente para o lado com a ponta dos seus dedos. Ele analisa o carrinho e foca na Vodka que estava um pouco fora da sacola branca, estando visível para ele– Imperia? - diz  inclinando a cabeça e pondo suas mãos na jaqueta– Ciroc é muito melhor - fala e eu reviro os olhos seguidos de um pequeno sorriso com os lábios

– A Vodka Imperia é destilada oito vezes, é filtrada por carvão vegetal quatro vezes e filtrada por cristais de quartzo mais de duas vezes, é eleita a vodka mais pura do mundo e o teor alcoólico é de 40%, além de ser a receita do cientista e criador russo da tabela periódica, enquanto Ciroc é feita de frutas do Sul da França

– Pelo visto você sabe mesmo sobre Vodkas - diz dando uma leve risada

– Eu trabalho numa boate, pelo menos disso eu deveria saber - falo rindo junto com ele

– Mas eu não vim aqui pra falar de Vodkas, vim pra te entregar alguns produtinhos

– Que produtinhos? - falo já imaginando o que ele estava falando

– Eu vi que ontem você gostou bastante do que usou que eu achei que gostaria de experimentar de novo

– Desculpa, mas o que eu usei ontem?

– Você realmente não se lembra? - pergunta e eu nego com a cabeça e com esse gesto ele olha ao redor do local e retira a sua mão da jaqueta– Toma, ai tem quatro gramas e uma caixinha cheia de cigarro de maconha - fala pondo um saquinho transparente preenchido por um pó branco e a caixinha que era praticamente do tamanho da minha mão– Presentinho do seu amigo Cristian, faça bom proveito - fala sorrindo– Se você gostar e querer mais, é só me encontrar naquela casa que Jack te levou. Ah e obrigada pela aula sobre Vodkas - fala ainda mantendo o sorriso em seu rosto– Tenha uma Boa noite pequena Anne - fala virando de costas e se retirando do lugar que estava, me deixando sozinha com aquilo na minha mão.

Percebo que havia alguém vindo então resolvo colocar aquelas coisas no bolso da calça, na intenção que ninguém veja.

[...]

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora