𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑣𝑖𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑛𝑜𝑣𝑒

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"Um coração partido, quatro mãos ensanguentadas, as coisas que eu fiz, só para eu poder te chamar de meu"
Olivia Rodrigo- Favorite crime

Anne 

A água caia do chuveiro fazendo um barulho suave invadir o quarto que eu estava, abro os meus olhos e encaro o teto por alguns segundos, inclino meu rosto para o lado e vejo a porta do banheiro que estava a poucos metros de mim, passo as minhas mãos pela superfície macia da cama e dos lençóis estranhando o conforto do local e deduzindo que não estava em casa. Me levanto e sento na beirada da cama, analisando o lugar organizado que eu havia dormido e me lembrando da noite passada, mesmo não me recordando de vários detalhes sei que aquela noite ficara marcada na minha vida.

– Olha só que acordou - sinto a presença de Jack no quarto, ele estava parado na porta do banheiro com uma toalha cobrindo somente as suas partes de baixo, deixando a mostra o seu tanquinho definido e o seu sorriso que ao me ver sentada na cama, formou-se em seu rosto– Bom dia flor do dia, tá com fome? Se quiser tomar café acho que a mesa já estar posta 

– Acho melhor eu ir pra casa - digo pegando as minhas peças de roupas que estavam jogadas pelo chão

– Mas já? Você não acha que esta muito cedo ainda?

– Eu preciso resolver algumas coisas - falo com um sorriso nos lábios, terminando de pôr as minhas roupas e indo em direção a porta do quarto 

– Espera ai, você não quer que eu te acompanhe? - diz me olhando firme , eu assinto com a cabeça num sinal de afirmação e Jack vem ate mim, me guiando ate a enorme casa, passando por cômodos e corretores de grande tamanho ate chegar na sala.

– Jack, eu já falei pra você se vestir se quiser ficar passeando pela casa - a minha atenção se direcionou para um homem engravatado com um jornal em uma de suas mãos tomando café em uma xicara branca.

– Desculpe pai, não tinha percebido - diz parando o seu trajeto e o homem serio sentado na poltrona volta o seu olhar ate onde nós estávamos e logo pude reconhece-lo

Eu estava diante do prefeito da cidade

– Quem é essa? - fala me encarando

– Essa é a Anne, pai, minha... - diz concentrando o seu olhar em mim enquanto eu e o seu pai esperávamos por uma resposta– Amiga.

– Prazer Anne - diz o seu pai levantando-se de onde estava e vindo ate mim mudando totalmente a sua feição, pondo um sorriso simpático e cordial.

– Prazer é todo meu, senhor - minha voz sai meio falha e um pouco retraída 

– Não seja tão modesta senhorita Anne, qualquer amiga de Jack, é minha amiga também - diz libertando uma gargalhada que me fez dar um sorriso forçadamente apesar do quanto aquela frase soou estranha– Já tomou café? 

– Não senhor, mas...

– Então vamos, ande, ande, vamos ate a cozinha! Tenho certeza que vai amar o bolo da nossa nova cozinheira - fala me dando passagem ate o cômodo que eu diria que é o mais luxuoso da casa

– Não pai ela já esta de saída 

– Ah serio? - diz em um tom triste 

– Sim senhor, mas eu aceito o convite para outro dia - digo tentando ser simpática com o pai de Jack mas querendo sair daquele lugar que estava me deixando desconfortável.

– Vou esperar sua visita - diz sorrindo e falando com um tom malicioso, eu retribuo o sorriso e logo depois vou até a porta de saída, me libertando daquela casa e da presença do presidente que atraía uma sensação pesada.

Parada na calçada em frente a casa de fachada luxuosa, eu analiso o bairro que eu estava. Não fazia a menor noção de onde eu estava localizada e nem sabia como voltar para a minha residência, eu estava perdida porém com boas lembranças da noite anterior.

Ainda conseguia sentir os nossos corpos se tocando e se completando a cada posição trocada, aquilo serviu como uma dose de reavivamento, eu realmente precisava sentir o corpo de Jack junto ao meu, sentindo o seu calor e o prazer que ele conseguia me proporcionar.

Eu estava querendo ele pra mim como nunca antes.

– Anne? - ouço uma voz femina chamando pelo meu nome e tirando toda a minha atenção dos meus pensamentos maliciosos, me viro para olhar a dona daquela voz e me deparo com Stéfany.

– Oi Stéfany - digo com um sorriso e a mesma me olha confusa

– O que você está fazendo aqui? Tá perdida? - fala olhando pra mim e logo depois volta o seu olhar para a casa de Jack que estava logo atrás de mim

– Não é nada disso que você tá pensando!

– Você não ouviu mesmo o que eu te falei não é? - diz respirando fundo e logo depois soltando todo o ar preso em seus pulmões– Vem, eu te levo de volta pra sua casa - ela da meia volta, direcionando-se pra casa ao lado da que eu estava enquanto eu tentava acompanhar o seu passo.

– Não aconteceu nada lá dentro Stéfany, eu só pedi uma carona ontem pra ele - digo encarando a sua feição cabisbaixa enquanto ela não falava nada, só escutava algumas desculpas que saíam da minha boca, na intenção que ela acreditasse em algumas delas.

– Anne, eu preciso te mostrar uma coisa - diz me olhando

– O que?

– Entra na casa - os portões se abrem na mesma hora que ela para de falar e eu apenas obedeço meio desentendida mas curiosa ao mesmo tempo.

E digamos com um pouco de medo também.

As portas se abrem da grande casa branca com um grande gramado e uma piscina com uma água límpida e transparente o suficiente para enxergar o fundo pintado com um azul forte vibrante.

Subimos as escadas de mármore branca com alguns detalhes cinzas, indo até o seu quarto, passando por várias portas de, o que eu suponho que  seja outros quartos até parar no quarto de Stéfany, ela abre a porta e eu adentro ao local, analisando cada detalhe dali e focando nas grandes estantes de livros, todos bem enfileirados e organizados.

Sento na cama, esperando ela prosseguir com o que ela havia dito a minutos atrás, enquanto isso, eu encarava os seus movimentos vindo até mim e sentando do meu lado, ela ainda continuava de cabeça baixa organizando palavras para me contar o que eu estava esperando ouvir.

– Anne, Jack não é quem você pensa que é, não se engane com aquela fachada, com aquele personagem de garoto bonzinho que ele criou especialmente pra você - franzo a testa ao escutar aquelas palavras saindo da boca de Stéfany.

– O que você tá querendo dizer?

– Se afasta dele, é a única coisa que eu te peço

– Isso é algum tipo de ciúmes que você tá criando?

– Não, não, jamais! - diz dando uma pausa no que ela estava falando e ela me encara profundamente, eu conseguia sentir que Stéfany estava querendo me dizer algo, porém não sabia as palavras exatas pra falar essa tal coisa– Eu sei que eu não sou a melhor pessoa pra te alertar sobre ele - a sua mão se direciona até o bolso da sua calça preta, pegando o seu celular que estava guardado ali– Não sei como eu te mostro isso, mas é necessário que você saiba - encaro os seus dedos deslizando pela tela do celular enquanto minha ansiedade iniciava um alerta.

Meu coração palpitava, estava prestes a pular pra fora do seu devido local e a minha intuição espalhava um devasto arrependimento de ter conhecido Jack.

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora