𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑧𝑒

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"Isso é casual? Ou você está tentando passar sua vida comigo? Eu não quero pressiona-lo, mas eu quero um homem que fique e lute, fique e lute por mim"
Doja Cat– Casual

Anne

Abro a porta da casa que Jack havia me levado naquele dia, exatamente o endereço que Cristian havia falado caso eu quisesse mais.

E infelizmente, eu queria.

Adentro ao recinto, me sufocando com o cheiro do cigarro e das bebidas fortes que as pessoas estavam ingerindo. Não perco meu tempo tentando analisar o local, já que todos estavam fazendo aquilo que eles sempre fazem quando entram naquele local. Me impressiona o motivo daquela casa estar sempre cheia de gente, fazendo a mesma coisa todos os dias.

Parece um ciclo infinito que nunca acaba.

Pessoas entram, fazem a mesma coisa que nos dias anteriores, se despedem do ambiente e outras pessoas diferentes voltam com o mesmo objetivo das que haviam saído anteriormente. Logo após, as pessoas de antes retornam a casa enquanto outras saem e, ao ver que tem novas vagas pra participar desse ciclo, alguns m novatos entram, iniciando mais um vício que satisfará os seus desejos mas em breve destruirá sua vida.

Vou até a salinha que, se eu me lembro bem, é exatamente o local que Cristian poderia estar. Me direciono até lá e ao chegar, abro a porta me deparando com a sua presença no ambiente, acompanhado com mais duas garotas do seu lado com uma vontade maliciosa de abrir as pernas para aquele cara que estava prestes a injetar alguma coisa em suas veias.

– Olha só se não é a nossa querida Anne - ao perceber minha presença, sua mão foi retirada da seringa com uma ponta grande e fina que estava prestes a ter contato com o interior da sua pele– A que devo a honra?

– Preciso de mais - falo retirando o saquinho plástico transparente do meu bolso e jogando naquela mesinha de vidro que estava centralizada na sala, percebi seu olhar, seguido de um sorriso sarcástico, até o local que estava o simples objeto.

– Pelo visto você gostou mesmo - fala se aconchegando no sofá que estava sentado– Mas você pensa que é fácil assim?

– Do que você tá falando?

– Isso que eu te dei, foi meio que uma amostra grátis do produto, daqui pra frente, você vai ter que me pagar pra ter o produto. É um comércio. Eu vendo e você compra.

– Certo ‐ falo tirando alguma nota em dinheiro que havia no meu bolso esquerdo, jogando, da mesmo forma que o saquinho, na mesma mesinha e Cristian ao perceber o que eu havia feito, solta uma gargalhada espontânea.

– Você é bem lerdinha né? - fala se recompondo como antes– Eu não quero que você me pague em dinheiro, quero que você me pague de outra forma - o seu olhar estava centralizado em mim de uma forma perversa e então eu entendi o que ele estava querendo dizer.

Porém eu não queria fazer aquilo, não com ele que desde o primeiro dia não me transmitia confiança, mas era tudo que eu podia fazer pra satisfazer o meu pequeno vício. Enquanto ele me olhava com malícia, eu tentava pensar em outro jeito de conseguir aquilo com ele, não queria pedir pra outra pessoa por que essa outra pessoa poderia me pedir algo além que isso então resolvo obedece-lo.

Abaixo a minha cabeça focando o botão da minha calça, já sabendo o que eu iria fazer a partir de agora.

– Anne? O que você está fazendo aqui? - o comparecimento surpreendente de Jack se torna visível no local, chamando a minha atenção e me barrando do que eu estava prestes a fazer.

– Eu...

– Ela queria mais Jack

– Desde quando você usa? - fala surpreso e eu percebo o seu cinismo estampado em seu rosto

– Desde quando você me trouxe pra essa merda de lugar e me fez usar isso tudo

– O que? Eu fiz o que?

– Isso mesmo, agora se você quiser me dar mais, eu agradeceria, porque seu amiguinho aqui só quer me entregar se eu liberar pra ele - falo me referindo ao Cristian e o seu olhar se encontra com o de Jack que estava isalando uma certa ira no ambiente. Ele me olha novamente e me encara por alguns segundos, retira o mesmo saquinho do bolso, só que dessa vez, estava cheio.

– Toma, esse dinheiro aqui é seu? - fala e eu acinto com a cabeça logo após do mesmo ter me entregado o que eu queria na minha mão– Está pago, faça bom proveito- fala me olhando com raiva e saindo da minha frente, subindo as escadas que havia ali perto e desaparecendo do meu campo de visão, resolvo fazer o mesmo e esquecer a existência de Jack.

[...]

Passo pela porta da boate, logo após de apresentar meu crachá para os seguranças e eles autorizarem a minha entrada. O local ainda estava vazio, ja que eu havia chegado cedo de mais para trabalhar, olho até o balcão de mármore que divide a pista de dança iluminada com luzes de diferentes cores que mantinham uma sequência exata, da parte que estavam as bebidas que logo seriam entregues para as pessoas que iriam vim para este lugar, vejo David arrumando os pequenos copos de vidro nos seus devidos lugares, me aproximo dele, coloco minha bolsa no balcão fazendo com que ele percebesse a minha presença na sua frente.

– Anne? Por onde você estava garota? Eu fiquei preocupado, você não apareceu esses dias aqui

– Desculpa David, aconteceu algumas coisas

– Não é pra mim que você deve desculpas, é para o Senhor Farley, ele ficou puto com esse seu sumiço e disse que queria falar com você - fala desviando o seu olhar e mantendo uma pequena atenção para a direção atrás de mim– Falando no diabo - me viro para olhar para a comparação que David havia feito

– Senhorita Spenser! Que bom que nos encontramos, estava mesmo querendo falar com você - ele vem até minha direção, com o seu traje formal constituído por um terno e sapatos de couro.

A sua falsa alegria contagiava o ambiente mas eu sabia que ele era como cobra, aquele homem é esperto e astuto, pode parecer uma boa pessoa mas isso é apenas uma máscara que ele criou para se camuflar e atacar a hora que quiser.

Nunca se deve confiar em uma pessoa que é obcecada por dinheiro, muito menos em uma pessoa que nem o Senhor Farley.

– Boa sorte- fala David se retirando no local

– Olá Senhor Farley, o que o senhor queria comigo?

– Vamos até a minha sala, lá eu explico melhor

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora