"Quanto mais eu me solto, tu me prende mais, é bom de mais"Delacruz– Andressa
Anne
A aula já tinha acabado e eu já havia saído da escola apressadamente, tava com medo de Jack vim atrás de mim e querer vingança pelo que eu fiz com ele. Porque a sua regra é clara: me obedeça e você ficará bem, e eu além de desobedece-lo, ainda fiz aquilo, fiz por impulso. Naquele momento, dentro de mim, estava em pânico, eu sentia todo aquele nervosismo e tremor querendo se aposar do meu corpo e se isso acontecesse, a minha única opção seria ingerir mais duas ou três pílulas para que me corpo se acalmasse de toda bagunça mental que ele insiste em fazer.
Ainda andando com toda velocidade que eu podia alcançar pelas calçadas da grande cidade movimentada, ouço uma voz feminina chamando alguém, porém ignoro deduzindo que não era eu que a certa voz da pessoa estava querendo a atenção, continuo andando porém a voz mantinha-se em um tom alto e dessa vez, com mais repetição.
– Ei, ei - movida pela pequena curiosidade, paro de andar e inclino meu corpo para trás me deparando com a menina do banheiro tentando me alcançar.
– O que você quer? - falo e a mesma, que estava um pouco ofegante, para na minha frente, olhando diretamente pra mim.
– Ainda bem que você parou, pensava que ia ter que te seguir até a sua casa - fala com um sorriso no rosto e eu reviro os olhos– enfim, tava pensando se você não quer ir no parque tomar um sorvete ou ir pra outro lugar talvez, sei lá
– Desculpa, mas eu não posso, tenho muito trabalho hoje - minto
– Eu só queria me explicar sobre aquilo no banheiro - fala direcionando o seu olhar pra cima, indicando a mesma peruca que ela estava naquele dia.
– Sinceramente, não tenho o menor interesse nas suas explicações sobre o que aconteceu.
– Nós não vamos demorar muito eu prometo, só 30 minutos - fala e sorri com os lábios, decido me render a sua proposta ja que se eu não aceitasse, ela não ia sair dali.
– Tá bom vai, só 30 minutos
– Certo, no parque então?
– Tanto faz
– Tá bom, te vejo a tarde - fala e caminha na direção oposta da minha, decido fazer o mesmo até chegar no meu destino.
[...]
Me surpreendi ao ver o parque tão cheio de crianças acompanhadas dos seus pais, algumas se divertiam nos brinquedos, outras preferiam fazer seus acompanhantes gastarem todo dinheiro que tinha em algodão doce, pirulito, sorvete, pipoca ou outra comida que estava sendo vendida por pessoas acompanhadas de um carrinho apropriado pra exatamente aquilo que eles estavam vendendo. A felicidade de cada criança se espalhava pelo parque, permitindo que a brisa contagiasse os indivíduos que estavam sentados nos bancos com toda aquela alegria e pequenas risadas que elas transmitiam.
Sinto o meu celular vibrar, distraindo-me dos meus pensamentos e das minhas observações pelo local. Retiro o mesmo do meu bolso e vejo pela tela fria do celular, uma notificação de mensagem do Instagram e decido não perder tempo abrindo a conversa, já que pela tela inicial do aparelho me possibilitava de ver nitidamente o que a pessoa escreveu.
Já cheguei no local :)
Meu olhar percorre todo o parque em busca da menina que eu havia marcado esse encontro, mas não a vejo em lugar nenhum então resolvo enviar uma mensagem para mesma. Não estava a fim de ter vindo pra esse ambiente e muito menos perder tempo jogando conversa fora com uma pessoa que eu não tenho tanta intimidade ou algo do tipo.
Você está em qual parte do parque?
A mensagem foi enviada e eu continuo mirando minha visão em toda região, até onde meu olhar alcançava, me atentando a uma garota alta, de cabelos loiros e pele branca.
– Oii - fala um garoto que surgiu do meu lado atrapalhando completamente a minha procura pela garota.
– Oii?
– Vai querer um sorvete? - franzo a testa estranhando aquele convite.
– Não obrigado estou esperando uma pessoa e estou com pressa também, quem sabe na próxima - falo voltando a minha atenção para o parque mas percebi o garoto se analisando, como se estivesse procurando defeitos em si mesmo ou nas roupas que estava vestindo e ao fazer isso, uma gargalhada sai da sua boca me distraindo totalmente e, mais uma vez, tirando o meu real foco, olho pra ele sem entender o que estava acontecendo para ele estar rindo.
– Acho que eu esqueci de me apresentar - fala e logo estende a sua mão direita– prazer, me chamo Jacob, mas você me conhece como a menina do banheiro - após ele se pronunciar, eu fiquei surpreendida. Olhei pra ele da cabeça aos pés e o analisei, ainda sem acreditar e com os olhos arregalados e logo tudo se encaixou, a peruca, a maquiagem exagerada e a voz– pelo visto você ficou exatamente como eu imaginava - fala abaixando a mão que antes estava levantada em sinal de comprimento e solta uma risada– Vai querer o sorvete? - fala com um sorriso que deixava suas covinhas a mostra.
[...]
Eu estava me divertindo, coisa que eu não imaginava que iria acontecer na presença dele, mas aos poucos ele me deixava mais a vontade pra me divertir do seu lado e não acha-lo um garoto entediante. Depois de várias piadas idiotas que ele fazia que arrancava sorrisos espontâneos de mim e depois de caminhar alguns quilômetros pelo parque conversando sobre tudo menos o real assunto que nós fez estar ali, resolvemos parar pra comprar pipoca e fazer uma pequena competição de quem conseguia jogar uma pipoca pra cima e acertar exatamente na boca.
Era uma maneira bem tosca de gastar dinheiro comprando pipoca, mas eu via que ele estava fazendo de tudo pra me deixar feliz.
E estava conseguindo.
Depois de várias tentativas e acertos meus e dele, resolvemos nos sentar em um banco de madeira que tinha ali perto e descansar o tempo que passamos andando, achei o momento perfeito pra pergunta-lo o porquê dele se vestir de mulher, o que antes eu não estava mais tão interessada, mas agora que descobri o seu verdadeiro sexo, a resposta pra essa pergunta se tornou mais idôneo para mim.
– Mas então Jacob, porque você se veste de mulher? Pra entrar no banheiro feminino e ver as meninas peladas quando vão fazer suas necessidades? - falo e ele rir
– Não, claro que não, não seria infantil a esse ponto
– Então porque?
– Todos nós temos uma vida secreta ou um segredo que não contamos pra ninguém Anne, e esse é o meu. Me visto de mulher pra proteger meu irmão Jackson Johnson Pitter - fala e meus olhos se arregalam mais um vez.
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My Angel | ⁰¹
Teen Fiction❝𝑂𝑏𝑟𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜 𝐽𝑎𝑐𝑘, 𝑒𝑢 𝑠𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑢 𝑎𝑛𝑗𝑜, 𝑣𝑜𝑐𝑒̂ 𝑚𝑒 𝑑𝑒𝑢 𝑎𝑠𝑎𝑠 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎 𝑒𝑢 𝑠𝑒𝑖 𝑣𝑜𝑎𝑟❞ Nunca subestime a capacidade de alguém entrar na sua mente e fazer de você o seu brinquedinho porque foi exatamente isso que aco...