𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑣𝑖𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑡𝑟𝑜

1.2K 86 0
                                    


"Eu só existo para cair. Hábitos, como se fosse fantasmas de Deus, eu vou caminhar pela terra até sumir, sinto saudades, acenda um e queime vadia"
Chase Atlantic– Devilish

Narrador

– O que? Demitir a senhorita Anne?! Mas ela é a minha melhor funcionária, não posso fazer isso! - diz o senhor Farley, encarando o homem encapuzado de poucas palavras que, ao sentir tédio com aquela situação, retira do seu bolso uma boa quantia em dinheiro que estava entrelaçado com um elástico verde.

O homem sabia como ganhar alguma coisa daquele velho senhor, ele sabia que ele era ambicioso e não recusaria uma proposta que envolvesse dinheiro, também sabia que a ganância por aquelas cédulas iria ser mais forte do que fazer o que realmente era certo.

– De onde veio essas, pode vim muito mais - diz para o Senhor Farley que estava com o seu olhar mirado nas notas em cima da sua mesa de madeira posicionada a sua frente.

O senhor Farley, sem pensar duas vezes, resolve fazer o que o homem já havia previsto que ele iria fazer. Ele agarra o dinheiro e, em movimentos rápidos, põe em seu bleizer, protegendo aquelas notas, com medo da possível mudança de ideia do homem parado na sua frente.

Mas com certeza aquilo não iria acontecer.

O senhor Farley aperta a mão do homem que sorrir satisfeito entre a sombra do capuz preto que cobria toda a sua cabeça, deixando apenas o seu sorriso maléfico a mostra.

Estava tudo indo do jeito como ele havia planejado.

Anne

Passando pelas esquinas e ruas, apressando o passo e indo em direção a boate, pensando em uma boa desculpa que iria dar para o Senhor Farley. Dizer que meu pai havia passado mal mais uma vez, seria burrice e seria mais burrice ainda tentar avita-lo, já que ele é o dono daquele lugar e sempre estar por perto.

Eu não sabia o que dizer, talvez falar que eu passei mal não fosse uma má ideia, mas explicar o meu atraso para começar o meu turno era outro problema.

Paro na porta da boate e encaro a fachada do local, respiro fundo tentando me convencer da desculpa que eu iria dar para o Senhor Farley. Olho para os seguranças com seus óculos escuros, seus ternos formais e sua feição seria, pego o meu cartão que me identificava como funcionária do local e mostro para eles que, ao ver o mesmo que estava entre meus dedos, me barram na entrada que era o acesso para adentrar ao ambiente.

– Que? O que tá acontecendo? Me deixa entrar - falo tentando tirar aqueles homens alto, com os seus corpos musculosos da minha frente mas eles não saiam, o meu esforço inútil não era páreo para aqueles brutamontes.

Olho para eles sem entender enquanto os mesmos ignoravam o meu olhar, percebo pela brechinha das grades douradas o famoso terno do seu Farley, que era facilmente reconhecido por mim mesmo estando naquela distância, grito o seu nome como se ele fosse a luz que iria me tirar daquela situação.

– Aconteceu alguma coisa? - diz se aproximando de onde eu estava.

– Acho que houve um mal entendido, esses homens são estão me deixando entrar - digo olhando para os mesmos que se mantinham intactos, me surpreendo a capacidade deles se manterem tão formal por tanto tempo.

– Não houve nenhum mal entendido, eu deveria ter avisado a você por telefone mas é que meu tempo é meio curto e, enfim, senhorita Anne, você foi demitida - fala tentando ser o mais direto e ríspido possível enquanto eu o encarava surpreendida

– Q-que? Como assim?

– É exatamente isso, você tem faltado muito e eu não poderia tolerar isso, o que os outros funcionários iriam achar disso?

– Mas eu já disse que foi pelo meu pai - digo me aproximando um pouco de onde ele estava fazendo com que os seguranças se direcionassem para o lado, impossibilitando minha passagem para entrar no local e de me aproximar mais ainda do Senhor Farley.

– Desculpe senhorita Anne, mas eu não posso fazer nada a respeito, tenha uma boa noite - fala virando-se para a direção oposta que nós estávamos

– Senhor Farley por favor, não faz isso comigo, você sabe da minha história. Como que eu vou poder ajudar meu pai?! - digo sentindo os meus olhos lagrimejarem aos poucos enquanto eu encarava o corpo do senhor Farley parando o seu caminhar.

– Como eu disse, eu não posso fazer nada a respeito - diz e continua a sua ida em direção aonde ele estava anteriormente.

A mistura de raiva e tristeza se formaram dentro de mim enquanto eu olhava aquele homem sumindo do meu campo de visão, sem ter, se quer, uma pequena dó das palavras que ele havia lançado até mim ou até mesmo do que havia feito comigo. Eu poderia arrumar algum outro emprego, mas quem iria contratar uma garota de 18 anos que não tem experiência com quase nada a não ser em diferenciar bebidas? Como que eu iria ajudar na recuperação do meu pai?

A cada dia que passa, tudo tem se tornado pior, mais difícil, nada de bom acontece e sempre foi assim.

Mas piorou depois daquelas mensagens, como eu me arrependo de ter respondido aquelas mensagens.

Com quem eu realmente eu estava me metendo?

Pego meu celular e ligo para aquele maníaco que eu sei que com certeza estar por trás disso tudo, eu conseguia sentir o meu ódio sendo descontado naqueles toques dos meus dedos nos números miúdos do telefone, conseguia sentir a tristeza e a preocupação antecipada correndo pelas minhas veias, mas já era de se esperar até porque é a vida do meu pai que eu poderia perder se continuasse desempregada.

Sem emprego, sem remédios, sem remédios, sem vida. Ele era igual a mim. Sem remédios, sem vida.

– Você não se cansa de mim né - ouço a sua voz irreconhecível em um tom sarcástico que me fez criar um nojo daquela pessoa que estava por trás disso.

– Que tipo de filho da puta é você? Porque fez isso? É isso que você faz? Invade casas e celulares e vira a vida da pessoa de cabeça pra baixo? Eu preciso desse emprego! - digo tentando segurar o choro e não parecer tão fraca como parecia ser

– Invadir a sua casa não foi um erro tão grande meu amor e sobre o emprego, eu só estou te dando férias prolongadas percebi que você tem andado muito cansada, aproveita para descansar

– Vai pro inferno - digo cuspindo nas palavras enquanto desligava a chamada já sem paciência para pronunciar mais alguma palavra até aquela pessoa.

Porque ele estava fazendo isso comigo?

Tristeza e preocupação com o futuro e o que iria acontecer daqui pra frente, era o combo perfeito para deixar a dificuldade de pensar em algo que me tirasse daquela apreensão e da situação que eu estava vivendo, maior.

As coisas ruins estavam voltando na mesma velocidade da perda de Jacob e estava me machucando, fazendo com que eu me achasse a pior entre os seres humanos.

Mas aquela tal pessoa que era o culpado por tudo isso, eu não devia me sentir tão aflita por um coisa que eu não tenho culpa!

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora