𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑡𝑟𝑖𝑛𝑡𝑎 𝑒 𝑛𝑜𝑣𝑒

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"Eu permaneço de pé nas chamas, é um belo tipo de dor, incendiando o ontem. Encontre a luz, encontre a luz."
Eminem- Beautiful pain

Anne

Havia um horário onde todas as mulheres saiam, em fila, de suas prisões e iam para uma espécie de pátio, onde muitas delas arrumavam confusões uma com as outras, algumas malhavam ou outras apenas ficavam sentadas, conversando, lendo ou fazendo qualquer outra coisa para se distrair e não pensar tanto no que havia feito para estarem ali.

Eu estava sentada, pensando em tudo o que ocorreu, pensava em como poderia estar Stéfany ou o corpo de Jack durante esses três dias que eu passei aqui sem ter contato com ninguém. Apesar do que ele fez comigo, as memórias dos nossos momentos felizes se mantinham em minha mente e ao mesmo tempo que eu me relembrava daquela noite em que os nossos corpos se tocavam se transformando em apenas um ou do seu calor me consumindo por inteira, o ódio voltava novamente.

Eu não queria acreditar na verdade, mas eu não achava nenhuma mentira no jeito que ele me olhava naquela noite.

"Eu sou viciado no seu corpo"

Aquelas palavras do hacker daquela noite ecoavam na minha cabeça.

Agora eu sei que era você o tempo todo, mas me diga de novo todas as suas mentiras que me agradavam e me faziam flutuar.

Me diga todas aquelas palavras que entravam como veneno na minha cabeça.

Diga-me, toque-me e destua-me novamente e então iremos queimar como fogo e pólvora juntos de novo.

Eu estava sentindo falta disso? Sentindo falta do seu amor que era semelhante a uma rosa, linda e bela, mas cheia de espinhos que poderiam me machucar.

E machucou.

Para de pensar nisso Anne, para de pensar nisso.

Espanto aqueles pensamentos da minha cabeça e observo de onde eu estava sentada, perto dos equipamentos e das mulheres malhando, mas havia uma, uma que me chamou atenção.

Os seus músculos estavam bem definidos e o suor escorria pelo seu corpo tatuado. O seu semblante zangado e cheio de ira, a sua beleza visível chamou a minha atenção, tentei desfocar o meu olhar dela, mas eu não conseguia, era algo automático.

O seu olhar encontrou-se com o meu, mas logo ela volta a sua atenção para a barra de nao sei quantos quilos que ela estava elevando para cima do seu corpo que estava deitado em uma planície de ferro.

Decidi parar de encara-la, até porque as mulheres desse ambiente não são muito amigáveis.

Inclino minhas costas para frente e abaixo a minha cabeça, evitando qualquer tipo de contato visual com os policiais parados em cada canto daquele local ou com alguma mulher que estivesse querendo arrumar alguma briga para satisfazer sua fama ali, mas de repente sinto a presença de alguém do meu lado, já imaginando quem poderia ser, levanto a minha cabeça e direciono o meu olhar para os lados.

- Novata? - pergunta a mulher que eu havia encarado a segundos atrás, assinto como resposta para sua pergunta.- Legal, prazer, meu nome é Kelly - diz se acomodando no banco que eu estava sentada

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora