𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑡𝑟𝑖𝑛𝑡𝑎 𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑐𝑜

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"Você era minha vida, mas a vida está longe de ser justa. Eu fui estúpida em te amar?[...] Estava óbvio para todo mundo? Que eu caí na mentira, você nunca esteve do meu lado [...] Você é a morte ou o paraíso? Agora você nunca mais me verá chorar, não há tempo para morrer"
Billie Eilish- No time to die

Narrador

- Como que essa faca veio parar aqui? - disse Jack olhando para Anne que estava assustada e com um pouco de medo, medo de Jack desconfiar o seu real propósito para que ela tivesse vindo ate aquela casa.

- Acho que quando eu tirei a minha mão do teu pescoço sem querer encostei nessa decoração e acabou caindo - diz Anne sorrindo, querendo jurar para si mesma que ele havia acreditado naquela desculpa fajuta.

Mas ela sabe que Jack não é burro, Jack é sagaz, tem uma mente má e perversa, não é uma pessoa que poderia se confiar, porém ela confiou e logo após descobriu toda a verdade.

- Pode ter sido - Jack sorri para Anne e volta até ela, continuando o beijo que Anne estava querendo que acabasse, mas ela não iria sair daquela casa sem que Jack nao derramasse uma gota de sangue.

Em meio ao beijo, Anne novamente prende o corpo de Jack entre suas pernas, porém Jack impede carregando a mesma no seu colo e se retirando da cozinha, subindo as escadas e levando Anne até o quarto. Anne nao estava nas melhores condições para ter quaisquer relação sexual e ela não queria mais se envolver com Jack, não queria ter nenhum tipo de relação com aquele indivíduo, ela so queria enfrenta-lo e sair dali.

O coração de Anne acelerou assim que Jack adentrou ao quarto e a pôs naquela cama macia, ela estava naquela mesma situação, prestes a fuder com Jack novamente porém dessa vez, ela sabia exatamente o que ele havia feito e as lembranças não queriam sair da sua cabeça, ela tentava, mas nao conseguia, assim como nao conseguiu enfiar aquela faca em Jack.

Ela era amadora naquilo e estava com medo, não sabia o que fazer, os seus olhos já estavam cheio de lágrimas ao ver ela naquele estado - deitada na cama com todo aquele cenário de estrupo do vídeo passando pela sua cabeça e Jack, prestes a se despir por completo.

Anne nao estava suportando aquilo e acabou deixando uma lágrima tomar liberdade pelo seu rosto, por mais que ela não quisesse demonstrar nenhum resquício de fragilidade, a sua fraqueza acabou libertando aquela tristeza que estava se acumulando a cada memória que passava pela sua cabeça.

- Anne? Aconteceu alguma coisa? Porque está chorando? - diz Jack parando de retirar as suas roupas e prestando atenção em Anne.

- Não aconteceu nada - diz se sentando na beirada da cama e encarando o chão- Eu so estou com um pouco de dor de cabeça

- Quer tomar algum remédio?

- Pode ser - Jack se retira do cômodo e vai até a cozinha.

Anne realmente nao estava se sentindo bem porém não tinha nada a ver com dor de cabeça, a dor que ela estava sentindo, era sentimental, a ferida aberta que Jack deixou nela estava doendo e, a partir do momento em que Jack a colocou naquela cama, foi como acionar um alerta de perigo na sua cabeça.

O seu coração ainda estava batendo forte e tudo o que ela queria era um Alprazolam ou qualquer fileira de pó que a mantesse chapada por dias, fazendo a sua memória esquecer todas essas lembranças de merda que vão ficar guardadas pelo resto da sua vida.

Aquele momento em que Jack estava lá embaixo, era o horário perfeito para que ela libertasse todas as lágrimas que estava presas em seus olhos.

- Anne? Você está aí? - a voz de Stéfany vindo do banheiro do quarto de Jack, invade os ouvidos de Anne, que se levanta de onde estava, seca as lágrimas e abre a porta do cômodo

- Não imaginava que você iria conseguir subir pela janela

- Até que foi fácil - diz Stéfany sorrindo- Está tudo bem? - Stéfany percebeu pela feição de Anne que ela estava com medo, mas o seu ódio conseguia disfarçar aquele sentimento.

- Claro, só quero acabar logo com isso

- Você vai conseguir - diz Stéfany dando um sorriso de conforto para Anne que sabia que aquelas simples palavras não iriam acalmar os seus sentimentos confusos.

- Melhor você voltar para dentro - diz Anne, já prevendo a presença de Jack ali.

Stéfany entra novamente no banheiro e fecha a porta, enquanto Anne se direcionava para a cama tentando se distrair analisando o quarto de Jack. Ela já havia estado ali antes, foi ali que ela descobriu o que era se sentir livre, ao tocar os lábios de Jack ela descobriu realmente o que era as famosas borboletas no estômago, que agora estão com as asas cortadas.

Ao analisar todo o quarto, o retrato que estava em cima do criado mudo, chama a atenção de Anne que vai até o objeto, pega em suas mãos e olha a imagem que estava estampada sobre aquele vidro. A foto de uma família feliz ou só um fingimento de família perfeita so para um simples close de uma foto.

Todos estampavam um sorriso deslumbrante, entre esses sorrisos, estava Jacob com sua feição séria, no meio de Jack, seu pai e sua mãe. Olhar para Jacob naquela fotografia não ajudou muito o estado de Anne que rapidamente largou o retrato para não acabar chorando com a falta que, até hoje, Jacob fazia.

Anne move seu braço para a gaveta do criado mudo e abre a mesma, ela não podia se distrair com coisas bobas que não iria ajuda-la em nada. Ela precisava de alguma coisa para acabar logo com isso, então a sua procura por qualquer objeto ficou mais intensa pelas três gavetas do móvel.

Era um erro abrir a terceira gaveta.

Não Anne, não abra.

A garota saltou para trás ao se deparar com os objetos que ela não imaginaria encontrar ali.

"A máscara branca com um sorriso assustador e uma sobrancelha com o mesmo tom das suas roupas."

"Meu mundo havia desabado naquele momento, ver o corpo do meu pai sangüentado na minha frente destruiu com a minha vontade de viver."

"Manda nuds gatinha"

"Eu sou viciado no seu corpo"

O filme estava passando na sua cabeça, enquanto ela tentava manter a sua respiração normal enquanto os batimentos do seu coração estavam acelerado e o seu corpo gelado, Anne nao conseguia se mexer, estava paralisada, aquilo aconteceu muito rápido, em uma velocidade que ela não pôde raciocinar o que havia acontecido.

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora