𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑡𝑟𝑜

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"Não me prenda nas suas memórias de merda"
Hippie Sabotage- Caught up

Anne

– Nós não vendemos bebidas para menores de idade e muito menos para garotos que usam identidades falsas - falo um pouco trêmula.

– Você tem razão - fala ajeitando sua postura- Mas agora quem quer comprar as bebidas sou eu e se você conhece eles, com certeza deve me conhecer e saber que eu tenho idade suficiente pra beber, não é mesmo? - ele solta um sorriso homicida que me fez ficar facilmente intimidada porque eu sabia do que ele estava falando e sei que ele só veio aqui, pra fazer algo comigo ou até mesmo se livrar de mim.

– Não tem ninguém dessa cidade que não conheça o Senhor Jack Johnson Pitter, querida - fala a garota que estava presa em seus braços agora a pouco e que neste instante estava a encara-lo com admiração. Só depois dessas palavras ditas por ela que eu pude perceber a sua presença, paro de observa-la e regresso a minha atenção para o homem que estava na minha frente de roupas pretas e, como sempre, acompanhado de uma correntinha em seu pescoço com algumas tatuagens aparentes.

Eu me via presa naquelas expressões e naqueles olhares que ele mantinha em mim, pensei em chamar o gerente mas estava com um estranho interesse e uma inexplicável curiosidade de saber até onde ele iria com essa história, eu queria testa-lo mesmo sabendo que aquilo não daria muito certo.

– Eles vão beber com você?

– Sim

– Dentro do estabelecimento?

– Sim

– Vão continuar a usufruir das mulheres, outras bebidas e do local?

– Sim

– Então desculpe, não posso vender nem pra você e nem pra eles, menores de idade também não são permitidos aqui dentro - falo calmamente e inclino minha cabeça para pegar o pano que eu estava limpando o balcão, mas percebi que rapidamente a sua expressão mudou. Passou de satisfação para ira, a mesma expressão que ele estava na hora que eu peguei ele tranzando com a garota, era a mesma de agora. Sua mão se movimenta para me agredir fisicamente, mas é impedida pela garota que, ao perceber, lança um olhar de sinalização, fazendo com que seus punhos selados com os dedos se abaixassem e as suas mãos relxassem novamente.

– Vamos Stéfany, deve ter boates melhores que essa pela cidade - ao dizer isso, o seu corpo se vira indo em direção a saída daquela casa noturna, levando a tal Stéfany consigo.

Vejo indo embora, se desviando da movimentação corporal das pessoas do ambiente. Meu coração se alivia e o meu equilíbrio de normalidade também, o amedrontamento passa e logo cada parte do meu corpo estava funcionando de maneira normal. Me interrogo toda vez do porque da minha estrutura física e mental se transformar em uma bagunça de emoções e fluxos incomumente descritos por mim, isso acontecia quando eu estava diante da sua presença, diante do seu olhar, dos seus gestos e das suas formas de se expressar verbalmente.

– Como que você pode deixar um cliente ir embora daquele jeito? - fala David aparecendo do meu lado levemente enfurecido com as minhas ações de segundos atrás.

– Relaxa, era só mais um cliente querendo bebidas de graça, tinha razões para dispensa-lo - um sorriso de disfarce logo surge nos meus lábios após a pequena mentira contada por mim, mas eu ainda estava com um pequeno pressentimento dele ter desconfiado que o homem que eu dispencei, era o filho do prefeito e com certeza tinha dinheiro suficiente pra comprar quantas bebidas quisesse.

My Angel | ⁰¹Onde histórias criam vida. Descubra agora