A letra

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Oito horas se passaram e eu acordei ainda lenta pela noite passada. Dormir tarde me remoendo na cama. Assim que sai do banho vesti uma blusinha branca e meu suéter xadrez, hoje eu faria diferente eu iria de saia para escola. Mas é claro mantendo o preto discreto de sempre. Desci apressada pela escada, só deu tempo de beliscar alguns biscoitos. Eu comeria no caminho. Dei "Oi" pra minha tia e saí. 
Meia hora depois desci do ônibus na frente da escola. Do outro lado vi o diretor Harrison conversando com alguns pais de alunos. Assim que me vê ele acena, aceno de volta. Entrei e fui direto ao corredor do meu armário quando me deparo com uma letra pinchada: "Fique longe, não deveria ter pisado aqui" pra minha sorte a letra estava pequena, mas dava pra ler. Olhei em volta e não vi ninguém suspeito. Mas deixa quieto escolheram a pessoa errada pra mexer. Onde quer que eu visse eu reconheceria a letra.
Fui em direção a biblioteca e botei minha mochila sobre a mesa. Notei alguns alunos escrevendo, foi então que percebi! Tinha atrasado 5 minutos. Perguntei ao meu colega ao lado o que eu havia perdido. Ele tagarelou sobre umas pesquisas e então me convidou para fazer dupla com ele.
—Prazer me chamo Vicenttt com dois Ts...
—Malvina.
Ele começou a rabiscar em uma folha separada. Olhei atentamente a letra, não! Não era dele! Eu não devia me importar com isso agora mas no fundo eu sabia que só havia alguém disposto a me humilhar aqui e era Helano Thompson.
Andei perto das prateleiras, olhei alguns livros, havia coleções antigas e empoeiradas também
—Assine seu nome!—disse o Vicentt
—Mas eu não fiz quase nada...
—Não se preocupe, quando eu precisar de você...eu aviso...uma mão lava a outra...—ele sorriu.
Então assinei.
Depois que todos foram saindo, a biblioteca ficou um breu e ainda era cedo. Fiquei circulando pelos corredores, confesso chamei atenção com minha pernas brancas, eu estou de saia. Dei uma volta ao outro corredor diante do meu armário e a letra permanecia lá. Guardei uns livros mas algo me chamou a atenção: ele estava revirado por dentro! Eu já estou nervosa. Seria a mesma pessoa? E o que procurava?
Quando me viro insatisfeita e lá estava ele atrás de mim. O garoto do primeiro dia. Não o vi chegar.
—Olá — o cumprimentei.
—Me chamo Rony e você é Malvina!
—Isso sou eu!— não sei porque mas eu estava assustada e com medo mas ele parecia inofensivo.
—Quer almoçar? — ele pergunta.
—Hum to sem grana pro almoço!— isso era verdade.
Mas eu não queria ir com ele, queria apenas olhar meu armário de novo e de novo!!!
—Tenho dinheiro para dois!—ele insiste.
Cedi. Seguimos para a lanchonete da escola.
—Está pensativa porque?
—Só entediada com a escola! —digo.
—Nunca acontece nada! Só filhinhos de papais querendo chamar atenção... —ele me diz.
—E eles conseguem?
—Na maioria das vezes!
—Vamos escolher nossos pedidos...
Pedimos e nos sentamos. O Rony começou a falar dele, do que gostava de fazer. Acabei vendo o Helano discutindo com a menina de ontem. As meninas que paparicavam ele se afastaram quando a tal garota chegou.
—Agora me fale de você... Mas perfeitamente do seu pai!—Rony me pergunta.

Continua...

MalvinaOnde histórias criam vida. Descubra agora