Malvina

Como eram meus pais?

Me levantei com força da cadeira.
—Porque quer saber sobre meu pai?
Por um momento ele hesitou mas depois prosseguiu.
—É que quero conhecer você melhor! Certo?
Não! Havia algo a mais, eu não entendia porque ele queria saber do meu pai, se nem mesmo eu sabia por andava meu pai.
—Não sei nada sobre ele!—evitei ao maximo meu olhar de tristeza.
—Mas nem o nome dele você sabe?
Continuava de pé. Olhando para os lados. Era difícil falar.
—Vamos parar a conversa. Não me sinto bem...
—Desculpa deixei você confusa! Eu não queria...
Eu sabia que não era culpa dele. Eu só não tinha confiança pra falar. Não era o momento, sentia do fundo de minha alma que ia me arrepender se falasse. Me virei de costas o deixando ali sem entender nada. Segui a um corredor estreito que dava acesso ao banheiro feminino.
Vi meu reflexo no espelho. Uma lágrima caiu. Era delicado pra mim falar dele. Senti um arrepio no meu peito. Algo esquentava dentro de mim. Uma sensação estranha... Que esquisito!
As aulas já haviam acabado, me direcionei para fora da sala. O corredor estava deserto.
*Minutos depois*
Eu já estava em casa deitada no sofá com preguiça de trocar de roupa. Ouvi os passos de minha tia se aproximando.
—Tire suas botas do meu sofá! —tia Benna fala.
—Mas não nevou! Elas não estão sujas...
Ela abriu o zíper e as puxou. Senti meu pé quente no chão, foi uma deixa para eu subir. Vesti um vestido cinza folgado. Obs: só gosto de roupa folgada haha.
Desci as escadas e fui rumo à mesa. Minha tia tem toque culinário que qualquer comida ficava suculenta. Ela fazia lasanhas, empadas, bolos e tudo de gostoso. Senti o cheirinho da comida. Era nhoque.
—Hummm ta com cheiro bom—digo.
—E com gosto bom também... —ela diz.
—Tia—pauso — há muito tempo que eu queria te perguntar... Mas eu achava que não era o momento certo...
—E é o momento?—brincou ela.
—É sim! Queria que a senhora falasse como eram os meus pais?
Minha tia riu nervosa, bebeu um copo com água e depois falou:
—Normais!
—E porque eles não vieram me buscar?—prossigo— a senhora sempre dizia que um dia eles viriam!
—Oh minha filha é complicado!!!
—Eu sou a complicação? —arregalo os olhos.
—Eu sei que quer revê-los mas a verdade é que eu os perdi de vista...—ela baixou o olhar.
HÃ? Como assim ela mantia contato com eles? E eu nem sabia. Pra falar a verdade eu não sabia de nada. Eu não sabia por onde procura-los!

Continua...