31 de outubro - o dia do apocalipse, Wooster, Condado de Wayne, Ohio
Charlie estava muito assustado. Por instantes, a brincadeira de pedir doces virou um filme de terror e viu seus amigos serem dilacerados pelos vizinhos da rua Hancock. O medo lhe deu forças e não sentiu cansaço em nenhum momento desde que começou a correr. Quase foi atropelado por um caminhão de bombeiros ao atravessar o cruzamento e machucou seu joelho ao tropeçar na calçada. Parte de sua fantasia estava rasgada, ele nem se lembrava do que aconteceu. Continuou correndo em linha reta, atravessou os campos do parque Schellin e foi em direção ao único lugar que mais conhecia naquele bairro, o playground do parque.
Estava vazio, afinal já estava escuro. Quando percebeu que nada mais o perseguia, parou para descansar, repousando suas mãos sobre os joelhos. Quis chorar quando viu o sangue escorrendo pela perna abaixo, mas manteve-se firme. Ouviu passos não muito longe dali e voltou a correr. Foi nesse momento que começou o pesadelo. Se já não bastasse o parque estar absurdamente assustador a noite, as luzes também se apagaram, deixando o garoto desorientado. Começou a sentir falta de ar, precisava controlar seus medos conforme sua mãe o ensinara. Inspira, expira. Inspira, expira. Eram para ser seis vezes, mas se desesperou quando ouviu um barulho suspeito em alguma parte da cerca de alambrado.
Chutou areia no canteiro e agarrou as escadas do primeiro brinquedo que encontrou. Não havia coragem para olhar para trás, a única coisa que queria era gritar por sua mãe. No topo da escada, encontrou-se protegido dentro de uma pequena cabana, com uma altura suficiente para que o pequenino conseguisse ficar de pé. Ao contrário disso, sentou-se em um canto, abraçou suas pernas e colocou a cabeça sobre os joelhos, engolindo o pesado choro que torcia em sua garganta.
Quantas vezes já estivera brincando naquele playground, seja escondendo dos seus pais para não ir embora ou criando segredos com seus amigos, ou até embarcando em uma grande aventura como o príncipe Charlie do reino de Grendel lutando contra o conde das trevas? Mas nunca Charlie brincou com seus medos, nunca desafiou o bicho-papão de seu guarda-roupa ou o velho estranho que passava o dia todo no parque para sequestrar criancinhas desobedientes. O pesadelo que Charlie vivia naquele momento nem mesmo adultos suportariam viver.
Novos barulhos deixaram o pequeno Charlie em alerta. Pareciam passos, pesados e arrastados sobre o pedregulho. Assustado, o garoto moveu-se agachado até uma pequena janela da cabana e espiou para fora, mas estava tudo muito escuro. O barulho continuou e dessa vez parecia muito perto. Quando os passos pararam, Charlie conseguiu ouvir uma respiração ofegante. Ele deitou e aproximou seu ouvido das frestas entre as tábuas que formavam o chão da cabana. A ameaça estava ali, logo abaixo dele.
Uma nova crise de ansiedade o assolava e ele precisava se controlar, tampou seus ouvidos e fechou os olhos, mas um zumbido irritante crescia em sua cabeça. E para piorar, sua ameaça gritou, algo alto e estrondoso que poderia acordar um quarteirão todo. Desesperado, mais em alerta, Charlie gatinhou para perto da escada e fechou o alçapão, em um movimento silencioso, e deitou sobre ele. Suor frio escorria por seu rosto e suas mãos estavam muito trêmulas.
Outra vez a crise o venceu e Charlie não segurar as lágrimas. Um choro silencioso, abafado pelo medo e provocado pelo pânico. Comprimiu sua mão em sua boca para não fazer qualquer barulho enquanto chorava, mas de nada lhe adiantava. A monstro do parque já sabia de sua existência.
Como em uma montanha-russa, Charlie sentiu-se ser jogado para cima quando algo abaixo dele, muito forte, empurrou o alçapão. Ao cair de volta, o garoto se esforçou para segurar o alçapão, mas foi tudo em vão. O humanoide já havia engalfinhado seus braços para dentro, cravejando suas unhas sobre o assoalho e buscando algo para agarrar. Para se defender, o garoto tentou escapar para o mais longe, mas um de seus pés foi agarrado. Desesperado, Charlie olhou para trás e deparou-se com o rosto desfigurado de alguém que já foi um jovem e saudável rapaz há algumas horas. Aos prantos, Charlie sacolejou suas pernas para se desprender, mas quanto mais balançava, mais forte o humanoide o agarrava.
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Zombie World - A Evolução (Livro 2)
HorrorImprováveis alianças interceptam o progresso de Taylor, quando uma guerra toma diferentes lados. Daisy constrói uma rebelião em meio ao castelo de segredos da GNOS. O vírus chega ao nível 2. Não recomendado para menores de 16 anos. Contém violência...