Capítulo 11 - A casa azul

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Esgueirando-se pela janela, Nick adentrou na escura sala de estar da casa azul. A luz que percebeu quando estava no carro vinha da cozinha e conseguia ouvir dali uma temerosa conversa entre duas mulheres. Por alguns instantes, Nick imaginou que seria Maggie sendo socorrida por alguém, mas logo descartou a hipótese. 

Aproximou-se do cômodo, se encostou na parede e espiou pela fresta da porta entreaberta. Eram realmente duas jovens mulheres uniformizadas militarmente e uma delas parecia nada bem. Correndo de um lado para o outro da cozinha, a mais jovem delas parecia estar quase enlouquecendo. Tinha os cabelos pretos lisos, com um lado totalmente raspado, era magra e não mais alta que Nick, seus olhos eram azuis e tinha o nariz fino e pontudo. Poderia ser facilmente confundida com a Ann, se Nick não a conhecesse a tanto tempo e soubesse que sua amiga nunca cortaria seu cabelo coma aquela jovem ali. A preocupação da jovem caía sobre a sua companheira que agoniava deitada no balcão da cozinha, uma mulher de vinte e poucos anos, cabelos loiros escuros tão curtos quanto um corte masculino comum. Seus olhos deviam ser verdes ou quase cor-de-mel, mas a mulher mantinha-os mais fechados do que abertos quando se queixava das fortes dores em sua perna direita. E como deveria doer, imaginou Nick. Pelo formato da ferida, ela havia sido mordida por um zumbi.

- Faça algo, por favor - implorava ela aos prantos. - Eu não vou aguentar muito tempo. E não quero ser uma errante.

- Errante? - Nick murmurou intrigado ainda escondido.

- E não vai, eu prometo - respondeu a garota segurando a mão dela.

A mais jovem parecia mais perdida a cada segundo ou apenas confrontava alguma ideia absurda que não queria colocar em prática. Entretanto, a sua incerteza era também interpretada como uma solução para a enferma.

- Vai ter que amputar a minha perna. Não há outra solução.

- Não, não, não. Não quero fazer isso.

- Por favor, Becky - suplicou a mulher de cabelos curtos. - Em duas horas, a infecção afetará o meu cérebro. Não tenho muito tempo. Se não fizer isso, eu farei.

- Tem que ter outro jeito - pensou a garota passando as mãos no rosto.

- Que outro jeito? Não estamos com o antídoto.

Antídoto? Infecção? Como elas tinham todas essas informações? Essa questão batucava na cabeça de Nick e ainda mais ligando ao fato de que as duas usavam uniformes do exército americano, o mesmo que traiu San Francisco. Talvez devesse escutar Kitty e deixar de ser teimoso, mas Nick estava a um passo de um possível fonte preciosa de informações e não queria perde-las. Abriu a porta e seguiu para confronta-las.

Quando Becky ouviu o ranger da porta, correu até a mesa para pegar o seu revólver, mas era tarde demais. Nick foi mais ágil que ela, já se encontrava armado com a sua arma e a apontava para a sua dona. Imobilizada, Becky ergueu as mãos buscando estabelecer a calma entre eles. Atrás dela, mesmo agoniando, sua amiga equipou-se também com um revólver e apontou para Nick.

- Quem é você? - perguntou a mulher com a perna ferida.

- Me responda primeiro quem são ou atiro agora mesmo em vocês - ameaçou Nick.

- Não seja idiota, somos duas e você está sozinho.

- Posso esperar duas horas e aí sou eu contra apenas uma.

- Não seja irônico comigo. Posso resolver esse impasse entre nós agora.

- Pode? Não me parece - Nick apontou para a perna dela.

- Vamos tentar manter a calma - pediu Becky se colocando entre os dois. - Podemos nos ajudar e tudo ficará bem, sem ninguém precisar morrer.

- E acha que confio em vocês - Nick olhou para o emblema do exército no uniforme dela. - São escorpiões.

Zombie World - A Evolução (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora