Capítulo 4 - Glaube

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Peças caíam ao chão causando uma desordem naquele laboratório que não parecia nem um pouco organizado até então. A única luz ali presente vinha dos pequenos pontos vermelhos dos sensores das câmeras, instaladas por Lue naquela tarde, e a pequena e quase esgotada lanterna que Bobby segurava em sua boca. Haviam olheiras saltadas em seu rosto e seus olhos ainda estavam inchados - provavelmente desidratados após chorar por longos minutos.

Abria todas as gavetas, empurrava as pilhas de quinquilharias ali amontoadas, não demonstrando preocupação com o que Lue acharia daquilo quando voltasse para seu quadrado apertado que chamava de nova rotina. Suor escorria pelas costas de Bobby causados pela sensação de calor abafado e a pressão que sua mochila preta da Nike exercia.

Ao enfiar a mão para trás de uma estante de livros, encontrou algo que parecia com o que procurava. Retirou um cubo branco de pontas arredondadas e com linhas finas de metal interligadas por todo o cubo, partindo de um pequeno chip posto ao centro. O cubo era protegido apenas por um pote de vidro, mas deveria ser muito importante por estar escondido atrás de livros de anatomia humana, estes que estavam empoeirados denunciando o pouco uso pela engenheira. 

Sem perder tempo, Bobby jogou sua mochila cheia de tralhas no chão e escondeu o cubo mais ao fundo possível em um bolso interno. Estava tenso demais para notar os passos apressados de alguém que se aproximava. Sentia calafrios quando as luzes do laboratório foram acesas e encontrou Lue parada com uma mão na cintura e outra apoiada na parede próxima ao interruptor.

- Não sei o que está procurando ou o que tanto te aflige, mas o aconselho agora a partir antes do amanhecer - Lue disse em um tom sério e impaciente.

- Me desculpa, Lue - pediu Bobby segurando as lágrimas e com a voz trémula. - Eu juro que não queria que fosse assim.

- Guarde as desculpas para o próximo que lhe depositar confiança. E saia o quanto antes da colônia. Não irá querer ver a cara de decepção do Nick quando descobrir que nos traiu.

Bobby buscou palavras, mas preferiu o silêncio. Limpou as lágrimas, colocou a mochila nas costas e correu para fora do laboratório, evitando olhar para Lue enquanto passava ao seu lado. Sabia que ela não o entenderia, ninguém o entenderia.

Chegando na cobertura do edifício, suspirou aliviado ao encontrar o lugar desguarnecido. Seguir pelas escadas até a garagem não seria a melhor saída quando os postos são guardados 24 horas. Beirou o jardim plantado por Gnerw e olhou para os cinco andares abaixo. Era uma antiga quadra de basquete abandonada e fora dos limites da colônia. Estando há três meses confinado naquela colônia e após enfrentar várias crises de ansiedades isolando-se nos mais distantes e abandonados pontos daquele prédio, ele sabia por onde deveria passar para conseguir fugir.

O primeiro piso do prédio era isolado da colônia, como em qualquer um dos outros cinco edifícios dali. Quando levantaram aquela base, Ador acreditou que seria mais apropriado fechar os andares baixos para evitar um possível ataque de zumbis. Assim, todas as janelas eram lacradas com madeira, todas as portas trancadas por estacas e as saídas para as escadas que levavam aos andares superiores foram seladas. Já estando ali em outros momentos, Bobby sabia que uma dessas passagens foi avariada por pessoas que procuravam um espaço para si. Sem dificuldades, o jovem garoto passou pela estreita passagem encontrando-se em um escuro corredor. Outra vez, viu-se obrigado a utilizar sua lanterna. Com pequenas falhas, a lanterna iluminou o caminho a sua frente revelando uma forma humana a sua frente. Apesar de um susto momentâneo, Bobby reconheceu a pessoa que escondia o rosto com o braço parada ali no meio do corredor.

- Maggie? A novata? - questionou Bobby confuso. - O que está fazendo aqui embaixo?

- É uma pergunta interessante que possa ser feita a você também - respondeu ela um pouco sarcástica. - Essa mochila em sua costas! - Maggie apontou. - Está fugindo? Por que?

Zombie World - A Evolução (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora