Santa Clara
Noite adentro e o pequeno esquadrão - suicida - estava ultrapassando os limites de Santa Clara e se aproximando da cuja base secreta. Felizmente, o temporal que se movimentava por Daly City não havia avançado para o sul do condado. Entretanto, as nuvens escuras da tempestade ao norte cobriam a lua cheia daquele fim de inverno californiano.
Parado sobre uma encosta, e um pouco distante do restante de seu grupo, Nick observava o estranho e desconfortável silêncio da planície. Nem trovões, nem insetos. Era como se estivesse em uma missão no deserto do Saara ou sob uma gigantesca placa de gelo no Polo Norte. Um vento frio cortava por entre seus fios de cabelos castanhos caídos sobre o rosto. Arrepiado e ansioso, ele alisou as mãos pelos braços e assoprou seu ar quente, como se aquilo pudesse esquentá-lo. Usava uma jaqueta verde jeans, mas era como se estivesse seminu.
- Eles estão te esperando - era Niels quem se aproximava, um pouco discreto, com uma mão cobrindo o rosto quando Nick jogou a luz da lanterna sobre ele. - A garota estava certa. Há uma entrada secreta.
Menos alarmado, ele recuou a lanterna e a desligou, guardando-se em sua mochila. Niels pôde abaixar a mão e seus olhos verdes miraram nos de Nick. Haviam lágrimas em seu rosto e Nick não conseguiu esconde-las.
- O que tá acontecendo? - Niels perguntou, preocupado. - Não vou te julgar, nem contarei nada a ninguém.
- Tá tudo bem - respondeu Nick, introvertido. - Vamos.
- Nick - Niels insistiu o chamando. - Eu não sou o Bobby ou a Kitty, mas também sou seu amigo. Veio calado de Daly City até aqui, e haviam lágrimas em seu rosto. O que foi?
- Virou fiscal de lágrimas agora, Niels? Eu já disse. Estou bem - represou Nick, reassumindo a caminhada para os demais.
Niels ficou parado para trás, o olhando com cinismo. Sem ouvir os passos dele, Nick então parou e expôs o que tanto lhe incomodava desde que colocou os pés para fora da cama naquele dia.
- Eu tive um sonho... ou melhor, um pesadelo - desabafou Nick, sem olhar para trás.
- Um pesadelo, ok - amenizou Niels se colocando ao lado dele. - E...
- Era sobre Daly City. Eu sonhei que estava retornando de Santa Clara e encontrei a nossa colônia mergulhada em um rio de sangue. Bem, estamos em Santa Clara e...
- Fique calmo - Niels apertou o seu ombro. - Se há alguém que corre perigo, somos nós, não Daly City. Eles ficarão bem... e nós também, se você se acalmar - ele apontou o dedo para o meio do peito de Nick. - Agora, respira e vamos pisar nesses escorpiões.
Nick suspirou fundo e forçou um sorriso para agradar Niels. Ao lado dele, seguiu para perto dos outros, que continuavam os aguardando na entrada de uma caverna.
Parecia mais uma gruta do que uma caverna. Era uma fresta baixa e estreita, que dava caminho para um longo corredor escuro de pedras, cheio de goteiras das minas que ali jaziam. As pedras tinham uma cor esverdeada, devido os musgos que ali cresciam. Havia um odor forte e desconfortável que Nick não conseguiu distinguir, mas que lembrava o cheiro de gordura animal. Ele iluminou todos os cantos da caverna e encontrou um símbolo estranho no final daquele corredor de pedras, pintado à mão com tinta branca. Era uma peça de quebra-cabeça. Aquilo não poderia ser um bom sinal.
Quando Nick reduziu os passos, Becky passou por ele lhe dando uma ombrada e assumiu a frente, parando em frente ao sinal. Nick continuou parado onde estava e todos os outros pararam logo atrás, com exceção de Ador, que se aproximou mais de Becky.
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Zombie World - A Evolução (Livro 2)
HorrorImprováveis alianças interceptam o progresso de Taylor, quando uma guerra toma diferentes lados. Daisy constrói uma rebelião em meio ao castelo de segredos da GNOS. O vírus chega ao nível 2. Não recomendado para menores de 16 anos. Contém violência...