Ruínas de Daly City
Ao entrar naquele recinto de quinquilharias laboratoriais, Louise se deparou com apenas estilhaços de vidro, madeira queimada e metal derretido. Não haviam peças que pudessem ser reaproveitadas. Tudo estava destruído. Um laboratório engolido pelas chamas e um exército de mortos era tudo o que Louise conquistou em sua guerra à Daly City. Estes eram os seus espólios de guerra.
Frustrada, ela desdenhou de si mesmo ao ver seu reflexo em um estilhaço comprido de espelho. Seu rosto estava limpo se comparado a qualquer outro sobrevivente daquela guerra, mas as cinzas que decoravam seu cabelo loiro a promoviam a um novo reino.
- A rainha das cinzas! - exclamou Bobby ao entrar no laboratório, surpreendendo sua mãe por ainda estar vivo.
Louise não conseguiu ter uma reação diferente. Nem sorriu, nem se emocionou. A sua frustração ainda ditava a sua arrogância.
- Bobby - foi o máximo que ela conseguiu dizer para não ficar apenas calada. - Você está...
- Vivo? - completou ele, impaciente. - É, eu estou. Diferente de todo o seu exército de fanáticos. E diferente de todas aquelas pessoas inocentes que aqui construíam um símbolo de esperança e resistência - havia desprezo em seu tom de voz.
- Sei que ainda está com raiva de mim, mas isso... - ela olhou ao redor daquele cômodo que outrora foi um laboratório. - Isso são as consequências de uma guerra. Pessoas morrem, isso é inevitável.
- Como pode chamar uma guerra de inevitável quando ela poderia ter sido evitada se não estivesse tão cega por esse poder que encontrou em suas mãos? As pessoas confiaram em você, foi uma líder para elas. Poderia ter feito diferente, ter sido a resistência que Daly City por muitos dias foi.
- Não compare os Corvos à Daly City. Nossa causa era muito maior.
- Que causa? Derrubar os escorpiões para assumir o poder? Levantar um clã de seguidores com um discurso de vingança? Matar inocentes por troca de que? - Bobby deu um tempo para que ela lhe respondesse, revirando os olhos, mas continuou quando ela permaneceu calada. - Pessoas como você sempre existiram e nunca foram esquecidas pela história. Pode se orgulhar disso agora, mas se ainda tiver algo digno dentro de você, se lembrará dos fascistas que deixaram um legado obscuro e uma mancha de sangue pela história do nosso mundo.
- Está sendo hipócrita comigo, Bobby. Eu te dei a mão quando mais precisou, não esqueça disso também.
- Mentira. Uma mentira como tudo aquilo que diz e promete. Você se afogou em sua própria arrogância, se perdeu em seu caminho de pedras que você mesma colocou. Você é a minha maior decepção, mãe - disse Bobby com escárnio. - Está sozinha agora, com seu manto de penas queimadas, uma coroa de cinzas e um reino de caos e mortes. Isole sua ignorância por alguns segundos e encare tudo o que conquistou lá fora - Bobby olhou para o chão e respirou fundo para se acalmar, evitando derramar as lágrimas de decepção que se barravam em seus olhos. - A partir de hoje, você não existe mais para mim. Junto da MERDA de seu legado.
Lhe dando as costas, Bobby deixou Louise isolada outra vez no laboratório destruído, com a frieza e desprezo que acreditava que ela merecesse.
Louise mordeu os lábios, enrijeceu o nariz, semicerrou as sobrancelhas e engoliu em seco o seu orgulho. Tentou chutar a perna de uma mesa e a madeira queimada se desmantelou em cinzas. Uma ira lhe tomou e ela começou a esmurrar a parede descontroladamente. Seus dedos se feriram e seu sangue se autografou na parede, mas só se hesitou quando assumiu as suas consequências e se ajoelhou aos prantos, escondendo a cabeça entre os joelhos.
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Zombie World - A Evolução (Livro 2)
HorrorImprováveis alianças interceptam o progresso de Taylor, quando uma guerra toma diferentes lados. Daisy constrói uma rebelião em meio ao castelo de segredos da GNOS. O vírus chega ao nível 2. Não recomendado para menores de 16 anos. Contém violência...