Capítulo 32 - Autoconsciência

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Colônia dos Corvos


Os saltos do scarpin preto de Louise ecoavam pelo vazio corredor da seção restrita da colônia dos Corvos. Seus cabelos ondulados e loiros estavam soltos e ela trajava um longo sobretudo de penas pretas. Seus olhos reluziam sobre a baixa luminosidade, expressando sua superioridade diante seus súditos corvos - os peões do jogo que estava para jogar.

Apenas uma sala estava iluminada dentre as várias portas daquele comprido corredor. Sem precisar de uma permissão, ela adentrou a sala e trancou a porta novamente, ficando a sós com o único corvo ali presente. Era Steve, um jovem Corvo pouco mais velho que Bobby, leal a rainha e responsável por qualquer problema científico que envolvesse tecnologia.

Carregando dois copos de café, Louise deixou um deles sobre o balcão onde Steve trabalhava. Ele continuou concentrado computando várias informações em seu notebook e não arqueou nenhuma exclamação com a chegada dela além de apenas um discreto sorriso. Contente com o empenho dele, Louise sentou-se ao seu lado e inclinou seu corpo para perto do computador dele, tentando entender qualquer informação exposta na tela.

- A guerra vai estourar, Steve. Receio que não tenho mais tempo para aquela pesquisa.

- E não será necessário, L - Steve finalmente desligou-se de seu trabalho quase automático e endireitou sua postura para conversar com Louise. - Finalizei a pesquisa da amostra.

- Formamos uma ótima dupla, meu querido - ela sorriu para ele e roçou com delicadeza o queixo dele. - É muito bom poder contar contigo.

- Fico lisonjeado, L.

- E então, tem algo além do que eu já saiba? - ela apontou para a tela do notebook.

- Na verdade, não é nada do que você sabia - ele respondeu e sentiu-se envergonhado após ela fechar a cara. - Não que você não saiba de nada, não foi nesse sentido, L...

- Ok, ok - apressou Louise impaciente. - O que descobriu?

- O garoto...

- Alex.

- Alex - reafirmou Steve. - Alex não era imune ao vírus.

- O que? Como assim? Eu vi a amostra do sangue dele e... o garoto estava se recuperando da ferida...

- Ele não estava, L. Por isso fomos reportados daquela coloração diferente nas cicatrizes. Não era uma reação típica do sistema imunológico. Você, como cientista, entende disso melhor do que eu.

- Mas o filamento do DNA que encontrei não pertencia ao vírus. Era diferente. Parecia mais um anticorpo em ação. Como eu poderia ter despercebido alguma característica nesse filamento e confundir com um anticorpo?

- Porque é vírus novo e em constante evolução in natura desenvolvido em laboratório. Eu estive estudando cada filamento da estrutura e fiz um comparativo com o primeiro vírus perfeito que coletamos em um corpo recém infectado. É o mesmo vírus, mas com mutações.

- Isso é ruim.

- Isso é péssimo. 

- Mas se o Alex estava infectado, mesmo com mutações, como foi possível ele sobreviver por tanto tempo?

Zombie World - A Evolução (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora