Capítulo 28 - O que é justiça?

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Alerta: Este capítulo não é recomendado para menores de 18 anos.


Dia 01, fronteira dos EUA-Canadá


O sol estava quente naquela primeira manhã de novembro. Os ventos de outono, mais frios, não refrescavam aqueles que eram obrigados a ficarem sob o sol em jaulas, como animais. As horas pareciam anos e Tyler sentia-se inquieto à cada patrulha que passava por eles em quarentena e nem pareciam se tocar de que estavam ali. Esquecidos para o abate. Toda vez que fechava seus olhos, lembrava-se de Jane e Charlie. Como eles estariam nesse momento? Será que realmente vieram para o Canadá? E se não os encontrassem, como Tyler poderia retornar para os Estados Unidos?

Desde que fora colocado naquele cativeiro, trocou poucas palavras com aquela única família que compartilhavam o recinto. Descobrira apenas que eram mexicanos e haviam imigrados para Nova Iorque há pouco mais de três meses. Tom Martinez, o homem da família, disse não confiar em norte americanos e que um crescente ranço teria ocorrido entre sua família pelo preconceito sofrido. Tyler não podia negar que o ódio destilado pelos republicanos aos latino americanos era desprezível e repugnante.

Bastante desconfortável, desencostou sua cabeça da grade e espreitou seus olhos para observar pela centésima vez a tenda por onde Daisy entrou com o comandante do exército canadense há algumas horas, pela madrugada, e não retornou desde então. Ao longe, tão longe que sua vista cansada poderia alcançar, ele viu Daisy surgir em meio ao aglomerado de tendas que cresciam com a chegada de mais batalhões. Ela estava acompanhada de outros dois soldados, mas nenhum deles parecia ser o comandante. Tyler também não recordava de ter visto ela deixar a tenda e ir mais além, mas dado o sorriso de alívio em seu rosto, poderia acreditar que ela conseguiu a liberdade dos dois.

- Ora, ora. Achei que tivesse se esquecido de mim como seus novos amigos têm demonstrado – ironizou Tyler sem esconder o cansaço estampado em seu rosto.

- Como eu iria encontrar minha irmã sem você – ela respondeu em tom de deboche. – Ainda é útil para mim. Depois que os encontrar, posso devolve-lo ao exército canadense.

- Conseguiu a nossa liberdade então? – Tyler indagou em um salto para perto da grade. Sentiu-se envergonhado ao perceber sua própria reação.

- Nos deixaram continuar. E... – Daisy ergueu um dos lados de seu novo casaco preto e mostrou duas pistolas guardadas à sua cintura. – Temos armas.

Um dos soldados que acompanharam Daisy caminhou para perto da grade da quarentena e abriu o portão para a saída de Tyler. Descontente ainda ao perceber como as outras pessoas presas com ele o olhavam, Tyler apenas abaixou sua cabeça e desviou seus olhos da senhora Martinez, que o observava com desdém. Fora das grades, ele acenou com um sorriso para Daisy e pegou uma das pistolas, entregue por ela.

- Como conseguiu nossa liberdade? – ele se demonstrava curioso por tudo o que teriam conversado longe dele.

- Quanto menos souber, mais seguro estará.

A resposta de Daisy surtiu um longo calafrio em Tyler. Ela realmente parecia saber mais do que podia e isto não parecia nada bom. Tyler se absteve de novas perguntas por enquanto. Encontrar sua família era o seu objetivo.

- Ainda precisamos de um carro – disse Tyler.

- E temos – ela respondeu rapidamente. – O comandante Tennet nos cedeu um dos vários apreendidos nesta última noite – Daisy balançou uma chave de carro em mãos para Tyler.

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