Capítulo 27 - O lobo

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Atenção: Este capítulo não é recomendado para menores de 18 anos.


San Francisco, dia 19

Bobby sentia-se fraco. Sua calça estava estraçalhada e muito sangue escorria por sua perna esfolada pelos escombros. Havia tido uma crise de pânico e mais uma vez vomitou, apenas água e sangue. Seus olhos estavam pesados e seu nariz devia estar quebrado pela dor latente. Levantou-se, agarrado às ferragens que poderiam tê-lo empalado no acidente, mas deverias estar feliz, ao menos por isso, de ainda estar vivo. Não podia dizer o mesmo sobre seus amigos.

Arfando, ele caminhou mancado até um pequeno espaço dentre os escombros onde refletia um único feixe de luz dentre toda aquela montanha de concreto. Sentou-se sob à luz e respirou fundo, para despir-se da aguda dor em seu estômago. Olhou para o alto e tentou gritar, mas sua garganta também doía. Irritado, pegou uma pequena pedra e a atirou para longe, para exacerbar sua raiva. A pedra quicou em uma parede quebrada e despiu uma camada de poeira. Então algo reluziu sob à luz e os olhos de Bobby voltaram sobre aquilo.

Uma faca. E não era qualquer faca. Era a faca que deveria estar presa no coldre de Nick. Bobby não sabia se estava feliz ou triste pelo o que encontrou. Mesmo assim, a pegou e fincou na alça do cinto de sua calça. Poderia ser útil. E deveria ser entregue a Nick quando ele o encontrasse.

Para sair daquele lugar, Bobby precisou se arriscar escalando aquela alta pilha de escombros rumo à luz. Poucos metros foram escalados e Bobby teve que parar. Era instável o caminho logo acima, mas de onde estava, havia alguns pequenos corredores por onde poderia passar. Com cuidado, passo a passo, caminhou por entre alguns deles, até se localizar do outro lado daquela montanha de ruínas. Não era muito diferente de onde estava, mas estava mais claro e havia mais espaço para caminhar. Também haviam corredores intactos dessa vez pelo desmoronamento, por onde poderia caminhar até encontrar uma saída ou, até mesmo, procurar em segurança pelos seus amigos.

Antes de entrar por um daqueles corredores, Bobby voltou a se sentir mal. Seu estômago embrulhou e sentiu um aperto muito grande em seu coração. Sobre um grande bloco de concreto havia resquícios de sangue e um pequeno colar despojava ali. Com as mãos trêmulas, Bobby se ajoelhou ao lado do bloco e agarrou o colar. Seus olhos se encheram de lágrimas e segurou o colar com firmeza, levando-o para perto de seu peito. O colar de prata possuía um pequeno pingente de um lobo. E Bobby somente se lembrava de uma pessoa ter aquele colar. Nick. Seu amigo ganhou aquele colar quando ainda tinha cinco anos, como presente de aniversário de seu avô, pai de seu pai. Desde então, Nick carregou aquele colar como uma memória inquebrável de seu falecido avô.

Se havia sangue junto a um colar que Nick nunca tirou... Não! Bobby não queria imaginar o que poderia ter acontecido. Enxugou as lágrimas de seu rosto com as mãos sujas de poeira e se levantou, recompondo-se para continuar. Colocou o colar de lobo em seu pescoço e retomou a caminhada, pelo corredor à frente.

***

Sua perna estava presa. Quando mais Ann se esforçava para empurrar aquela pesada pedra de cima de sua perna, mais se machucava. Poeira desprendia-se do alta e mais pedras rolavam para perto de si. Se não se soltasse dali, logo estaria enterrada viva por escombros. Concentrou-se em seu único objetivo. Proteger Alex. Então desviou seus pensamentos para sua força e, com uma das pernas soltas, empurrou a pedra enquanto se agarrava à uma pilastra tombada logo atrás de si. Quando finalmente conseguiu tirar sua outra perna debaixo daquela pedra, sentiu sua calça ficar molhada de sangue e seu pé, agora livre, acordou da dormência e voltou a doer.

Zombie World - A Evolução (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora