Condado de San Francisco, dia 15
Os ventos frios assopravam informações do norte. O inverno estava chegando. Caminhando pela beira do pequeno riacho, Ann notou que as copas das árvores estavam perdendo as folhagens e logo a fauna também estaria mais restrita na área.
Após atravessar os longos campos abertos do vale, Ann encontrou-se na trilha que findava na antiga casa por onde se escondeu pelas duas últimas semanas. A casa se encontrava a beira de uma pequena encosta do Parque San Pedro. Ela não era muito grande, mas tinha dois andares e, considerando sua estrutura, foi projetada para ser parte do parque, mas abandonada muito tempo antes de ser terminada.
Chegando a sua nova casa, Ann se surpreendeu ao encontrar seu irmão brincando do lado de fora da cabana. Alex parecia bem mais animado naquele dia. Havia prendido uma capa vermelha em suas costas e corria em um loop pelas escadarias ao lado da garagem saltando do topo sobre uma pilha de folhagens secas que Kirby havia amontoado após limpar o quintal na quarta-feira. Ele ainda estava com parte do seu rosto coberto pelo curativo, mas havia se recuperado muito bem.
- Alex! - chamou Ann.
Caído dentro do monte de folhas, Alex apenas ergueu a cabeça para fora.
- Você viu a Kirby?
Ele olhou para dentro da garagem e apontou para lá.
- Valeu! Agora vai tomar banho que preciso trocar seu curativo.
- Você disse que hoje seria o último dia de usar isso - contestou Alex.
- Disse antes de ver você pulando daí. Torça para não ter inflamado outra vez. Agora vai lá para dentro, que logo estou subindo.
Insatisfeito, o garoto saiu chutando folhas pelo quintal enquanto caminhava bem devagar até a casa. Ann sabia que não precisava ser tão dura com ele, mas desde o susto que tomou após o incidente na conveniência há duas semanas, sentia-se na obrigação de protegê-lo ainda mais.
Na garagem, Ann encontrou Kirby sentada em um banquinho de madeira torto e muito concentrada enquanto manuseava um rádio que ela mesma consertou após resgata-lo de uma estação abandonada no parque. Suas bochechas estavam manchadas de algum pó preto e seu macacão jeans também não parecia limpo. Dessa vez, ela estava com a cabelo solto e uma bandana azul cobria o topo da sua cabeça.
- Conseguiu alguma coisa? - perguntou Ann encostada no beiral da garagem e observando toda aquela quinquilharia.
- Ah, você tá aí? - indagou Kirby surpresa. - Nem vi te chegar. É... acho que consegui algo. Ouvi alguns sinais de frequência e eles pareciam responder um ao outro, só... Não consigo entender o que dizem.
- Já é um progresso ao menos - ressaltou Ann empática.
- Mas... - Kirby ergueu o dedo para ponderar algo importante. - Há um sinal mais perto e este parece ser privado, como se fossem duas pessoas se comunicando por um telefone via satélite.
- Isso é impossível.
- Não nas nossas condições. Com a queda dos sistemas de telecomunicações, o improviso virou o pilar da sobrevivência. Essa pode ser a brecha que tô quase conseguindo captar, apenas preciso acertar alguns pontos e calibrar o sinal.
Ann se esforçou para parecer animada com o avanço de Kirby, mas não conseguiu disfarçar sua tensão quando lembrou-se de como foi seu dia. Kirby percebeu seu silêncio e voltou a atenção para a sua nova amiga.
- O que foi? Parecia bem e mudou seu humor do nada?
Ann revirou os olhos, mas não se absteve de lhe dizer a verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Zombie World - A Evolução (Livro 2)
HorrorImprováveis alianças interceptam o progresso de Taylor, quando uma guerra toma diferentes lados. Daisy constrói uma rebelião em meio ao castelo de segredos da GNOS. O vírus chega ao nível 2. Não recomendado para menores de 16 anos. Contém violência...