Epílogo I

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Ilha Azul, 80 milhas ao sul do País de Gales


Daisy passou pela porta automática, após usar um elevador antigo da década de 60, e atravessou o largo espaço aberto com chão de pedra, no alto da base secreta de uma sutil ilha ao sudoeste britânico. A estrutura externa da base se limitava ao tamanho da pequena ilha e era coberta pela baixa vegetação e rochas com uma coloração azulada, que formavam a única encosta da ilha.

Ao fim daquele pátio, onde havia um helicóptero pousada ao centro, Tyler descansava sentado sobre a mureta de pedras coberta com musgos, enquanto observava o sol se pôr no horizonte do mar. Charlie deveria estar dentro da base, brincando com Leo, a quem tinha ganhado um apreço pelo esforço.

- Aproveite este pôr do sol - disse Daisy se sentando ao lado dele na mureta, de frente para o agitado mar. - Uma tempestade se aproxima e não será possível deixar a base por alguns dias.

- Ela amava ver o pôr do sol - Tyler se lembrava, encantado com aquela beleza natural. - A nossa casa... no Canadá, todos os dias ao anoitecer, ela ia até o lago e fica sentada até haver apenas estrelas no céu. Queria ter aproveitado mais daqueles momentos com ela.

- Todos nós queríamos, Tyler. Mas tenho a certeza de que você foi para Jane tudo aquilo que ela sonhou. Sinta-se orgulho disso.

Tyler sorriu para Daisy, com gratidão nos olhos. Após algum tempo assistindo o sol se pôr, ele retomou algumas conversas pendentes com Daisy, ao que gostaria de tanto saber.

- O que acontecerá agora? Mais de três meses se passaram e sinto que nem tudo serão apenas flores.

Daisy mordeu os lábios enquanto imaginava o que responder a Tyler, mas evitou esconder a realidade dura que estava por vir.

- Com a Laura na América, as coisas serão... um pouco diferentes a partir de agora. Continuarão seguros aqui, longe dos olhos da GNOS e...

- Eu sei que irá nos proteger, Daisy. Quero saber de você? Há dias percebo que estão planejando algo. É uma guerra? Uma nova ameaça?

- Na guerra já estamos desde aquele dia, Tyler. E novas ameaças irão sempre surgir se não as pararmos - Daisy parou, pensativa, e retomou olhando diretamente para Tyler. - Não temos muito tempo. Quando a GNOS descobrir sobre a nossa resistência, irão vir com tudo para cima de nós. Precisamos agir rápido. Descobrir a cura e como parar o Thanos.

- Thanos! - Tyler repetiu rindo de si mesmo ao ouvir aquele nome outra vez. - Por que temem um vilão de HQ?

- Porque ele é real. Mas com uma diferença. Não há uma manopla, nem um equilíbrio na humanidade. O vírus é a sua arma, o orgulho humano é seu propósito. Imagine ter o poder de apagar quase toda a raça humana da Terra e deixar apenas aqueles que considera dignos de herdar o novo mundo.

- Essa dignidade... ela é medida em dólares?

Daisy riu ao ouvir a indagação de Tyler, que se alinhava ao que ela queria dizer. Por muitos séculos, o poder se limitou nas mãos de homens que se cercavam de riquezas e nomes. E isso não havia mudado com o novo mundo. A nova ordem que a GNOS planejava trazer ao mundo se baseava em seus princípios conservadores de antigas gerações.

- Esteja pronto para conhecer os pilares que sempre moldaram esse mundo, Tyler. E seja forte! É de dar náuseas.

***

Após tomar quase três xícaras de café, Derek se retirou da cozinha e seguiu para o escritório, onde de longe avistou um importante e-mail sinalizado em sua caixa de entrada no painel de seu computador. Seu coração palpitou e seus olhos arregalaram-se com que o leu. Saltou na cadeira e se arrastou até a mesa, quase atropelando o computador. Leu apenas por cima e imprimiu o e-mail, apagando-o logo em seguida para se certificar de que a informação estaria segura de hackeamentos.

Com a folha impressa em mãos, ele leu em voz baixa outra vez, a principal informação contida.

- Ammer Kliemann Obastch. Te peguei, velho filho da puta!

- O que disse? - perguntou Amy, parada atrás dele e surpresa ao ouvir aquele nome.

Amy era uma das três pessoas que Derek salvou há três meses no aeroporto de Londres. Junto dela, foram salvos a sua irmã, Hannah, e Anik, um jovem rapaz indiano. Sem chances deles voltarem ao continente, se uniram à resistência de Daisy e juraram lutar pela causa.

- É-é... - Derek não sabia o que responder. Ele ainda não confiava em nenhum daqueles sobreviventes de Londres. - É nada demais.

- Mas para mim é. Disse Ammer Kliemann Obastch - repetiu Amy, insistente. - Por que disse esse nome?

- Conhece ele de algum lugar? - Derek se demonstrou curioso com a reação de Amy.

- Mas é claro que conheço. É o meu avô.

Derek ficou tão surpreso ao ouvir aquilo de Amy, que ficou sem reação.

- Tá de brincadeira, né? Conhece esse filho da puta?

- Mais respeito ao falar o nome dele, babaca. E não, eu não o conheci. Meu avô morreu na segunda guerra mundial... - Amy repensou a informação, mas disse, relutante. - Ele lutou por Hitler - uma vergonha transpareceu em sua voz.

- Então devo nenhum respeito ao nome dele. E aliás, ele não está morto.

As sobrancelhas de Amy semicerraram e antes que ela perguntasse, Derek lhe deu a resposta esperada.

- Seu avô, esse nazista imundo... é o Thanos.

Zombie World - A Evolução (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora