Zombie World - A Evolução (Livro 2)

Capítulo 37 - Laços profundos

Daly City

Bobby dirigia em velocidade alta pelas ruas de Daly City. Os fortes ventos arrastavam folhas secas e galhos para cima do para-brisa, mas Bobby não se intimidava a força da natureza. Ele estava ao centro de uma batalha que culminaria na morte de centenas de pessoas, incluindo seus amigos. Nada poderia corrigir seus erros do passado, porém ele faria todo o possível para evitar mais perdas, mesmo que isso lhe custasse um sacrifício.

Ao avançar pela avenida central, ele avistou ao longe a muralha de madeira levantada pela colônia local. Pisou mais fundo no acelerador, não poderia perder mais tempo. Jordan havia lhe dado uma vantagem nessa corrida, mas os Corvos estavam logo atrás. Apesar da guerra ser inevitável,  vidas poderiam ser poupadas se eles desocupassem a colônia rapidamente ou estivessem preparados com uma forte defesa. 

Dirigindo sobre a ponte, Bobby ouviu um estrépito estouro e algo brilhou do alto de uma torre da muralha, por uma nuvem branca. Era um míssil. Seu peito palpitou assustado. Ele conhecia aquela criação de Lue, mas não acreditava que já estaria funcionando e que ele seria a primeira vítima. Sem chances de evitar ser atingido, ele desacelerou o veículo, ganhando alguns valiosos segundos que ainda assim não foram suficientes para salva-lo. O míssil afundou no asfalto da avenida logo abaixo do veículo. A explosão levantou metros de asfalto e terra e arremessou o veículo para fora da pista. Bobby viu seu mundo girar em câmera lenta, por fagulhas e cacos de vidro, enquanto seu veículo capotava pela encosta abaixo até beira do rio, calhando sobre uma vala. De cabeça para baixo, sentiu seu cabelo se umedecer enquanto a escuridão cobria o mundo ao seu redor lentamente.

A guerra era inevitável naquele momento e não poderia mais salvar seus amigos. Ele havia falhado.

***

Passavam-se tantas coisas na cabeça de Zoe que ela nem se deu conta de que atravessou a colônia em menos de um minuto. Suas mãos estavam frias e tremiam como as de anciã. Suor escorria pela sua nuca e encharcava sua camiseta. Ador havia lhe confiado a segurança de Daly City e ela temia ter deixado o caos se libertar.

Ao virar por um corredor às pressas, ela escorregou-se sobre algo e quase caiu. Nesse momento, um retrato do medo foi revelado para ela. A porta da prisão do agente Mihowski estava entreaberta, com as correntes arrebentadas despostas pelo chão. Pelo corredor à sua frente, um rio de sangue. Naomi estava caída com um corte que quase a separava simetricamente. Ao lado, o corpo do jovem Liam estava mergulhado no próprio sangue. E pela vidraça do corredor, outra vítima teria encontrado seu trágico fim. Zoe temia olhar para fora e reconhecer mais um de seus amigos dentre os mortos. Contar corpos não deveria ser sua função. Zoe era uma líder e estava destinada a fazer o que fosse necessário para proteger, não apenas sua filha, mas toda a colônia de Daly City.

Enojada pela imagem do terror, ela encostou-se na parede e respirou mais controladamente. Buscou se recuperar, ser mais forte do que poderia ser, não se intimidar diante o inimigo. Escorpiões caminhavam entre eles, levando o caos por onde pisavam, e cabia a Zoe dar um fim a todo este mal.

Mais firme, ela retornou pelo corredor por onde veio. Deveria alertar Daly City antes que mais corpos se somassem aqueles outros. Outra longa noite de terror estava para começar.

***

Desde que sua mãe deixou aquele escritório às pressas, Kitty imaginou diferentes cenários que poderiam atormenta-la. Sua mãe era uma mulher forte e destemida, ela não teria se assustado se não fosse algo sério. Decididas a fortificar a resistência de Zoe, Kitty e Maggie se separaram para procura-la. Enquanto Maggie seguiu para o terceiro piso, onde Mihowski deveria estar preso, Kitty correu para o piso inferior, rumo à sala de reuniões. Se o alvo de sua mãe fosse Margot, era para lá que ela deveria ter ido.