CAPÍTULO 4

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Gabriel sentiu a cabeça começar a latejar. Era o sinal de que estava na hora de tomar outra injeção. Já estava a três meses com a última dose, mas como sabia, não duraria para sempre. Pelo menos, tinha tido sucesso em conseguir um efeito mais duradouro, através das experiências com Vengeance. Quem diria que aquela putinha minúscula da Halfpint lhe proporcionaria esse grande sucesso? Sem as restrições de seu disfarce na Reserva, o de médico bonzinho, ele conseguira estender o efeito da droga em poucas tentativas. Só isso já valera ter Vengeance acorrentado em seu laboratório.
Ouviu o barulho da cama batendo contra a parede, dentro do quarto ao qual iria entrar. Deus! As coisas que fazia pela ciência!
Mas se livraria daquele estorvo assim que tivesse John em seu laboratório.
Porém, como isso não estava em vias de acontecer agora, suspirou, clamou por paciência e bateu na porta.
Os barulhos cessaram e a porta foi aberta. Uma mulher vestida num vestido minúsculo saiu passando por ele sem nem olhá-lo. Bom. Também não queria olhá-la.
"Pai. Entre, eu só estava passando o tempo. Ela é uma daquelas putas de estrada, não vai dizer nada para ninguém, me certifiquei disso."
"Cale-se, Hunter. Eu pensei ter dito que me esperasse, sem ter contato com ninguém. Como posso fazer tudo o que preciso fazer se você não consegue cumprir uma ordem simples?"
Ele andou até a janela, dando as costas para Gabriel. Seria tão fácil. Bastaria cortar o pescoço dele. Mas precisaria estar no auge de sua força. E por isso estava guardando o novo lote de drogas. Não tomaria por agora, então teria que aguentar o bebê chorão carente.
"Eu não sou mais criança, pai! Não fale assim comigo de novo. Eu tenho feito tudo o que você mandou com perfeição, não vou ficar sem sexo."
Só faltou ele sentar no chão e bater as grossas e longas pernas. Bebê chorão.
Se pudesse mataria seu pai de novo, só por ter lhe deixado esse filhote odioso. Gabriel massageou o comprimento do nariz, lidar com um macho Nova Espécie novo não era fácil. Sentiu saudade de James, o gêmeo de Valiant. Esse sim era cruel e inteligente, na mesma medida. Agora Hunter, era uma pilha de músculos e hormônios e só.
"Você não tem feito nada perfeito, seu idiota! Só tem ficado aqui fodendo todas as prostitutas da redondeza. Já te falei que quero que pegue Harley. Ele está chegando perto. Mas parece que ele sabe que está sendo vigiado.
Quando falou o nome de Harley, Hunter virou a cabeça, a inclinou como se ouvisse alguma coisa.
"O que foi?" Hunter o olhou surpreso. Ele se distraiu com o que estava ouvindo. Gabriel fingiu indiferença. Nunca confiou em Hunter. Não começaria agora.
" Eu preciso de Harley ou qualquer outro." Disse o nome de Harley apenas para se certificar. Hunter franziu a testa minimamente, mas Gabriel percebeu.
"Ele anda procurando Vengeance, será fácil de pegar, se você puder, é claro."
Gabriel o olhou fixamente. Se Hunter tinha algum segredo, e não dissesse, estaria adiantando sua morte sem saber.
"Eu posso acabar com aquele desgraçado sem nem suar, pai. Ele gosta de garotas muito mais que de lutar. Eu o pegaria fácil."
Gabriel revirou os olhos ante tanta idiotice. Harley era brincalhão e sim, gostava de mulheres, bem mais que os outros, mas era forte, rápido e letal. Harley fazia a linha do cara meio fraco, falastrão, que ninguém levava a sério, mas ele lutava sujo se fosse necessário. Ele era mortífero se quisesse. Por isso mandara Hunter pegá-lo. Harley, diferentemente de Brass ou Moon, o mataria se precisasse. E Hunter lutaria pela vitória ou morte. Morreria e Gabriel ficaria livre dele. Pena que não podia se livrar assim do irmão.
"Fique por aqui, mas por favor, não chame tanto a atenção comendo essas putas. Ele parece ter algo que o atrai para a lanchonete. Atraia-o para longe, faça o serviço e volte. Se falhar e não morrer, faça um favor a nós e se mate. Não tenho serventia para incompetentes." Gabriel se sentia bem o humilhando. O cara era perfeito, mas quebrado por dentro. Gabriel nunca se cansava de lhe jogar os fracassos na cara.
"Incompetente? Eu posso ter Harley na minha mão a hora que eu quiser. Eu tenho um trunfo, pai. Mas não vou dizer. Quando lhe trouxer o idiota, quero que retire essas palavras."
Então era isso. Conhecendo Harley só poderia ser uma garota. Hunter devia saber onde ela morava. Gabriel ficou um pouco decepcionado. Não era bom Hunter lhe esconder alguma coisa. Não iria permitir isso!
"Uma garota? Acha que Harley se arriscaria por uma garota? É claro que não, imbecil."
Um lampejo de ciúmes passou pelo rosto dele. Ciúmes? Precisava saber que droga era aquela.
"Hunter, diga a verdade. Se você fizer merda, por eu não estar sabendo, vou acabar com você."
"Eu segui Harley uma semana atrás e ele conheceu uma garota. Eu a segui e descobri esse motel nojento. Desde então ela vai a lanchonete de manhã, esperando ele aparecer, mas acho que ela é muito feia para ele se importar, pois ele não apareceu."
"E a garota está aqui no motel?" Quem sabe o que conseguiria de Vengeance se lhe esfregasse essa tal moça na cara?
"Sim, na verdade, ela ouviu a nossa conversa, as paredes são finas por aqui. Ela deve estar juntando suas coisas rapidamente, pois seu coração está frenético."
O desgraçado tinha os melhores sentidos, ouvir o coração de alguém a distância era difícil até para primatas com boa audição.
"Então vamos levá-la. Você já devia ter feito isso."
Ele rosnou. Lidar com Hunter estava cobrando seu preço. O enorme Nova Espécie saiu e logo voltou carregando uma moça ruiva muito bonita. Devia ter a desmaiado com clorofórmio, pois ela tinha os olhos fechados e o corpo estava mole nos braços de Hunter.

HarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora