CAPÍTULO 13

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O quarto no pequeno motel estava do mesmo jeito que Amy deixou quando fora levada. Ela arredou a cama e o buraco no piso estava lá, intacto.
Ela tinha certeza de que o dono tinha procurado coisas de valor no meio dos pertences dela, mas, graças a Deus, não tinha encontrado. Ela tropeçara naquele buraco no primeiro dia em chegou ali. Coube certinho o álbum de recortes da mãe, as poucas jóias que pegou e todas as notas de cem dólares.
O idiota do dono do motel ficava todos os dias embaixo de milhares de dólares e nem fazia idéia.
"O que é isso?" Harley perguntou olhando o álbum.
"São recortes da história de vocês. Minha mãe, enquanto se tratava do câncer, me fazia colar nesse álbum tudo o que saísse sobre vocês na mídia."
Amy acariciou a capa do álbum surrado. Ela tinha continuado, mas não saía mais muita coisa sobre eles.
"Depois, eu gostaria de dar uma olhada." Harley disse saindo do quarto.
"Dá mesmo pra confiar nesse humano quando ele diz que ninguém esteve aqui a sua procura?"
Amy não sabia. Mas a polícia estaria na Reserva atrás dela primeiro. Então deu de ombros.
Eles entraram no carro, a mesma SUV que o Nova Espécie tinha usado para sequestra-la. Harley disse que todos os carros da reserva tinham rastreador. Então ele mandou James pegar esse e o estacionar perto do portão escondido.
Tinham ido direto para o motel, pegar as roupas de Amy e seu precioso álbum de recortes. Harley parecia preocupado. Será que tinha se arrependido? Não havia nenhuma prova do que ela tinha contado. Ele acreditaria nela? Amy achou melhor continuar calada. Ele a tirou da Reserva, ela ficaria nas mãos dele. O pior que podia acontecer era ele desistir e entregá-la.
"E então, Harley? David pode me ajudar, mas ele está do outro lado do país. Acha que devo ligar para ele?"
Harley a olhou meio confuso. Ele nunca tinha fugido, é lógico. Ele pegou o celular e ligou para alguém.
"Brass? Como estão as coisas?" Ele ficou ouvindo por um tempo, enquanto colocava o carro movimento.
"O que você queria que eu fizesse, Brass? E se fosse Sophia?"
Sophia seria a esposa de Brass? A mulher do desenho? Amy se lembrou do olhar apaixonado dos dois, isso queria dizer que ele gostava dela, ou não?
"Eu sei, Brass. Eu não preciso da merda de uma mãe agora, preciso da porra de um amigo, posso contar com você? Não, eu não vou dizer pra onde estamos indo."
Ele estava sério. Amy sentiu um aperto de medo. O amigo deveria estar tentando convencê-lo a entregá-la para a polícia.
"Certo, diga a Darkness que hoje à noite, eu ligarei para Kat. E é melhor ela me ajudar, lembre-o que ele me deve."
Amy estava muito curiosa sobre toda essa coisa de dívidas. Seria dinheiro?
Não parecia.
"Sim, mamãe, vou tomar cuidado." Ele desligou.
"Ele quer que você me leve de volta?" Ele ficou mais sério ainda e fixou o olhar na estrada a frente.
"Sim. Mas precisamos saber os detalhes da acusação. Daí poderemos decidir o que fazer. Eu quero ajudar, Amy. Mas talvez se entregar seja o melhor."
Ele tinha razão. Estavam muito longe de Nova York de qualquer forma.
"Você quer voltar?" Era errado trazê-lo para essa confusão. Porém algo lhe dizia que não devia se entregar. O tio era muito poderoso, se tivesse armado para ela, se entregar faria com que as chances de se ver livre fossem mínimas.
"Não, se isso te prejudicar. Mas vamos esperar Kat me ligar. Até lá, ficaremos em movimento, ok? Aproveite para dormir."
Ela realmente estava com sono. Parecia que haviam se passado anos desde que ela tinha dormido. Mas queria aproveitar o tempo para conhecê-lo melhor. A questão dessas dívidas todas a deixou muito curiosa.
"Harley, o que Darkness te deve? E Slade me deixou ir quando deveria me segurar até Justice chegar. Como funciona isso?
Ele desviou o olhar da estrada e sorriu para ela.
"Honra. Tudo se baseia na honra. Sempre pagamos nossas dívidas de honra. Darkness tem uma veia muito violenta. Uma vez em que ele e sua esposa Kat estavam na Reserva, um dos trabalhadores humanos disse uma coisa vulgar sobre ela. Darkness só não o matou porque eu e Vengeance impedimos. Então se ele não quiser que Kat saiba desse deslize dele, ele fará o que eu pedi."
Amy se lembrou do arrepio na espinha que Darkness despertou nela. Ele tinha a pele mais escura que os outros, era alto e muito forte. Seus olhos eram muito frios.
"E Slade? O que ele te devia?"
Ele riu.
"Slade está sempre devendo pra alguém. Trisha é muito severa, e ele vive fazendo coisas que não gostaria que ela soubesse."
"Então, essa é a moeda de troca de vocês? Coisas que as esposas não podem saber?"
Ele ficou um pouco pensativo.
"Não, na verdade, machos vinculados são totalmente domesticados. E Novas Espécies não gostam de mentir. Qualquer coisa que você fizer para alguém, pode pedir um favor por isso."
"Mas Slade não te deve mais nada, então?"
Ele riu de novo. Ele era uma pessoa divertida. Amy era muito tímida, mas apreciava senso de humor.
"Por enquanto."
Ela fechou os olhos, ia só tirar um cochilo.
Quando abriu os olhos, ele estava tocando-a no rosto com as pontas dos dedos. Ela olhou em volta e estavam parados em frente a um motel.
"Quantas horas são?" Ela estava com fome, devia já ter passado da hora do almoço.
"Quase quatro. Vamos comer?" Ele disse sorrindo e mostrando um enorme pacote.
Eles entraram no quarto que ele tinha alugado e se sentaram na cama. Comeram em silêncio. Ela ficou satisfeita com um sanduíche e suco. Harley comeu muito em pouco tempo.
Depois de terminada a refeição, Amy se levantou e achou melhor tomar um banho, estava toda amarrotada de dormir no carro.
Quando saiu do chuveiro, Harley não estava no quarto, devia ter saído para lhe dar privacidade para se vestir. Ele era um cavalheiro. Ela vestiu jeans e camiseta, suas roupas eram simples, ela não era mesmo fã de compras.
Pouco depois ele entrou e a olhou dos pés a cabeça, com cobiça nos olhos. Amy sorriu sem jeito, esforçando-se para não ficar vermelha. A tensão sexual estava lá, mas ela não tinha coragem de fazer algo a respeito.
Ele entrou no banheiro e pouco depois, ela ouviu o barulho do chuveiro. Pensar nele nu debaixo da água abalou os sentidos dela. Todos aqueles músculos molhados! Deus, era muito, ela ficou com calor. Mas devia retribuir o favor e sair para ele se vestir. Então foi para o estacionamento, tomar um pouco de ar.
Esperou um tempo e voltou ao quarto. Harley estava só com uma toalha envolta na cintura de costas olhando pela janela. Quando ele se virou seus olhos estavam fervendo de desejo, tanto que Amy deu um passo para trás. E outro até que a cama barrou seus passos. E perceber que havia uma cama atrás dela, pronta para ser usada, a excitou.
Ele inspirou o ar com força, levando a cabeça para trás e fechando os olhos. Amy ficou parada, a expectativa fazendo o coração dela bater descontroladamente. Pensou em dizer alguma coisa para quebrar a tensão:
"Você tem certeza de que quer dirigir até Nova York? Talvez possamos ir de avião. O que você acha?" Eram palavras idiotas, ditas por uma idiota que estava morrendo de medo do tesão que estava sentindo.
Ele deu  passo na direção dela e disse:
"Acho que está na hora de provar desse aroma que você está exalando, me deixando louco. Se o gosto for minimamente tão bom quanto o cheiro, eu faço o que você quiser, atravesso essa porra de país de moto, carro, ou até num caralho de um avião quantas malditas vezes você pedir."

HarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora